aqui no aqui tem coisa encontram-se
coisas, coisas, coisas...
...desde janeiro de 2003


Dia dos Pais na Hípica Paulista

Vinte e um anos atrás, a comemoração do dia dos pais com Antonio e Arthur!

é isso, por fernando stickel [ 12:23 ]

Na Piazza Navona, Roma, fevereiro de 1974. Meus pais Erico, de óculos (1920-1984) e Martha com seus amigos Enzo Crea (1927—2007) e seus filhos e o arquiteto Salvador Candia (1924-1991), inclinado, em primeiro plano.

Enzo era o editor e proprietário da Edizioni dell’Elefante, uma pequena casa editorial especializada em livros de arte e pequenas edições especiais.


Salvador Candia e Erico Stickel na obra da casa do Salvador na R. Inglaterra

é isso, por fernando stickel [ 18:08 ]

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 13

Em 2012, a Fundação Stickel encerrou parcerias com a Casa de Cultura da Brasilândia, sob gerência da Subprefeitura Freguesia-Brasilândia e a Paróquia São José Operário, ambas na Região Episcopal Brasilândia.
Os encerramentos, que ocorreram sem a vontade da Fundação, geraram a necessidade de uma reflexão, uma vez que todos os projetos desenvolvidos, em ambos os locais, foram de boa qualidade e atenderam à comunidade local. Assim, torna-se inevitável perguntar por que essas parcerias não deram certo. Quais as razões deste aparente fracasso? Onde erramos?


Mutirão do “Dia de Fazer a Diferença” na Casa de Cultura da Brasilãndia 21/11/2010


Última exposição na Casa de Cultura da Brasilãndia, fotografias dos alunos de Arnaldo Pappalardo e Lucas Cruz 7/7/2012


Último curso realizado na na Casa de Cultura da Brasilãndia: “Aproximações com a Arte”com Adriana Ezabella 25/2/2012

Após revisar documentos e eventos, concluímos que:

1. Falta de Documentação Formal: Não estabelecemos um documento claro de parceria envolvendo autoridades da Subprefeitura e da Igreja Católica. Isso resultou em falta de responsáveis formais para resolver questões emergentes.
2. Diálogo Insuficiente com Lideranças Locais: Não conseguimos envolver lideranças comunitárias que pudessem integrar os projetos aos interesses locais. A ausência dessas lideranças levou à rejeição da presença da Fundação.
3. Parceria Informal na Casa de Cultura: A parceria informal e sem contrato formal foi aceita sem envolvimento de uma liderança legítima ou profissional qualificado. Isso gerou crises e resistência dos funcionários locais, forçando o encerramento das atividades da Fundação.

A principal falha foi a ausência de interlocução com lideranças representativas da comunidade e instituições parceiras, minando a legitimidade do trabalho da Fundação. Este fracasso, no entanto, foi uma oportunidade para revisar práticas de articulação comunitária e valorizar instrumentos formais de parceria.

Este aparente fracasso foi, na verdade, uma excelente oportunidade para a Fundação rever suas práticas de articulação com as comunidades onde atua, bem como de valorizar a importância de instrumentos formais de parcerias que deixam claro as responsabilidades de cada parceiro e as instâncias de solução de eventuais conflitos, o que consideramos natural em um projeto que busca inovar e criar condições para o desenvolvimento sustentável de nossas iniciativas comunitárias.

Como resultado desse aprendizado, estabelecemos uma nova parceria no final de 2012 com a Fábrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha, um equipamento do Governo do Estado de São Paulo. Com alinhamento entre as missões das instituições e um contrato legal assinado, essa parceria tem potencial para ser sólida e duradoura. (Este texto, com redação um pouco diferente, foi publicado no site do IDIS em janeiro 2013)


Fachada da Paróquia São José Operário 11/8/2011


Grupo de geração de renda “Brasilianas” na Paróquia São José Operário 18/4/2012


Reunião no salão paroquial da Paróquia São José Operário 22/12/2010

é isso, por fernando stickel [ 8:44 ]


Só as pessoas que viveram nos anos 50 ou 60 vão se lembrar deste brinquedo educativo chamado Poliopticon, produzido pela D.F. Vasconcellos.

é isso, por fernando stickel [ 9:00 ]

Faleceu o meu amigo Sergio Lima, artista plástico, escritor e cineasta, aos 84 anos de idade. Sua atuação se deu primordialmente no movimento surrealista, que comemora neste ano 100 anos. Sua atuação era pouco conhecida entre nós, mas muito valorizada na Europa.

A foto tirei em 2022 no seu estúdio na Vila Madalena, talvez premonitoriamente lá estava acima de sua cabeça um possível epitáfio, por ninguém menos que o grande teórico do surrealismo, André Breton:

“A maldição está lançada: Todo o poder de regeneração do mundo reside no amor humano”

Minha solidariedade à minha amiga Leila Ferraz, e suas filhas Camila e Renata. A cerimônia de despedida será amanhã 26 julho no Cemitério da Paz no Morumbi, Rua Dr. Luiz Migliano 644. Velório às 12hs e sepultamento às 17hs.

é isso, por fernando stickel [ 21:51 ]


Grupo de geração de renda Doces Talentos na Casa de Cultura da Brasilândia 15/7/2010


Nova Identidade Visual, designer Iris Di Ciommo 2008


Festa de Natal na Paróquia São José Operário, Jardim Damasceno 8/12/2008


O fotógrafo Arnaldo Pappalardo em seu primeiro curso de fotografia no Programa Mulheres de Talento 23/11/2009


Equipe reunida no escritório da Tr. Newton Feitoza 9/2/2010


Aula “Chicotadas” de Vera Martins no CEU-Paz 17/11/2010


Curso Aproximações com a Arte, Casa de Cultura da Brasilândia 25/2/2012


Equipe reunida no novo escritório da R. Nova Cidade 18/5/2012


Exposição de fotos dos alunos de Arnaldo Pappalardo e Lucas Cruz “Olhar a Brasilândia” na Fábrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha 14/9/2012


O designer Andre Cruz em consultoria no grupo de geração de renda Brasilianas, Paróquia São José Operário 22/12/2010

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 12

A Fundação Stickel, que ainda buscava sua identidade, sofreu turbulências de 2008 a 2012. Enfrentamos falta de experiência, troca de superintendentes e gerentes, parcerias sem os devidos cuidados legais, incursão em áreas fora do nosso escopo e mudança da sede.

Esse período rico em desafios proporcionou um enorme aprendizado institucional. O conhecimento obtido no MBA por Fernando Stickel e sua participação no 22º Congresso da European Foundation Center em Cascais, Portugal, em 2011, impulsionaram a Fundação a um novo patamar. Fernando Stickel assumiu a gestão no início de 2012.

Conquistas significativas deste período:

• Parceria com a Paróquia S. José Operário, Programa Ação Família – 2008
• Retomada de posse do imóvel na R. Henrique Martins – 2008
• Planejamento Estratégico pela equipe interna – 2008
• Nova Identidade Visual, designer Iris Di Ciommo – 2008
• Obtido o Registro de Utilidade Pública Estadual – 2009
• Primeiro “Projeto Contrapartida” com o fotógrafo Arnaldo Pappalardo; curso de fotografia no “Projeto Mulheres de Talento” – 2009
• Parcerias com a Casa de Cultura da Brasilândia, CEU Paz e UBS Terezinha – 2010
• Voto de Congratulações por relevantes trabalhos sociais da Subprefeitura Freguesia-Brasilândia – 2010
• Criação dos grupos de geração de renda Brasilianas e Doces Talentos, incubados com tecnologia da ITCP-FGV – 2010
• Realinhamento Estratégico, consultoria do IDIS – 2011
• Consultoria Kokeshi indica a adoção do lema ARTE TRANSFORMA – 2012
• Encerramento das parcerias Paróquia S. José Operário; Casa da Cultura da Brasilândia – 2012
• Parceria com a Fábrica de Cultura Vila Nova Cachoeirinha – 2012

O grande tema do congresso em Portugal foi a governança. A mensagem unânime dos palestrantes foi clara: instituições do Terceiro Setor precisam incorporar governança de ponta para evoluir. Após o congresso, Fernando Stickel iniciou a atualização dessa área na Fundação, deixando de acumular funções. Ele pediu demissão do Conselho Curador e foi contratado como CEO remunerado, cargo que exercia como voluntário até então. Foram redigidos um novo estatuto, novo regimento interno, criado o Conselho Fiscal e normatizado o Conselho Curador.

Os maiores benefícios deste período foram a adoção de governança atualizada e a incorporação do lema ARTE TRANSFORMA à prática diária da Fundação. Com a missão clara, unimos atuação social e arte, dedicando-nos a transformar pessoas através da arte.

é isso, por fernando stickel [ 22:56 ]


O artista plástico Cassio Michalany no portão de seu estúdio na R. Lourenço de Almeida, Vila Nova Conceição. Polaroid do início dos anos 80.

Abaixo o texto que escrevi sobre o artista, falecido no último dia 4 julho 2024, aos 75 anos, publicado na Revista Arte em São Paulo Nº 1, editada por Luis Paulo Baravelli em 1981.

C. M.
por Fernando Stickel

“Não me interessa a arte, me interessam os artistas.”
Marcel Duchamp

“A vida como toda obra de arte verdadeira é, apesar de tudo, sempre positiva.”
Barnett Newman

Bom dia!
O portão é verde.
O trinco é frouxo.
O homem é forte.
Trata-se do meu amigo Cassio Michalany. Toco a campainha. Às vezes ele encaixa bilhetes assim: “Volto daqui a 10 minutos” ou então “Estou no banho. Toque a campainha e espere um pouco”. Às vezes são as visitas que deixam recados, na maioria das vezes brancos, no portão verde capenga. Quando chove toco a campainha com extremo cuidado. Tenho medo de choque.
Cassio zela pela sua intimidade. De vez em quando ele tapa os buracos do portão com durepóxi e pinta de verde por cima. O portão é na rua. A casa é nos fundos.
O pátio cimentado tem tufos de capim e uma mancha de musgo no canto. Às vezes aparece um formigueiro. Cassio deixa as formigas em paz. Elas constroem esculturas no cimento. Às vezes a chuva leva tudo embora. Às vezes, quando necessário, vem um amigo que arranca os tufos de capim, deixando tudo limpo. Fica todo mundo suando e toma-se um banho no chuveiro pendurado na parede de reboco amarelado e solto.
Do pátio cimentado entra-se na cozinha através de um pequeno pórtico guarnecido de um prelo inútil e de um cano d’água que vaza.
Quando a porta da cozinha está aberta, Cassio está em casa. Na cozinha, um fogão senil, uma Consul fiel, uma bicicleta e muitos garrafões de água mineral, tudo em cima dos ladrilhos hidráulicos. O piso é policromado de branco, preto e cinza. A bicicleta é branca, mas tem pneus cinza.
Cassio toma muita água, sempre. “É hidroterapia”, diz ele. De manhã, à tarde e à noite, várias vezes por noite. Depois fica suando no travesseiro.
Sendo necessário ver trabalhos antigos, convites de exposição ou não esquecer de pagar a conta da luz, Cassio pendura tudo nas paredes da cozinha. É o local obrigatório, sede do processo hidráulico.
Quando é de manhã bem cedo Cassio acorda sozinho e combate a vigília inútil na horizontal. Depois abre a janela, liga a FM, toma água, dá um tempo.
“Alimente-se bem, meu filho.” Com essas palavras ecoando há vários anos no seu ouvido, Cassio, o nadador, toma um café da manhã extremamente saudável. Esse é um dos seus segredos. E a água. E a postura.
Bom, está tudo pronto. É a hora do atleta. Cassio fecha a casa, toma a bicicleta e vai nadar fora d’água. São várias voltas. Seu caminho passa invariavelmente em frente à minha casa. Às vezes ele para e conversamos. Às vezes na calçada, às vezes no sofá. Cassio toma água, meio a meio, “para não rachar o bloco…”. Às vezes tem um cafezinho.
Ele costuma dar de presente de aniversário para Tati, a minha filha, uma tela de 15 x 15 cm. Um ladrilho tecido e pintado a mão. Ela já tem quatro. Um de quando nasceu e mais três dos outros anos. Ela adora. Tio Cassio é meu compadre. Um dia Tati pediu: “Papai, vamos pendurar os quadros do tio Cassio?”. Ela determinou os locais e eu preguei. Tudo fora de nível.
Quando Cassio corre muito forte na bicicleta, ele solta uns berros danados. Diz que faz bem. Enquanto pedala, observa. Vai olhando as coisas, cheirando os cheiros. Observando.
Com a cabeça feita, guarda a bicicleta na cozinha, faz um cafezinho, lê o jornal, dá um tempo. Toma banho, faz a barba e põe uma roupa discreta. Às vezes é muito discreta
Aí é hora do almoço. Pega a Brasília verde, abre os portões verdes e sai devagar, para não forçar a embreagem. Cassio nunca corre, e os carros ficam mal-acostumados.
À tarde, com as baterias carregadas quase até a boca, Cassio volta para casa. Abrem-se os portões verdes da rua. Abre-se a porta da cozinha. Abrem-se pela primeira vez os portões também verdes do estúdio. Lá dentro está quente e silencioso. Enquanto o calor sai e os ruídos entram, Cassio põe uma roupa muito discreta, inteiramente policromada e rasgada em alguns pontos. É a roupa de trabalho.
Lentamente o momento vai se aproximando. As baterias estão explodindo. Acendem-se as luzes do estúdio.
É a hora do trabalho.
Cassio monta os cavaletes para trabalho horizontal. Os móveis e as coisas do estúdio olham tudo com extrema atenção. Lá fora, o céu adquire tons cinza-róseo ou azul-esverdeado, conforme o dia.
As telas virgens estão ávidas. Cassio prepara as tintas. Os potinhos de iogurte, sorvete e chantili vão se enchendo de cores. Ele vai mexendo, testando, adicionando, alterando, até chegar no ponto. É mais ou menos como fios de ovos das cores malucas e escuras. É o néctar.
Enquanto isso os pincéis descansam olhando para o teto, como se não fosse com eles. As trinchas, em compensação, ficam meio pensas, olhando de lado. Elas sabem que o assunto é com elas.
Cassio espalha o néctar sobre a tela com uma trincha larga. As cores tomam corpo. O momento é de tensão. As camadas se sucedem. O néctar pinga no chão de cimento ultrapolicromado por anos de processo pictórico. A coisa vai solta.
As telas permanecem na horizontal. Cassio manipula a obra com extremo cuidado. Com muito carinho, resiste à curiosidade de olhar o trabalho, na vertical, até que a tinta seque. Ela não vai escorrer, mas ele é cismado.
É a hora da realização.
Enquanto espera o momento da próxima camada, Cassio respira fundo, acende um cigarro, vai até a cozinha, tira uma bandeja de gelo da Consul, põe quase todas as pedras no isopor e algumas no copo preferido, uísque por cima. Liga o som, senta na cadeira azul de diretor e vai ouvindo jazz, jazz, jazz.
As baterias estão ótimas, o astral é total. Mais umas camadas. Mais testes, mais néctar. A coisa chega ao final. Do dia. O resultado é só na manhã seguinte, com a tinta bem seca.
Cansado, o artista troca de roupa, acende um cigarro e sai para jantar. As baterias descarregam-se suavemente.
A rotina das portas e portões se repete ainda uma vez. Cassio volta para casa e guarda a Brasília verde. Respira fundo, olha o céu escuro. Sente a satisfação formigando, do peito às extremidades. Mais um pouco e está deitado. Liga a FM, dá um tempo, apaga a luz.
Boa noite, C. M.

é isso, por fernando stickel [ 16:48 ]

Querido amigo Cassio Michalany, tua saída abrupta pela esquerda foi uma sacanagem conosco, teus amigos, você não nos deu tempo nem de dar um tchau…

Agora não há mais maneira de nós dizermos a você o quanto nos fará falta, o quanto o amamos e sentiremos por esta partida tão fora de hora e de lugar. Resta rezar para que tua passagem seja brilhante e suave.


Cassio em seu estúdio

Da hora em que você caiu sozinho no teu apartamento/estúdio, no sábado à noite 22/6/24, você poderia ter entendido que o buraco era mais embaixo, que o acidente foi suficientemente grave para que você abrisse espaço para pessoas queridas te ajudarem, mas não, continuou e insistiu na mania de se isolar, não quis ninguém com você.

Mesmo que você me chamasse, também não poderia ajudá-lo, estando também hospitalizado no Einstein.

Ao longo dos anos, sem razões concretas a não ser os teus conflitos internos, você conseguiu brigar com vários amigos, alguns deles sabendo que eu era próximo a você chegaram a comentar comigo da inexplicável rejeição.

E assim, vítima de isolamento, você teve uma parada cardio-respiratório à noite e sozinho no quarto comum do Hospital Oswaldo Cruz e entrou em coma. Por sorte, o universo se compadeceu e você faleceu três dias depois.


Cassio e Arthur, meu filho no estúdio de Pinheiros, 2003

Sandra e eu estivemos ontem no velório, para dar um abraço no Sylvio e Verinha, teus irmãos, no Miguel teu cunhado, na Lia, Daniel e Lucila teus sobrinhos. Augusto, Perrone, Claudio Furtado, Cibele estavam lá, Fabio Magalhães, Zé Resende, Fajardo, Rodrigo Naves, Wilma Eid, Andre Millan, Socorro e Yannick.


Eu e ele, 2003

A seguir texto do nosso amigo Claudio Furtado:

Cássio ainda não tinha bigode. Poucas palavras, poucas linhas. Sentado no fundo do cursinho Universitário olhava o Baravelli falar e captava, não suas palavras, mas o todo. Meio estranha a frase, meio abrupta se você não conheceu o Cássio Michalany. Ele me mostrou o que era talento silencioso, recolhido, que fala aos olhos sem precisar dizer palavra. Ficamos amigos, eu cheio de palavras ele de olhares.

Levei-o ao atelier do Augusto Lívio na rua da Consolação onde Frederico Nasser iniciava um curso de expressão artística. Levei também o Plínio, o Maurão, Levy, tudo porque tinha visto um desenho do Luiz Eduardo Casal de Rei. Um falou pro outro e formou-se um batalhão de discípulos do quadrado mágico formado por Baravelli, Fajardo, Nasser e Resende. Mais tarde formaram a Escola Brasil: e nossa história se esboçou.

Estudamos juntos para o vestibular, noites claras com gotas de cafeína. Plínio, Lua nos faziam companhia. Cássio reclamava, dormia e no vestibular colou praticamente tudo de mim. Entramos, mas Cássio continuou com sua obra sintética, simples e clara. Afinal pintura é tinta sobre tela, o que mais? Andando pela cidade, viu a torre do Sesc Pompéia gritou: “É tudo mentira!” Arte não precisava de discurso, de truques, é muito menos e muito mais que isso.

Enquanto sua vida se recolhia a poucos amigos, seu repertório de LPs foi trocado por CDs, o Old Eight por marcas mais nobres e sua arte se sintetizando. Sua tinta mais comum, suas telas mais lisas. Um silêncio gritante. Num de seus aniversários me expulsou de sua casa, não queria comemorações. Depois foi o Plínio e só restou o Fernando Stickel a insistir em seu contato.

Morava só, morreu só e deixou ao futuro o legado de sua existência. Mais que obras de arte, nos ensinou uma vida, dolorosa, solitária, sintética e abrangente como poucos. Penso nele e lembro do texto de Merleau-Ponty sobre Cézanne e sua personalidade retraída. Me mostrou a música Laura que se tornou minha filha, mostrou-me o caminho das letras, meu primeiro texto publicado foi sobre ele. Me mostrou pouco importa se estamos ou não juntos em seu aniversário. Todos estavam juntos em seu velório.

Agora chega. “Tudo que abrupta não faz sentido.”

Claudio Furtado 5/7/2024


Cassio Michalany 16/3/1949 – 4/7/2024

é isso, por fernando stickel [ 20:33 ]


Festa de Natal no projeto Mulheres de Talento 20/12/2007

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 11

Ao final de 2007 a Fundação Stickel operava seu projeto social, “Mulheres de Talento”, na Freguesia do Ó e prosseguia na pesquisa sobre a Escola Brasil:, realizando exposições de arte, publicações e apoio a artistas, através de novas parcerias, como o Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti-MACC e a associação Carpe Diem.


Exposição Rouxinol 51 no Museu de Arte Contemporânea de Campinas-MACC 3/4/2007

Na área social novas parcerias como o “Dia de Fazer a Diferença”, com a Fundação Alphaville e o “Programa Ação Família”, com a Prefeitura do Município de São Paulo, na Paróquia São José Operário no Jardim Damasceno, Zona Norte de São Paulo.


Inauguração do Programa Ação Família na Paróquia São José Operário 8/12/2008


Festa de Natal na Paróquia São José Operário 15/12/2009


Dia de Fazer a Diferença 30/8/2009

Avanços estruturais aconteceram, com a realização do primeiro Planejamento Estratégico e a criação de uma nova Identidade Visual.

O arranque inicial de renascimento da Fundação exigiu de mim e da Sandra enorme mobilização de esforços, pois navegávamos as desconhecidas águas do Terceiro Setor, e eu senti agudamente a necessidade de me qualificar melhor para este novo mundo. Pesquisei e descobri o MBA em Gesta?o e Empreendedorismo Social na FIA-CEATS, sob coordenação das Profas. Dras. Rosa Maria Fischer e Graziella Comini, no qual me inscrevi e iniciei as aulas na 5ª Turma, em março 2008.


Apresentação do TCC na FIA-CEATS 5/12/2009

Frequentar o MBA, conhecer meus colegas, todos envolvidos em empreendimentos do Terceiro Setor, os professores, palestrantes, as visitas a diversos projetos, tudo isso foi de fundamental importância no meu amadurecimento nesta nova área. Chegado o momento do TCC, meu trabalho foi “As Fundações Familiares no Brasil, a Motivação dos Instituidores no Momento da Instituição, sua Evolução” onde analisei 8 fundações familiares, e para tanto entrevistei instituidores e dirigentes destas fundações, conquistando neste processo um rico network.

A entrevista com a presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Regina Vidigal Guarita, foi particularmente importante, pois além de me atender com muita generosidade, ela me colocou em contato com o superintendente da fundação, Marcos Kisil, que me ampliou ainda mais o conhecimento do Terceiro Setor, me apresentando o IDIS-Instituto para o Desenvolvimento do Investimento, que acabou por assumir papel importante no desenvolvimento da Fundação Stickel, inclusive por promover o curso “CAF-Foundation School”, que eu realizei em 2011 na Itália e a Sandra em 2013 na Inglaterra.


Recebendo o diploma da CAF Foundation School de Bea Devlin 13/5/2011

é isso, por fernando stickel [ 10:44 ]

Sábado à noite, 1 junho 2024, dei entrada na emergência do hospital Albert Einstein, para cirurgia de descompressão da coluna lombar. Tudo começou com uma dor forte na perna esquerda cerca de uma semana atrás prenunciando uma crise das boas.

No sábado à tarde fomos ao casamento da Bruna e do Fernandinho no interior, em Sarapuí, ao sair do carro no estacionamento do bufê, percebi que estava bem difícil de caminhar no piso inclinado , com pouca força na perna esquerda, tropecei na escada…

Doutora Alexandra recebeu rapidamente um filme que a Sandra fez de mim caminhando e recomendou que eu fosse correndo me internar no hospital, pois a compressão do nervo poderia gerar perda de força permanente na perna e no pé. Voltamos do casamento, rápida parada em casa para trocar de roupa e chegando no hospital fui logo fazer a ressonância, e aí vimos que que o caso é grave.

Na manhã seguinte recebi a visita do neurocirurgião Dr. Felipe Féres que me explicou todo o procedimento me deixando tranquilo, vários exames foram solicitados e a vida hospitalar suavizada por um plano de saúde top, excelente atendimento e um bom quarto com uma janela gigantesca e uma vista linda, deu até para ver o início do jogo São Paulo x Cruzeiro pelo canto da janela…

Hoje é segunda-feira e amanhã será a cirurgia. Estou tranquilo e confiante.

Cirurgia realizada na terça-feira 4/6 com a equipe do Dr. Hallim Féres, a situação estava bem pior do que os médicos imaginaram, prevista para durar 2h00 a cirurgia acabou durando 5h00 por conta de uma fístula liquórica na medula e eu terei que ficar vários dias em repouso sem sair da cama, até o banho tem que ser na cama.

Dias e noites dor cama função noite dia tudo misturado olhando o teto olhando a TV desligada olhando de relance a janela com um dia lindo aparecendo canos embaralhados e o barulho interminável da bomba de pressão das meias de compressão e assim passam as horas e os dias. Uma ou outra visita me alegra e me distrai. Momentos de pânico e depressão, s erá que vou andar novamente? Será que vou voltar a minha vida normal? Andar Dormir Comer. Desconhecimento do que aconteceu nesse processo todo, não sabemos nada tecnicamente e isso não ajuda. Melhor sair da cama pra ir ao banheiro, andar um pouco no quarto, vislumbrar a volta ao normal, vi vários jogos de Roland Garros.

Domingo de manhã, uma noite sem remédio para dor, acordei às 4h30 da manhã, fiz xixi e daí pra frente tentei acompanhar meu espírito em suas viagens extra-corpóreas. Funcionou mais ou menos até às 8h00 da manhã, sono leve cheio de aventuras.

Alta marcada para segunda-feira, amanhã à tarde. Andei 60 m no corredor é o começo da volta a normalidade.

A saúde é o nosso maior bem, nossa maior conquista, sem ela não há nada, não há sonhos e nem realizações, mal há pensamentos organizados. Às vezes é preciso tomar uma lição no nosso próprio corpo para perceber esta verdade inexorável.

Finalmente a alta, segunda-feira 10 junho 2024, 15h00.

Após a alta, já em casa, me dirijo à fisioterapia com o Pedro, na clínica da Av. Brasil, terça e quarta-feira, mas aí ressurge a dor na nuca, indicando vazamento do líquor na cicatriz da fístula, o resultado é a recomendação de permanecer o maior tempo possível na horizontal, deitado o dia inteiro, e assim foi quinta-sexta-sábado-domingo-segunda

Neste meio tempo estive no Einstein e o Dr. Felipe adicionou três pontos à cicatriz nas costas, para fechá-la definitivamente e impedir infecção.

A cicatriz do conserto da fístula na medula precisa cicatrizar e portanto parar o vazamento. Para diminuir a pressão, o recurso é ficar na horizontal. A indicação de que o vazamento parou será o curativo das costas limpo, o que ainda não aconteceu

Sinto que envelheci 15 anos em 10 dias.

Deitado olhando o teto, deitado olhando o celular, deitado olhando o canto do céu e os aviões passando, deitado esperando as horas passarem, enquanto isso meus músculos somem lentamente…

Domingo 16 de junho 2024, um pouco mais confiante na evolução. Sandra prepara almoço maravilhoso, spaghetti a bolonhesa, salada de rúcula, tomatinhos e mussarela, com uma taça de Pinot Noir. A dor/pressão na nuca parece que diminui.

é isso, por fernando stickel [ 8:26 ]

Dia dos Namorados e o Mapa do Caminho

Uma mulher caminhava pela praia quando encontrou uma garrafa. Então pensou: “Vou esfregar, quem sabe não aparece um gênio”. Esfregou, esfregou, até que apareceu o Gênio. Ela surpresa perguntou a ele se teria direito aos três desejos. O Gênio disse:
– Não. Sinto muito, o Gênio dos três desejos só existe nos contos. Eu sou o Gênio de um só desejo. Às suas ordens!
Ela não pensou duas vezes e solicitou seu único desejo:
– Quero paz no Oriente Médio. Veja esse mapa, quero que esses países parem de guerrear uns com os outros e também que todos os árabes amem todos os judeus, e que todos os judeus amem os árabes, isso vai trazer paz e harmonia no mundo. É esse o meu desejo…
O Gênio olhou para o mapa e disse:
– Fofíssima, seja realista. Esses países guerreiam há milhões de anos. E para falar a verdade estou um pouco fora de forma, faz quinhentos anos que não saio desta garrafa … sou bom, mas não o suficiente para esse desejo. Faça outro desejo e por favor seja um pouco mais realista.
Ela pensou um pouco e disse:
– Bom, eu nunca encontrei o homem certo para mim. Você sabe, um desses que tenha senso de humor, goste de se divertir, cozinhar, ajudar a limpar a casa, bom de cama, fiel, ame minha família e não seja vidrado em futebol. É isso, minha alma gêmea…
O gênio deu um suspiro, balançou a cabeça e disse resignado:
– Deixa eu ver a porra desse mapa novamente!

é isso, por fernando stickel [ 8:42 ]

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 10


Exposição de fotos de Juan Esteves “Presença” no Espaço Fundação Stickel 7/11/2006

Eu conhecia muito bem o mundo das artes e da cultura, onde a “nova” Fundação Stickel começava a atuar, entre 2005 e 2006 criamos o Espaço Fundação Stickel e lá realizamos 11 mostras e lançamos 7 livros, com muito sucesso, mas faltava algo, eu sabia que precisávamos avançar na área social.

Sem experiência na área, me sentia ao mesmo tempo curioso e inseguro sobre como iríamos incluir esta atuação social no novo modelo da Fundação e para me informar comecei a frequentar congressos e encontros do Terceiro Setor, que pudessem lançar luz sobre estas questões.


Primeira reunião do Conselho Curador, 31/10/2006

Simultaneamente prosseguia a busca pelas certificações, como o registro de Utilidade Pública Federal e a inscrição no conselho Municipal Assistência Social – COMAS. Este último nos informou que a inscrição só seria possível se tivéssemos um projeto social próprio, Agnes e Lobato me indicaram a consultora Marilena Flores Martins, com a qual me reuni e a conversa foi mais ou menos assim:
-Marilena, precisamos de um projeto social.
-Em qual área?
-Não sei, não entendo nada disso…
-Vou pensar e fazer uma proposta.

Logo recebi dela a proposta “Mulheres de Talento”, cujo foco era o atendimento social e profissionalizante de jovens mães solteiras da Vila Brasilândia, bairro da Zona Norte de São Paulo, que naquela época, 2006/2007 era o bairro de pior Índice de Desenvolvimento Humano – IDH da cidade.

Decidimos que o mergulho na área mais carente e problemática da cidade seria uma maneira inequívoca de abraçar a causa social e decidimos prosseguir com o projeto, alugamos um imóvel e a Sandra mais uma vez se dedicou voluntariamente ao projeto e à obra de reforma de um sobrado na R. Candida Franco de Barros.


Sandra Pierzchalski tocando a obra de reforma do sobrado em 26/4/2007


O “Atelier Bichinho”, mini creche para atendimento das crianças


Sandra supervisiona a construção da horta


Atendimento das jovens mães solteiras

Uma equipe foi contratada, incluindo uma assistente social, e em agosto 2007 foi inaugurado o projeto “Mulheres de Talento”, lá as moças recebiam atendimento social e profissionalizante gratuito, incluindo oficinas de arte, enquanto seus filhos eram atendidos em uma mini-creche no andar de baixo, com jardim e horta. Logo e seguida obtivemos a inscrição no COMAS e a Utilidade Pública Federal.

Com o surgimento do projeto social próprio, as ajudas monetárias pontuais a outras instituições foram sendo progressivamente desativadas.

é isso, por fernando stickel [ 18:12 ]

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 9


Sandra na obra da R. Ribeirão Claro, 5/8/2005

No início de 2005 meu estúdio na R. Ribeirão Claro – Vila Olímpia, estava vazio e à venda, mas necessitava ainda de processo burocrático de regularização no Registro de Imóveis, foi aí que Sandra teve uma ideia brilhante:
– Enquanto aguardamos a regularização, vamos fazer uma galeria de arte lá, proveitamos apenas o galpão principal e blindamos o restante.
Concordei e cedi gratuitamente o imóvel à Fundação, Sandra iniciou o projeto arquitetônico da reforma.


A nova iluminação do Espaço Fundação Stickel

Em agosto começamos a obra de reforma do imóvel na R. Ribeirão Claro, e logo precisei decidir sobre a iluminação da nova galeria. Lembrei do estúdio do Baravelli nos anos 70, que misturava lâmpadas quentes e frias, obtendo uma excelente qualidade de luz, liguei para ele e fui visitá-lo na Granja Viana. Ele me recebeu com a simpatia costumeira, conversamos sobre as lâmpadas e ele perguntou:
– Pode fazer exposição lá?
– Sim, por que?
– Tenho uma exposição pronta…
Do dia desta conversa até a inauguração do Espaço Fundação Stickel com a exposição “Série Arte e Ilusão” de Luis Paulo Baravelli em 15 de outubro, decorreram exatos 15 dias!


Vernissage da exposição de Baravelli, inaugurando o Espaço Fundação Stickel em 15/10/2005


Exposição Himalayas, abertura em 13/9/2005

Em setembro havíamos realizado a exposição “Himalayas” com fotos de Franklin Nolla e aquarelas de Nando Rocco no Empório Siriuba, espaço da minha irmã Sylvia.

Simultaneamente iniciamos, na área de projetos, uma pesquisa sobre a Escola Brasil:, instituição de ensino de arte pioneira e informal dos anos 70, criada por Baravelli, Fajardo, Nasser e Resende, ex-alunos de Wesley Duke Lee, que deixou um legado fantástico. Uma equipe de pesquisa foi montada sob a coordenação da Prof. Dra. Claudia Valladão de Mattos, e os pesquisadores Maria do Carmo Couto e Andre Tavares.

Editamos pela Fundação em novembro 2005, o livro “COMO ANDA A COR – Trabalhos de Cassio Michalany” lançado na Galeria Raquel Arnaud, simultaneamente à exposição do artista.


No estúdio do Wesley, Claudia (no detalhe), Andre, Maria do Carmo, eu e Wesley, em 2/12/2005

Em dezembro visitamos o estúdio de Wesley Duke Lee com a equipe de pesquisa do projeto Escola Brasil:, gravamos uma entrevista em vídeo e eu tirei muitas fotos, de repente Wesley me disse assim:
– Li muito durante a minha vida, me considero erudito, mas estou tendo dificuldade de acessar as informações…
Era o prenuncio da demência que levou o artista à morte em 2010.

é isso, por fernando stickel [ 18:00 ]


Vista do Lote 3 – Chácara Tico-Tico, em breve disponível para venda!

Dia muito especial!

Frutificou o processo que se iniciou em outubro 2021, com o engenheiro Celso T. de Carvalho e o corretor Alberto Ribeiro me assessorando para viabilizar comercialmente uma gleba rural que comprei em 1975, vizinha do Condomínio Alpes de São Gotardo.

Acabamos de obter as novas matrículas no Registro de Imóveis de Tremembé, SP, com o desmembramento do Sítio Boa Vista, em sete lindos lotes rurais – ITR, com área de cerca 20.000 m2 cada, em plena área de mata atlântica na Serra da Cantareira, a 1.500m. de altitude, com acesso quase todo pavimentado, rede elétrica e internet em frente a todos os lotes, e nascentes d’água à vontade.

Cerca de 15km, ou meia hora de carro do centro de Santo Antônio do Pinhal.
Cerca de 33km, ou uma hora de carro do centro de Campos do Jordão.
Cerca de 85km ou duas horas de carro de São José dos Campos.
Cerca de 160km, ou três horas de carro de Ubatuba.
Cerca de 190km, ou três horas e dez de São Paulo.


Planta do desmembramento

Lote 1. Matrícula. 13.896 Chácara João de Barro 20.200 m2
Lote 2. Matrícula. 13.897 Chácara Pica Pau 20.360 m2
Lote 3. Matrícula. 13.898 Chácara Tico-Tico 20.100 m2
Lote 4. Matrícula. 13.899 Chácara Sabiá 20.080 m2
Lote 5. Matrícula. 13.900 Chácara Saracura 20.200 m2
Lote 6. Matrícula. 13.901 Chácara Rolinha 25.430 m2
Lote 7. Matrícula. 13.902 Chácara Tuim 24.526 m2


Todas as Chácaras demarcadas

Santo Antônio do Pinhal é uma das 12 estâncias climáticas do Estado de São Paulo, tem grande parte de suas matas com vegetação nativa, cortada por riachos e cachoeiras e trilhas de diversos níveis, a região é perfeita para a prática de trekking, mountain-bike, rapel, arvorismo e vôo livre, o Pico Agudo fica a 8km do centro da cidade.


Quase a totalidade dos acessos pavimentados


A 15 km do centro de Santo Antonio do Pinhal, acessos, energia elétrica e água à vontade!

é isso, por fernando stickel [ 7:25 ]

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 8

No primeiro semestre de 2004, após a aprovação da família Stickel para o meu projeto de reativação da Fundação Stickel, com foco em arte e cultura, várias coisas se sucederam.


Escritório da Fundação na Trav. Newton Feitoza

A Fundação ainda totalmente inativa, dividia o espaço de uma casinha de vila na Travessa Newton Feitoza com o escritório do meu pai. Então foi necessário separar a pessoa jurídica (Fundação) da pessoa física (Erico, meu pai recém falecido). Arquivos, móveis, obras de arte e objetos foram assim apartados. O único funcionário da Fundação começou a trabalhar nos trâmites burocráticos da reativação, e logo criamos o domínio e o site da Fundação na internet.

Imbuído do firme propósito de transformar a Fundação Stickel, em uma instituição exemplar do Terceiro Setor, contratei a seguir os gestores Agnes Ezabella e João Lobato para me ajudar a ressuscitar a Fundação em seus aspectos legais, cuidando das exigências burocráticas que eram e continuam gigantescas, obter certificados a nível municipal, estadual e federal, credenciamentos diversos, normas contábeis, relatório SICAP, etc…


Família Stickel no escritório da Fundação

Eu agia nesta fase pioneira com vários chapéus, de Presidente do Conselho de Curadores, CEO, Contador, Administrador Geral, Coordenador de Projetos, etc… e me dividia entre o escritório da Fundação na Travessa Newton Feitoza, e o meu estúdio de artista plástico na R. Nova Cidade – Vila Olímpia, que começou a receber algumas reuniões de trabalho da Fundação.


A casa da Fundação na R. Brigadeiro Jordão

Em junho 2005 recebi um telefonema de Campos do Jordão dando conta que a casa da Fundação na R. Brigadeiro Jordão tinha sido invadida.
Viajei imediatamente e encontrei um cenário desolador, o imóvel depredado, portas e janelas quebrados, muito lixo espalhado, até uma fogueira tinha sido acesa dentro da casa… A Prefeitura de Campos do Jordão, comodatária, simplesmente abandonou o imóvel que havia recebido em comodato gratuito de 20 anos, sem uma única notificação. Tomei as providências necessárias para a segurança do imóvel e na sequência processamos a Prefeitura por perdas e danos. O processo correu, longo como sempre, a Fundação o venceu e muitos anos depois recebemos uma indenização pífia. Como a nova missão da Fundação não tinham mais conexão com a cidade, vendemos o imóvel, encerrando a fase pioneira em Campos do Jordão.


Utilizando o jornal do dia para marcar a data, 19 junho 2005

é isso, por fernando stickel [ 13:36 ]

Em 1988 o designer Anisio Campos e eu promovemos no meu estúdio na R. Ribeirão Claro, Vila Olímpia, a 1ª Oficina de Design de Automóvel. Vivíamos um Brasil fechado às importações, os carros importados eram raridades e os projetos de transformação e adaptação em carros nacionais um mercado em expansão.

Neste cenário, Anisio e eu, amigos de longa data, estruturamos o curso, batalhamos patrocínios e selecionando 14 rapazes, que aprenderam em seis semanas, desde a história do design automobilístico até fazer uma maquete (mock-up) dos projetos de final de curso. Passamos pelas técnicas construtivas, dimensionamento, ergonomia, motores, aerodinâmica, desenho de observação, arte, etc… Obtivemos apoio da Pirelli e FIESP.

O resultado foi excelente e refizemos o curso em Brasília em 1990 e em Fortaleza no Ceará em 1992.

André Cintra, um dos alunos, realizou o projeto do seu CINTRA 959 (Fusca-Porsche), leia abaixo o Artigo de Alessandro Reis sobre sua conquista:

Na segunda metade da década de 1980, a Ferrari F40 e o Porsche 959 eram presença constante em pôsteres nos quartos de crianças e adolescentes apaixonados por carros.

Dentre eles estava André Cintra, um estudante paulista de 15 anos, que em 1988 teve a ideia de colocar o visual arrojado do Porsche em um Fusca. Quatro anos depois, nascia o Fusca “CINTRA 959”, que foi manchete de revistas especializadas da época. Os três exemplares, todos produzidos artesanalmente no início dos anos 1990, estavam sumidos nos últimos anos e foram resgatados no ano passado. Hoje pertencem a um colecionador anônimo de Santa Catarina e são bastante valiosos.

Quem conta a história é o caçador de carros antigos Rodrigo Ziliani, o Bilinha, que resgatou os Fuscas no ano passado e os repassou a esse colecionador. Cada carro, conta ele, foi achado em local diferente de São Paulo. Todos em estado de abandono.
Morador de Tupi Paulista (SP), Bilinha reformou o primeiro CINTRA 959 fabricado e diz já ter recebido por ele oferta de R$ 300 mil – que faria do exemplar pioneiro um dos Fuscas mais caros do Brasil.

Segundo Bilinha, o CINTRA 959 Cintra número 1 estava “semidestruído” na Penha, bairro da Zona Leste da capital paulista, quando o comprou por R$ 100 mil.
“Os outros dois carros estavam em condições ainda piores e também serão restaurados”, relata.

Além disso, Rodrigo irá construir outros três CINTRA 959 em parceria com seu criador. Hoje com 48 anos, André Cintra revela que tem até hoje os moldes originais para produzir as peças de fibra de vidro.
Arquiteto, Cintra só voltou a se conectar com suas “crias” em 2020, quando soube do resgate dos veículos.
“Por volta de 2006 ou 2007, vendi os carros que tinham ficado com minha família: o primeiro, que era meu; e o terceiro que era do meu pai. A partir de então, perdemos a pista deles. Até que, no ano passado, soube que o exemplar número dois tinha sido resgatado de um ferro-velho na região de Tupi.”
Daí veio a a amizade com Ziliani e a ideia de dobrar a produção original do CINTRA 959. Os três novos veículos serão para uso pessoal, pontua.
“A descoberta dos carros originais me instigou a fazer de novo. A intenção não é montar uma fábrica nem colocar os carros para vender. Porém, quem sabe?”
André conta que o primeiro carro da nova safra acabou de ser concluído e é de corrida, pois só pode ser usado em circuitos fechados.
“Já levamos para acelerar no Autódromo de Interlagos”, diz o arquiteto.
A fabricação dos carros número cinco e seis já começou em um galpão de Tupi Paulista com as participações de Bilinha e Plínio Cintra – primo de André que cedeu o chassi para a produção do Fusca Cintra número 4, o de competição – equipado com motor AP 1.6 injetado de 130 cv.
Agora, a intenção é relembrar e retomar o projeto da juventude.
“O Bilinha reacendeu a chama. Já apareceram muitos interessados em adquirir os moldes, mas decidi que, se for para fazer mais carros, tenho de participar”.

André Cintra relata que os primeiros esboços do Fusca 959 nasceram em 1988, durante o curso 1ª Oficina de Design de Automóveis. Os professores foram os designers Fernando Stickel e Anisio Campos – desenhista de clássicos nacionais como Puma GT e Kadron Tropi, considerado o primeiro buggy brasileiro.
Em meados daquele ano, os alunos foram desafiados por Campos a criar algo baseado no Volkswagen Fusca.
“Já em casa, sentei na minha prancheta. Meio sem ideias, parei e comecei a olhar um pôster do Porsche 959 que eu havia pendurado no quarto. Comecei, então, a tentar misturar os dois carros e fiquei rabiscando durante horas”, relembra Cintra.
Segundo ele, dos “três ou quatro” projetos que levou para o dia da apresentação, o que mais interessou seu mestre foi o do 959.
“O Anísio na época adorou a ideia pela praticidade da transformação e por se tratar de um Porsche, cujo fundador Ferdinand criou o Fusca”.
No ano seguinte, André Cintra aprendeu ainda mais com seu mentor, do qual se tornou amigo, ao participar de uma espécie de estágio. Em 1991, finalmente começou a tirar do papel o projeto do Fusca Porsche.
A construção do CINTRA 959 ficaria concluída um ano depois, com direito a festa de inauguração no mesmo local onde participara do curso com Anisio Campos, que morreu em 2019, aos 86 anos.


Folheto de divulgação do curso, criado pelo Anisio e por mim.

Cintra recorda que projeto exigiu criatividade; “Um exemplo disso eram os faróis dianteiros; pensamos em utilizar os originais, mas quando conseguimos verificar a numeração da peça e o valor percebemos que teríamos mesmo de fazer alguns milagres usando a criatividade. Cada farol do 959 na época custava praticamente o que havíamos pago pelo Fusca utilizado como base do projeto”.

No dia 13 Junho 2021 o Cintra reapareceu em Interlagos!

é isso, por fernando stickel [ 10:31 ]

Lá nos anos 80, artista plástico ambicioso, eu queria muito ir morar em New York, uma das soluções seria uma bolsa de estudos em arte, tentei a CAPES – FULBRIGHT para me aperfeiçoar em Artes nos E.U.A, fiquei em segundo lugar, não consegui. Mesmo assim fui morar em New York, lá apliquei para um período na Alemanha, também não funcionou, assim como a bolsa da Guggenheim Foundation.

Todo o processo de aplicação para aa bolsas era bem complexo, era necessário juntar um monte de documentos, cartas de recomendação, etc… Na verdade este processo era por si só bem educativo, te obrigava a organizar currículo, documentos, etc…,

No caso da School of Visual Arts, reuni cartas de recomendação do Salvador Candia, Wesley Duke Lee, Carlos Alberto Fajardo, Frederico Jayme Nasser, Antonio Jacinto Matias e Luis Paulo Baravelli.

é isso, por fernando stickel [ 17:51 ]


Stickel Heim

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 7

A atividade filantrópica da família Stickel não ficou restrita apenas à Fundação Stickel.

Em 1974 meus pais Martha e Erico doaram à Sociedade Beneficente Alemã – SBA, na comemoração do Sesquicentenário da Imigração Alemã 1824-1974, um pavilhão para uso de idosos denominado “Stickel Heim”, com 12 quartos, sala de estar, copa e terraço. O projeto arquitetônico foi do arquiteto Salvador Candia, em cujo escritório eu trabalhava na época, e a construção ficou a cargo da Wysling Gomes.


Placa comemorativa afixada ao prédio


No dia da inauguração, eu, meu pai Erico, Iris Di Ciommo, minha mãe Martha e o arquiteto Salvador Candia

As Aldeias Infantis SOS Rio Bonito, inaugurada em 1980, foi uma iniciativa de quatro casais de amigos, Peter e Scholy Mangels, Karin e Eckard Essle, Marta e Hans Von Heydebreck e meus pais, que doaram o terreno sobre o qual se ergueu a Aldeia, meu irmão Roberto executou o projeto arquitetônico.


Os fundadores das Aldeias SOS Brasil, meus pais são os últimos à direita

Em 1995 eu iniciei ajuda à Creche O Semeador, como descrito no capítulo 6.

A primeira oportunidade de fazer algo na área das artes surgiu em em 1998, quando alguém me procurou para ajudar na finalização do catálogo da exposição “Private Light / Public Light” do artista Mischa Kuball, representante da Alemanha na 24ª Bienal de São Paulo, o que fiz já com recursos da Fundação.

Em 2002, meu pai, com a solidariedade de minha mãe, doou ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo – IEB os cerca de quatro mil volumes de sua “Pequena Biblioteca Particular”. Esta biblioteca foi a base do estudo e pesquisa que meu pai realizou durante 30 anos, com a intenção de escrever um dicionário bibliográfico da iconografia brasileira, trabalho coroado com o lançamento de seu livro “Uma Pequena Biblioteca Particular – Subsídios para o Estudo da Iconografia no Brasil” no dia 29 março 2004, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Foi talvez o dia mais feliz da vida do meu pai.

Em 2004, no início da revitalização da Fundação, estabelecemos algumas ajudas pontuais a outras instituições, e, assim a ajuda à Creche O Semeador saiu do meu cuidado pessoal e foi transferida para a responsabilidade da Fundação, iniciamos uma ajuda à Associação Minha Rua Minha Casa, da qual fui conselheiro, e também voltamos a ajudar a Sociedade Beneficente Alemã – SBA.

é isso, por fernando stickel [ 15:23 ]