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...desde janeiro de 2003

arte

o tarado de itanhaém


Na parede de tijolinhos o Restaurante La Tartine

Amor aos Pedaços ou O Tarado de Itanhaém

(Porquê ressuscitei este texto de 22 anos atrás: Conheci recentemente Itanhaém, e fiquei impressionado com a pobreza e a carência da cidade…)

Sandra e eu fomos ao teatro assistir a comédia “Vestir o pai”, de Mário Viana, com Karin Rodrigues, dirigida por Paulo Autran. Hilária, excelente!
Após o teatro fomos jantar no bistrô La Tartine, vizinho do restaurante Mestiço, muito gostoso simpático e barato, sempre com lugares disponíveis, ao contrário do Mestiço, sempre lotado. Nas mesas ao lado desenrolam-se cenas fascinantes, nos esforçamos para escutar sem dar bandeira, Sandra com seu ouvido de tísica é especialista na espionagem.

Ele: Alto, forte, ombros largos, por volta dos 45 anos, grisalho nas têmporas, cara de serial killer, médico legista contratado por concurso pela Prefeitura de Itanhaém, SP, prolixo, encantado com sua própria voz, alta e pausada, veste jeans, tênis e camisa cinza escuro e discorre sobre o milhão de dólares necessário para montar uma franquia McDonalds ou os R$ 200.000 para montar uma Amor aos Pedaços.
Ela: Mignon, gostosinha, parda, vulgar, sorriso semi-cretino nos lábios, bibliotecária do interior, parece ser excelente ouvinte, ou então está apenas embevecida pelo bonitão. Não sabe o que é Amor aos Pedaços. Ele: (declamando): – “Você é a coisa mais importante que aconteceu na minha vida, você não sabe como estou feliz” e olha profundamente nos olhos dela, inclina-se para a frente e segura a mão da moça bem apertada. Logo a seguir: -“Você pode escolher o prato quente para dividirmos” mudando abruptamente para: “Eu sonhei em ter uma livraria”, e conta como é apaixonado pelos livros desde criança.

E assim vai ele solando sobre os mais diversos assuntos, conta como foi contratado pela Prefeitura, ela fixada nele. Aí conta como conseguiu obter gravações da ex-mulher com o amante, através de um enfermeiro do Savoy Pronto Socorro, e continua descrevendo suas aventuras para a baixinha, sempre vidrada nele, sempre com olhar entre embevecido e completamente idiota, depois volta a falar das franquias e da sua paixão pelos livros e a vontade de ter uma livraria, e também o desejo de montar academia de artes marciais… , o tempo passa, Sandra e eu mal conseguimos disfarçar a excitação, anotamos algumas coisas em guardanapos de papel, o assunto é extremamente fascinante. A moça não se dá conta, mas está correndo perigo. Algo neste casal nos passa uma tragédia suspensa por fios muito tênues, a brutal diferença física entre os dois, a obsessão sinistra do grandalhão evidenciada no seu falar pausado e monocórdio, a improvável salada de objetivos de vida…

Atrás de nós outro casal curioso, ele um jovem gatão gringo, cabelos longos, mãos bonitas e costas largas, na segunda caipirinha tripla, ela mulata esguia, cabelos anelados, insinuosa e sorridente, no segundo balde de dry-martini. Falam alto, ele em inglês e ela macarronicamente se dedica mais ao “body language”, se pegam, se beijam, a certa altura se levantam, e no meio do restaurante entre as mesas abraçam-se num longo beijo tarado e voltam a se sentar sorridentes. Mais dry-martini, mais caipirinha, o tom de voz se eleva, começam a brincar com os talheres fazendo um barulho danado, daqui a pouco se levantam novamente e se agarram mais intensamente, mão na bunda, beijos profundos, parece que de comum acordo estão fazendo uma prévia dos corpos, antes que desmaiem de tanto beber, dane-se o restaurante e quem estiver por perto. Neste caso a tragédia será apenas acordar com aquela puta dor de cabeça, talvez algumas manchas roxas e tentar se lembrar do que aconteceu na noite anterior…

é isso, por fernando stickel [ 20:47 ]

uma semana em los angeles

Uma Semana em Los Angeles

Em 1985 eu morava em Nova York e já havia marcado minha volta definitiva ao Brasil para passar o Natal com a família. No dia 23 de novembro, recebi uma ligação do meu querido amigo Jay Chiat (1931–2002):
— Hi Fernando! I’m going to LA, would you like to come?
Respondi imediatamente: Sure!
Jay enviou as informações da viagem e eu comprei um voo “red-eye” da PANAM, pousando em Los Angeles às três da madrugada de 3 de dezembro. No saguão, um motorista me aguardava e seguimos em uma Mercedes-Benz até 6 North Star, Marina del Rey. A rua estava completamente escura e, tateando no breu (sem celulares e lanternas…), procurei a campainha. Não lembro bem como consegui chamá-lo, mas depois de uns 20 minutos Jay abriu a porta. Fomos dormir.


Apartamento do Jay em Marina Del Rey

Na manhã seguinte descobri que estávamos literalmente de frente para o Pacífico, pé na areia. Saímos para fazer compras e tomar café no Porsche 944 preto. Depois corremos na praia e, pela primeira vez, mergulhei nas águas geladas do Pacífico.
Banho tomado, roupa limpa, fomos almoçar no 72 Market Street, decorado com obras de Billy Al Bengston e DeWain Valentine. Em frente ficava o estúdio de Jonathan Borofsky.


Market Street, Venice. À direita o restaurante, à esquerda o estúdio de Borofsky


Convite da galeria LA Louver para exposição Larry Bell

Após o almoço, visitamos a Galeria L.A. Louver, na 77 Market Street, onde havia uma exposição de Larry Bell. Jay me apresentou ao proprietário, Peter Goulds. Depois passamos no escritório do designer Bob Runyan (1925–2001), onde bebemos vinho e demos boas risadas.
Os dias seguintes foram nessa toada: Spago, Scratch, Chinois, La Toque, Michaels… No MOCA, vi pela primeira vez o trabalho de James Turrell, na retrospectiva Occluded Front.


James Turrell, retrospectiva Occluded Front. Fiquei impressionado com este trabalho


Frank Gehry

Um dia Jay me levou ao estúdio de Frank Gehry (1929-2025) em Venice — uma enorme fábrica caótica, com dezenas de maquetes de papelão penduradas no teto e poltronas igualmente de papelão espalhadas pelo espaço aberto. Gehry nos recebeu com simpatia.

À noite, fomos jantar no Rebecca’s, na 2025 Pacific Avenue, projeto recente de Gehry. Chegamos no 944 preto e, para minha vergonha, eu não conseguia achar a maçaneta — o manobrista precisou ajudar. Entrar no restaurante foi um deslumbramento: o bar de alabastro/ônix reluzia na atmosfera sensual de luzes rebaixadas, e um enorme crocodilo metálico pendurado no teto. O ambiente era o mais ousado que eu já tinha visto.
Os convidados começaram a chegar, Jay me apresentando a todos — entre eles, Dennis Hopper (1936–2010). Lembro Jay discutindo com ele a compra de um warehouse para um projeto conjunto. Eu ali, sentado ao seu lado, saboreava o privilégio de jantar com um dos monstros sagrados do cinema.

Em outro dia, Jay, Keith Bright (1932-2018) e Bob Runyan organizaram um almoço onde me apresentaram Riaya, linda jovem de origem árabe. Convidei-a para jantar. Keith ouviu e disse:
— Fernando, take my car, you will love it!
O carro era simplesmente o sonho californiano: um Cadillac 1959 conversível cor-de-rosa. À noite, capota aberta, Venice parecia o Guarujá da minha infância — ruas escuras, trechos desertos. Após o jantar, seguimos passeando. Parei num farol vermelho e virei à direita, tudo vazio. De repente, como em filme, uma viatura da polícia surgiu do nada. O policial perguntou se eu não havia visto o sinal vermelho, examinou os documentos e perguntou:
— Have you been drinking?
— Well, I had dinner…
Depois de algumas advertências e muitos Yes, officer, ele devolveu meus documentos e nos liberou. Seguimos, aliviados, na maravilhosa “banheira”.


Cadillac 1959 Convertible

Em mais uma tarde memorável, Jay me levou à galeria de um amigo (cujo nome esqueci) onde me deparei com inúmeras caixas de Joseph Cornell. Ao perceber meu fascínio, o galerista me levou ao acervo e colocou outras caixas em minhas mãos. Um privilégio raro.

Um belo dia Jay falou assim:
— Fernando, I’m not going to use the car tomorrow, you wanna use it?
Aceitei na hora. No dia seguinte, acordei cedo, tomei banho, vesti minha Lacoste azul-marinho, peguei os óculos escuros e o mapa da cidade e rodei cerca de 400 milhas por Los Angeles — no Porsche 944 preto. Visitei o Getty Museum, San Fernando Valley, Griffith Observatory; passei pela Rodeo Drive, Beverly Hills, Sunset Boulevard… Foi um dia glorioso.


Griffith Observatory

Houve ainda um episódio divertido: em um almoço, nossa garçonete era jovem, bonita e usava grandes argolas. Keith chamou-a e comentou:
— Quanto maior o diâmetro da argola, maior a sensualidade; quanto maior a espessura, maior o sex drive.
Quando ela trouxe o troco, veio junto um de seus brincos… Jay e eu saímos, e Keith ficou paquerando a moça.

Minha semana em LA, hóspede do Jay, encerrou com chave de ouro meus 15 meses nos EUA. Conviver com ele e seus amigos — todos bem-sucedidos, premiados, mas sobretudo generosos e curtidores — ampliou meu entendimento sobre amizade, profissionalismo e generosidade.
Jay era sócio da agência Chiat/Day, tinha 54 anos e estava no auge do sucesso, sua agência atendia clientes como Apple, Pizza Hut, Suntory, Nike e Porsche. Keith aos 53 e Bob, 60, eram designers gráficos de sucesso. Eu, aos 37 anos de idade, bebia gulosamente na fonte de sabedoria dos amigos americanos…


Keith, eu, Jay e Bob de smoking

Voltei a Nova York, fiz as malas e, em 13 de dezembro, cheguei a São Paulo carregando um grande rolo de obras em papel produzidas em NY. Após emolduradas, deram origem à exposição NYC85, apresentada em abril de 1986 na Galeria Suzanna Sassoun.

é isso, por fernando stickel [ 7:33 ]

4º salão paulista

Participei do 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea no Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera em 1986, com três pinturas de grandes dimensões (4 metros de comprimento…), acrílica sobre tela, ralizadas em New York.

A Secretaria de Estado da Cultura, promotora do Salão, era ocupada por Jorge da Cunha Lima, no governo de André Franco Montoiro.

é isso, por fernando stickel [ 7:25 ]

prêmio aquisição desenho


Com esta colagem sobre papel intitulada VET, de 27 x 187 cm. ganhei em 1985 o Prêmio Aquisição Desenho, no III Salão Paulista de Arte Contemporânea, realizado no Pavilhão da Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera.


Convite do Salão.


Ficha técnica dos três trabalhos enviados.


Os prêmios aquisição.

é isso, por fernando stickel [ 11:39 ]

fernando stickel na geração 80


Nesta esquina de uma das alamedas de acesso ao Parque Lage no Rio de Janeiro iniciava-se a minha Instalação AZ, com a qual participei da exposição “Como Vai Você Geração 80?” no Parque Lage em 1984.


A localização do Parque Lage na Rua Jardim Botânico é única, enfiada na floresta, tem o Cristo Redentor logo ali em cima, é maravilhoso!

Título: AZ
Técnica: Instalação composta de faixa de morim pintada ao longo de alameda de acesso do Parque Lage, no Rio de Janeiro, suporte de um texto poético composto pelo entrelaçamento de duas sequências de palavras de A a Z.
Dimensões: 0.80 x 150m
Data: 1984
Exposição: “Como vai você, Geração 80?”

Recebi em junho 2003 o seguinte e-mail:
Prezado Fernando,
Meu nome é Caroline Buttelli, sou estudante do 9º semestre de Design na Universidade Luterana do Brasil ULBRA, em Canoas, RS.
Estou cursando uma disciplina de História da Arte Brasileira, na qual estou desenvolvendo um trabalho em grupo sobre a Geração 80 de Pintores. Gostaríamos de fazer uma entrevista por e-mail a respeito dessa manifestação artística, para incluirmos em nossa pesquisa. O objetivo dela é saber qual a visão dos próprios pintores acerca da Geração 80.

E esta foi minha resposta:
Caroline,
Participei da exposição coletiva “Como vai você, Geração 80”, no Parque Lage, Rio de Janeiro, RJ em 1984, quase que por acaso. Soube por amigos que os convites para participar estavam sendo feitos, mexi meus pauzinhos e fui convidado nos últimos instantes pelo curador Marcus Lontra.
Naquela época eu namorava a Helena, uma carioca, e passava bastante tempo no Rio de Janeiro. Fui ao Parque Lage e decidi que o meu trabalho seria feito ao longo de uma das alamedas de acesso do parque, a céu aberto. Apresentei meu projeto, uma instalação chamada “AZ”, que foi aprovado. Consegui o patrocínio de oito pessoas amigas, que financiaram o meu trabalho. Cada um dos patrocinadores recebeu, ao final do evento, uma colagem com fotos do trabalho realizado. Não participei de nenhum “grupo” chamado “Geração 80”, portanto este meu depoimento é individual. Tentando responder objetivamente às tuas perguntas:
1) Qual a relação entre a sua arte produzida nos anos 80 e o momento de abertura política pelo qual o Brasil estava atravessando? Existiu alguma relação?
– Os artistas são as antenas da raça, disse Ezra Pound. Então, para um artista antenado, tudo é política. No meu caso esta atitude não transparesce necessáriamente na minha obra, que não carrega slogans nem bandeiras, o que não quer dizer que eu não tenha carregado bandeiras, como a das “diretas já”, “fora collor” ou “stop the war”.
2) Alguns críticos de arte dizem que os anos 80 geraram as piores obras do século XX. Qual a sua opinião a respeito?
– Bullshit. Alguém se lembra de algum nome destes tais críticos? Alguns dos participantes da Geração 80, no entanto, tem hoje projeção mundial. Como em todas as exposições coletivas com grande número de artistas, olhando-se para os participantes quase 20 anos depois, nota-se uma grande maioria que sumiu, e alguns poucos que ganharam notoriedade. É sempre assim. 100 anos depois serão lembrados apenas aqueles de grande projeção. Já os críticos…
3) Com a liberdade artística pregada pela Geração 80, como você e os demais artistas escolhiam seus temas, já que tudo era permitido?
– Tudo sempre foi permitido. Vide Marcel Duchamp e sua obra “Fountain” de 1917. Liberdade artística sempre existiu, mesmo nos países e regimes mais totalitários a arte teima em florescer.
4) Os anos 80 marcaram a volta da pintura, que estava em baixa nos anos 70. Quais eram os ideais artístico da Geração 80?
– Eu sempre desenhei, pintei, fiz colagens, fotografei, escrevi, etc…, sem conexão direta com os anos 70, 80 ou 90. Meu ritmo de trabalho é muito irregular, e independe dos modismos e suas épocas.
5) Muitos artistas dizem que os anos 80 foram prósperos em termos financeiros, existindo uma grande procura pelas obras de arte. Qual a sua impressão a respeito disto?
– Por ter um ritmo de trabalho muito irregular, minha relação com o mercado nunca foi boa. Nunca fui um artista que “vende bem” (infelizmente…)
6) Como o conceito de Transvanguarda se aplicou à Geração 80 de Pintores?
– Não sei.
7) Quais os artistas internacionais que serviam de inspiração para ti e para a Geração 80, se é que existiram?
– Para mim foram e continuam sendo Matisse, Duchamp, Beuys. Para a Geração 80 não sei.
8) Quais as suas impressões gerais a respeito da exposição “Como vai você, geração 80?”, realizada no Parque Laje em 1984?
– A exposição foi um evento altamente energético, mágico, excitante, apinhado de gente, realmente marcante. Meu trabalho foi vandalizado e três dias após a inauguração já não existia mais.
9) Se pudesse selecionar uma obra sua que fosse a melhor representante dos conceitos da Geração 80, qual seria?
– A obra que lá foi exposta:
Título: AZ
Técnica: Instalação composta de faixa de morim pintada ao longo de alameda de acesso do Parque Lage, suporte de um texto poético composto pelo entrelaçamento de duas sequências de palavras de A a Z.
Dimensões: 0.80 x 150m
Data: 1984
10) Na sua opinião, qual a diferença básica entre a arte produzida hoje e a arte dos anos 80?
– A utilização maciça de novos meios técnicos digitais, fotografia, vídeo, computação, etc…

é isso, por fernando stickel [ 18:37 ]

juréia


Inês Sadalla me convidou em 1988 para participar de uma exposição coletiva em sua galeria, com o tema da Reserva Ecológica da Juréia.
O grupo de artistas selecionados fez uma excursão à Reserva, dormimos lá, acompanhados do biólogo, fotógrafo e ambientalista João Paulo Capobianco, na época Presidente da Associação em Defesa da Juréia, foi uma experiência maravilhosa!

Situada no litoral sul de São Paulo, entre Peruíbe e Iguape, a reserva tem 82.000 hectares


AQUI ESTÁ
AQUI FICARÁ
Trabalho fotográfico que fiz na Reserva Ecológica da Juréia em 1987.

Meus colegas de exposição: Aldemir Martins, Alex Cerveny, Alex Flemming, Alice Brill, Amélia Toledo, Angela Leite, Beatriz Leite, Brenda Novak, Darci Lopes, Edith Derdik, E. Granero, Fernando Stickel, Francisco Faria, Genilson Soares, Gilberto Salvador, Gilda Mattar, Glauco Pinto de Moraes, Gregório Gruber, Guta Oliveira Santos, Guto Lacaz, Heinz Budweg, Jeanete Musatti, Maria Victória Granero, Mário Ishikawa, Norma Grinberg, Odair Magalhães, Ricardo Levy, Rubens Matuck, Sylvía Motta, Thais Gasparinetti, Tomoshige Kusuno, Ubirajara Ribeiro, Zé Pedro

A exposição se realizou em junho 1988 na R. Estados Unidos 367.

é isso, por fernando stickel [ 15:54 ]

obras destruídas

O doloroso capítulo dos trabalhos descartados, destruídos.
Ideias boas que ficaram pelo caminho, circunstancias de espaço, armazenamento, caos organizacional, falta de condições de exposição, falta de clareza mental, tudo isso contribui para a destruição de obras.
Por sorte fotografei vários destes trabalhos destruídos, assim agora, muitos anos depois, podemos falar deles…


Visitei a retrospectiva de Joseph Beuys no Centre Pompidou em Paris em 1994 e fiquei louco. Fui duas vezes ao museu, absorvi, respirei o cheiro do feltro e do óleo de oliva, mergulhei nas vitrines, fiquei louco, passei horas fascinado lá dentro, o impacto foi muito grande.


De volta ao meu estúdio entendi que um monte de objetos que eu colecionava estavam ali esperando para serem utilizados em uma nova série de trabalhos.
Encomendei uma dúzia de caixas de folha de flandres, receptáculo destes objetos. Por alguma razão o projeto não avançou, sobrou o registro fotográfico. Tudo foi para o lixo.


Sempre gostei muito de colagens no papel, bidimensionais, depois comecei a pesquisar colagens espaciais, juntando objetos diversos. Uma das caixas de flandres ficou vazia na parede, adicionei um espelho guarnecido de suspensórios e um fragmento de tela. A trapizonga ficou ali por um tempo mas não se consolidou como um trabalho terminado, foi tudo para o lixo.


Tentei juntar vários fragmentos de tela com pirâmides pintadas, também sem sucesso, foi tudo para o lixo.


O trabalho “Sim querida, queimei tudo” foi mais elaborado, pelo tamanho, diversidade e quantidade de objetos coletados, rádios, caixas de charuto, calculadora, vários litros de vinagre feito por mim mesmo, um relógio, liquidificador, ventilador, etc… tudo devidamente acomodado em estantes de aço. O elemento aglutinador era uma tela vermelha com o título do trabalho pintado em branco. Gostava muito desta “assemblage”. Não sobreviveu, foi tudo para o lixo.


O caso desta pintura de grandes dimensões foi diferente, pois o trabalho foi concluido e exposto na exposição que fiz na Espaço Virgilio em 2001, como não foi vendido retornou ao estúdio, ocupando espaço imenso. Tanto atravancou que foi para o lixo.


Esta pintura acrílica sobre madeira de 2m. também foi finalizada e participou da exposição no Espaço Virgílio em 2001. Após a exposição voltou para o meu estúdio, eu não estava satisfeito com ela, seu conceito me parecia confuso não era um trabalho pacífico, tranquilo. Me incomodava, foi para o lixo.

é isso, por fernando stickel [ 6:59 ]

arte em pinheiros

No início dos anos 1980 recém separado da Iris, fui morar no Ed. Ipauçu, na R. Pinheiros 1076, ao lado do posto de gasolina da Av. Pedroso de Morais.

O apartamento no terceiro andar, de cerca 120 m2, tinha dois quartos com terraço e uma boa sala também com terraço. O prédio era antigo, dos anos 50, amplo e muito gostoso, um quarto para mim e outro para os meus filhos Fernanda, na época com 5 anos e o Antonio com 3. Uma vaga de garagem para o meu VW Passat branco. No prédio não havia porteiro eletrônico, então quando chegava alguém eu jogava lá de cima a chave embrulhada em uma esponja. Morei neste apartamento até o final de 1983.


Eu e meus filhos Fernanda e Antonio no terraço dos quartos.

Adaptei a sala para ser um amplo estúdio, e lá preparei minha primeira exposição individual de desenhos, na extinta Paulo Figueiredo Galeria de Arte, na Rua Dr. Mello Alves 717 casa 1.
Com os trabalhos da exposição quase prontos, e ainda sem moldura, pedi ao meu amigo fotógrafo Arnaldo Pappalardo para fotografá-los.


No dia das fotos, meu amigo Cassio Michalany (1949-2024) veio participar da sessão.

O convite da exposição “Fernando Stickel Desenhos”. A vernissage foi no dia 5 abril 1983 às 21:00h. O trabalho reproduzido no convite Título: Audit; Técnica mista; Dimensões 26 x 182cm.

ARTE
Só para os “happy few”
Dois estilos eficazes, pessoais, exclusivos
MANFREDO DE SOUZA NETO E FERNANDO STICKEL • Galeria Paulo Figueiredo, São Paulo

Dentre todas as áreas, a de artes plásticas é seguramente a que tem um público mais especializado – e essa tese pode ser provada pela presente exposição. Sem dúvida, a crítica, os colecionadores e os habitués do circuito terão grandes prazeres, e muito o que falar, diante dos trabalhos destes dois jovens artistas. Mas é muito difícil explicá-los para o leigo. Que diabos, afinal, querem dizer os compridos desenhos de Fernando Stickel, quase uma tira de papel com formas geométricas simples, aparentemente sem grandes emoções e nenhum virtuosismo? E qual a “mensagem” das pinturas de Manfredo de Souzaneto, que são na verdade montagens de telas de formatos distintos, cada uma recoberta uniformemente com uma cor, e muitas vezes com a moldura e o próprio chassi tornando-se parte do quadro?
Decididamente este texto não terá a pretensão de responder com clareza a tais perguntas. Mesmo porque a noção de “mensagem”, na obra de arte contemporânea, é bem mais complexa do que a de transmissão de um recado que está “fora” da obra. Isto é: a mensagem de um quadro é o próprio quadro – e acabou-se. Não interessa tanto se ele mostra um determinado assunto (no caso da arte figurativa) ou se ele extravasa determinadas emoções (como em certo tipo de abstração). O que de fato conta é a forma por cujo intermédio esse conteúdo está expresso. Em estética moderna, aliás, pode-se até afirmar que a distinção entre forma e conteúdo é uma falácia. Na verdadeira obra de arte, um é o outro, interagindo. Esse tipo de elucubração teórica é inevitável, para legitimar e qualificar o trabalho de Fernando e de Manfredo. Da mesma geração (34/35 anos), ambos com formação de arquiteto, e evidentemente atualizados em matéria de contemporaneidade, fazem uma arte consciente de sua função no universo. Tanto Manfredo quanto Fernando começam por questionar certos limites até a nível técnico. O primeiro é apresentado aqui como pintor e o segundo como desenhista. Mas na verdade Manfredo faz objetos que invadem ambiciosamente o espaço, exploram o lado reverso da pintura (através dos chassis aparentes), não usam a cor como seu maior recurso expressivo e não chegam a ser escultóricos. E os desenhos de Fernando só são desenhos porque utilizam o lápis – entre outras técnicas. Em apenas um ou outro caso, o elemento especificamente gráfico impera.
É claro que o objetivo dos dois artistas não é apenas essa discussão formal. No caso de Manfredo – que tem maior currículo e está visivelmente mais maduro -, sua atual fase é o legítimo ponto de chegada para outras etapas onde o elemento “extrapictórico” era maior. Mineiro, ele chegou a
desenhar, numa linguagem semi-abstrata, as montanhas de Minas. Viveu depois na França uma fase quase experimentalista e retorna agora a um suporte clássico – a tela -, mantendo-se ainda fiel às origens (suas tintas são todas feitas com terras, por ele mesmo preparadas). Fernando faz aqui sua primeira individual, com honestidade e garra. O que mais impressiona, em ambos, é a sensação imediata de acerto, Isto é: deram um tiro com boa pontaria.
Construíram uma linguagem bem articulada e eficaz.
Cabe a pergunta se vale a pena criar essa linguagem, que seguramente se destina a minorias. Com rara coragem, Manfredo argumenta: “Não creio que a arte possa mudar o mundo. Ela pode, quando muito, colaborar para mudar a cabeça de indivíduos”. Dependendo do ponto de vista, esta posição será tachada de alienada ou realista. Mas mesmo tal distinção é menos importante do que o fato de que a opção de Manfredo e Fernando não exclui (pelo contrário: incorpora) a beleza. Por isso, até quando não “entendida”, sua obra prova-se capaz de despertar sempre a mesma exclamação. “Que bonito!” E este é, seguramente, um critério decisivo de valor. Em vez de discursos, temos a instauração de objetos que enriquecem a sensibilidade do indivíduo. Não será também isso um ato social?
Olivio Tavares de Araújo
ISTOÉ 13/4/1983

é isso, por fernando stickel [ 18:24 ]

jadite galleries

Participei de uma única exposição em New York, com trabalhos produzidos lá, durante a minha estadia em 1984/1985. Não me lembro como fiquei conhecendo o Roland Sainz, proprietário, da Jadite Galleries, inaugurada em 1985, mas ele me convidou a participar da exposição coletiva “SPACE AND COLOR” em fevereiro 1986.

Entre outros trabalhos que estiveram na exposição na Jadite Galleries estava este desenho/colagem, intitulado Helter Skelter de 32 x 76 cm. de 1985. Ele voltou para São Paulo após a exposição e participou da minha individual “NYC 1985” na Galeria Suzanna Sassoun, na sequência foi para Belo Horizonte, onde participou de outra individual na Sala Corpo, galeria do Grupo Corpo, foi então para Porto Alegre em uma exposição na Galeria Arte & Fato, voltou para São Paulo e finalmente foi presenteada aos meus amigos Arnaldo Pappalardo e Miriam Andraus, no casamento deles.
A dedicatória diz assim: Arnaldo, Miriam, no velho e novo mundo, de noite e de dia, no frio e calor, Boa Viagem! (assinatura) 23 abril 88.

Os artistas plásticos bem ou mal organizados utilizam sistemas de registro e controle de seus trabalhos. Eu me incluo na fatia dos bem organizados, e inventei em 1983 um caderno grande e um carimbo, equipamento simples com o qual fui registrando cronologicamente o nascimento dos meus trabalhos. Evidentemente existem hoje sistemas digitais sofisticados para cumprir a mesma tarefa, mas eu continuo satisfeito com o analógico, que me serve bem há 42 anos…

Escrevi a página de registro do Helter Skelter em New York quando lá morei e trabalhei. A anotação mostra o nascimento do trabalho em 1985 e sua história subsequente.

Juntamente com o livro de registro criei também uma etiqueta de identificação adesiva, inspirado na etiquetas de Luis Paulo Baravelli e Wesley Duke Lee. Todos os trabalhos que saíam do meu estúdio deveriam teoricamente estar registrados no livro e portar a etiqueta. Houve falhas…

Esta outra colagem/pastel de 25 x 64,5 cm também esteve na exposição da Judite Galleries, participou da exposição na Galeria Suzanna Sassoun, e foi para Belo Horizonte, para a exposição na Sala Corpo, finalmente dei de presente para minha amiga Claudia Gnemmi, e hoje mora com ela na Ilhabela!

Este trabalho de 31 x 123 cm. dei de presente para o Roland Sainz, dono da galeria.

é isso, por fernando stickel [ 18:34 ]

desenho jovem

Participei da exposição coletiva Desenho Jovem em julho 1980 no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MACUSP, comandado naquela época pelo Prof. Dr. Wolfgang Pfeiffer, com três desenhos. Entre outros participaram também desta mostra Jaqueline Aronis, Ciro Cozzolino, José Leonilson, Sergio Niculitcheff, Sergio Romagnolo e Luiz Hermano..


Nankin e aquarela, 22 x 30 cm. 1973


Nankin e aquarela, 22 x 30 cm. 1977


Nankin e aquarela, 22 x 30 cm. 1973

é isso, por fernando stickel [ 8:14 ]

5ª jovem arte contemporânea

Participei da V Exposição Jovem Arte Contemporânea, no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) no Ibirapuera entre 25 de agosto e 26 de setembro de 1971.

A Jovem Arte era uma uma exposição coletiva anual, parte de uma série de iniciativas do MAC-USP sob a gestão de Walter Zanini, para fomentar a produção artística jovem no Brasil. A série “Jovem Arte Contemporânea” surgiu após as edições iniciais focadas em desenho e gravura (Jovem Desenho Nacional e Jovem Gravura Nacional) e se tornou mais abrangente a partir de 1967.

A novidade desta edição foi a exposição de poemas, departamento no qual fui aceito juntamente com, entre outros Olney Krüse, enquanto vários amigos como Antonio Henrique Amaral, José Carlos BOI Cezar Ferreira, Augusto Livio Malzoni, Aieto Manetti Neto, Cassio Michalany, Plinio de Toledo Piza Filho, Dudi Maia Rosa, Gilda Vogt, Mario Cravo Neto, Norberto (lelé) Chamma, Vitor Ribeiro, Claudio Tozzi participaram na área das artes plásticas, os premiados foram Aieto Manetti Neto, Victor Ribeiro, Dudi Maia Rosa, e Gilda Vogt. Artigo na página 7 do jornal O Estado de São Paulo do dia25/8/1971 aborda extensamente a exposição.

Os poemas que apresentei foram:

James Coburn no Guarujá

El Camión
perfuro chão
Eurailpass
desde ontem
em Dresden
Desdêmona
desmaiou

Cabo Frio

É tarde e eu já estou exausto de não fazer nada.
Felizes são aqueles que não fazem nada em paz.
E aqueles que não se cansam de não fazer nada.
E aqueles que dormem bem sem estarem cansados de não
fazer nada além de mergulhar nas águas frias do
Cabo Frio de Janeiro apesar do Janeiro encalorado
e as águas são d’Álcalis como se fossem veículo
de peixes e mergulhadores encalorados por não
além de nada trabalhar na madrugada encalorada
pela água dos canos plásticos em exposição ao sol
ardente oriundo do calor da madrugada que o banho
em canos quentes não deu cabo.

Posteriormente estes dois poemas foram incluídos no meu livro de desenhos e poesias “aqui tem coisa”</em> lançado em 1999.

é isso, por fernando stickel [ 17:26 ]

aviação e arte

Exposição Aviação e Arte promovida pela TAM Linhas Aéreas.

Os artistas Amélia Toledo, Emanuel Araújo, Fernando Stickel, Guto Lacaz, Maria Matheus, Nicolas Vlavianos, Tomie Ohtake, Vicente Kutka, Yutaka Toyota e Ivete Ko foram convidados pela curadora Zilda Matheus a realizar esculturas com sucatas de avião.

A TAM franqueou seus depósitos de sucata para os artistas escolherem livremente os materiais, na sequência, auxiliados pelos funcionários das oficinas de manutenção tiveram liberdade total de escolha, das técnicas de soldagem, corte, pintura, etc… para realização de seus projetos.

A exposição dos trabalhos se realizou no Espaço Cultural do Aeroporto de Congonhas em 24 novembro 1993.

é isso, por fernando stickel [ 17:19 ]

doação à pinacoteca

Meu pai foi muito amigo do artista plástico, curador e diretor da Pinacoteca do Estado Emanuel Araújo (1940-2022). Moravam no mesmo bairro, a Bela Vista, e se frequentavam sempre com o tema da arte à mesa.
Talvez por conta disso meus pais Martha e Erico Stickel resolveram homenageá-lo na sua gestão da Pinacoteca, doando um trabalho de minha autoria, realizado parte em New York e parte em São Paulo, intitulado Lisas, técnica mista sobre madeira com 134 x 393 cm. datado 1985-1989

A cerimônia da doação deu-se em 11 abril 2002, no prédio da Pinacoteca

é isso, por fernando stickel [ 17:49 ]

ensaio de moda

Fui convidado em 1990 a dar aulas de desenho de observação no Projeto Ensaio de Moda, criado pelas amigas Vera Souto, Filomena Ragone e Iris Di Ciommo, e realizado na Oficina Cultural Oswald de Andrade no Bom Retiro.

é isso, por fernando stickel [ 17:18 ]

pro arte

Quando criança eu tinha aulas de música na Pro Arte Seminários de Música, na R. Sergipe 271 em Higienópolis, eu tocava flauta block.

Nos convites de audição, que acontecia de tempos em tempos, encontrei os nomes das professoras Elisa Helena Memolo Lanna e Maria Amelia Cozzella.
No fundo do casarão havia um salão chamado Auditório Theodor Heuberger onde os alunos se apresentavam em audições familiares, e eventualmente haviam exposições de arte.

Certa feita, houve uma exposição de pinturas a óleo, abstratas, com grossíssimas camadas de tinta aplicadas sobre a tela, que escorriam…
Aí eu comentei com alguém:?– Ah!… mas isso aí eu também faço!?O autor das pinturas, que estava por ali, e que eu evidentemente não conhecia, ouviu o meu comentário, pegou um lápis, me entregou e disse:
– Então faça!
Eu me atrapalhei todo, tentei argumentar que era com tinta, não com lápis, e finalmente me recolhi à minha ignorância…
Muitos anos depois, no meu curso de desenho de observação, eu usei este “- Então faça!” inúmeras vezes.

Meus colegas das aulas de música: Os nomes dos alunos na lista: Elizabeth Ruchti, Elvira M. Oliveira Negrais, Laila Gebara, Léa Roizen, Maria Aparecida Figueiredo, Maria Margarida Ferreira, Nadia Gebara, Regina Maria O. Negrais, Regina Miriam Costa, Renata Rosenthal, Abel Santos Vargas, Caio Rosenthal, Fernando Stickel, Helio Goldenstein, Marcelo Lefreve, Mauricio Oliveira

é isso, por fernando stickel [ 18:03 ]

trama do gosto


Cartão postal, o convite.

A TRAMA DO GOSTO
Assessoria de Imprensa da Fundação Bienal de São Paulo – Carmelinda Guimarães

Aonde está a arte no dia a dia da cidade? Para despertar a percepção do público para a realidade artística que nos cerca, a Fundação Bienal de São Paulo reuniu uma equipe de mais de 150 artistas e intelectuais sob a curadoria de Sônia Fontanezi. Eles interpretarão a arte e o cotidiano na mostra A Trama do Gosto que se realiza de 25 de janeiro a fins de fevereiro de 1987 no Pavilhão do Ibirapuera.


Planta do prédio da Fundação Bienal de São Paulo para a exposição “A Trama do Gosto”, destacado em verde o espaço “Natureza Morta Limitada”.

Uma avenida central com diversas travessas, sinais de trânsito e até um veículo de transporte reproduzirão locais que fazem parte da vida de uma grande cidade: os graffitis que estão na rua, o edifício, o monumento, o restaurante, a galeria de arte, o bar, o museu, a drogaria, o correio, os eletrodomésticos, a praça, a música e o “lar doce lar”.

São 26 instalações que farão uma releitura deste cotidiano, organizadas pelos seguintes sub curadores: Guinter Parschalk, Norberto Amorim, Walter Silveira, Tadeu Jungle, Roberto Sandoval, Nelson Screnci, Carmela Gross, Fernando Lion, Beto de Souza, Julio Plaza, Tacus (Dionisio Jacob), Mira Haar, Lenora de Barros, José Simão, Rubens Matuck, Antenor Lago, Regina Silveira, Carlos Moreno, Alex Vallauri, Maurício Villaça, Guto Lacaz, Fernando Stickel, Agnaldo Farias, Norma Ortega e João Pirai.

A mostra terá coordenação geral de Luiz Loureiro, curadoria de música de Ana Maria Kíeffer, projeto do espaço de Felipe Crescenti.


Projeto do espaço, com colaboração de Mariangela Fiorini, minha assistente.

NATUREZA MORTA NA ARTE DE ONTEM E HOJE

“A natureza morta é o cotidiano congelado”, afirma o artista plástico Fernando Stickel, que faz a instalação Natureza Morta Limitada, para a exposição A Trama do Gosto; um olhar diferente sobre a realidade do cotidiano.

“O espirito do espaço que estamos criando é portanto o de uma parada no tempo”.

Para organizar esta instalação Stickel reuniu 38 artistas e dividiu em dois núcleos a produção artística: contemporâneo e histórico. No último estão reproduções fotográficas de trabalhos consagrados de Braque, Matisse, Morandi e Goya, entre outros, que permitem ao público localizar a origem e a evolução da natureza morta na arte. Neste núcleo figura também um quadro original de Pedro Alexandrino e os objetos que ele usava na composição de suas telas.


“Peru depenado” de Pedro Alexandrino, pintura de 1903, cedida pela Pinacoteca. Os objetos da época, cedidos pelo Museu da Casa Brasileira, com produção de Luisa Vadasz.

A Visão de Hoje

No núcleo contemporãneo, que é o foco principal da exposição, projetos especiais de Ucho Carvalho e Rosely Nakagawa entre outros; ainda uma reinterpretaçáo da natureza morta dos pintores da praça da República feita em 1967 por Nelson Leirner; peças de coleção de Amélia Toledo, José Carlos BOI Cezar Ferreira, Feres Khoury, Guyer Salles, Jeanete Musatti, Bonadei e mais 20 artistas; uma coleção de cartões postais reunida por Malu Morais.

A reinterpretaçáo dos elementos da natureza morta estará presente no trabalho de Ana Maria Stickel, Queque utiliza partes da própria natureza como galhos, folhas e flores secas, troncos e pedras; nas frutas, verduras e flores de Maurício Villaça; potes de Stella Ferraz de Camargo; cortina, e rosa de Sílvia Elboni; objetos e garrafas de Fernando Stickel.

Os artistas participantes da Mostra:
Amelia Toledo
Ana Maria Stickel
Antonio Cabral
Antonio Peticov
Carmen Avian
Cecilia Abs André
Dudi Maia Rosa
Ester Grinspum
Fabio Cardoso
Felipe Tassara
Feres Lourenço Khoury
Fernanda Coube Arieta
Fernando Stickel
Flávia Ribeiro
Flávio Motta
Gilda Mattar
Gilda Vogt
Guyer Salles
Hans Juergen Ludwig
Ivan Kudrna
Jeanete Musatti
João Carlos Carneiro da Cunha
José Carlos BOI Cezar Ferreira
Luise Weiss
Luiz Paulo Baravelli
Maciej Babinski
Margot Delgado
Mauricio Vilaça
Marisa Bicelli
Nelson Leirner
Pedro Alexandrino Borges
Pinky Wainer
Rosely Nakagawa
Silvia Elboni
Stella Ferraz de Camargo
Ucho Carvalho
Wesley Duke Lee

A trilha sonora a ser ouvida em todo o ambiente da exposição foi criada por Hans Juergen Ludwig a partir da discussão do tema natureza morta. O espaço será tratado com penumbra, paredes, piso e teto pretos e focos de luz dirigidos.

“A proposta” afirma Fernando Stickel, “é uma re-leitura da natureza morta através da apresentação de trabalhos contemporâneos, em diversas técnicas, bem como da fragmentação de seus tradicionais elementos constituintes, a fruta, as flores, o jarro, a garrafa, a toalha, o peixe, o castiçal, etc,… e a reagrupação destes elementos interpretada por artistas contemporãneos”.


Na porta do espaço estava afixado este “manifesto” de minha autoria.

O trabalho artístico do gênero “Natureza Morta” na sua forma mais tradicional sugere sempre uma parada no tempo. Sua tradução do inglês (Still Life) significa, literal­mente, “Vida Parada”.

Este corte plástico no quoti­diano, congelando espaço e tempo, nos remete a pensa­mentos sobre a transitoriedade e incerteza da vida.

A realidade urbana contemporânea carece de momentos de reflexão como estes, propi­ciados pela longa e introspec­tiva fruição de uma obra de arte.

Assim, propomos uma releitura da Natureza Morta através da apresentação de trabalhos contemporâneos, em diversas técnicas, bem co­mo através da fragmentação de seus tradicionais elementos constituintes, a fruta, as flores, o jarro (cerâmica), a garrafa (vidro), a toalha, o peixe (animal, caça), o castiçal (objeto), etc… e o reagrupamento destes elementos inter­pretado por artistas contemporâneos.

Reproduções fotográficas de alguns trabalhos de pintores famosos permitirão uma rápida avaliação das origens e evolução do gênero.

O partido arquitetônico, ilu­minação e trilha sonora do espaço da mostra foram criados poro recapturar o clima de paralisação cósmica encontrado em muitos desses trabalhos. Para ilustrar este texto, um vaso de Sempre vivas
SEMPRE VIVAS
MORTAS VIVAS
NATUREZA MORTA
VIDA PARADA
ESPAÇO CONGELADO TEMPO
SUSPENSO
BELEZAS ESTACIONADAS


Desenhos de observação realizados por participantes da oficina de desenho, modelo Lela Severino.

Aulas de desenho na Trama do Gosto

O artista plástico Fernando Stickel está dando um curso de desenho com modelo vivo dentro da exposição A Trama do Gosto, no Pavilhão Bienal do Ibirapuera, como parte da instalação Praça do Corpo.

As aulas serão de terça-feira a sexta-feira, até 20 de fevereiro, no horário das 16 às 18 horas.
As inscrições, serão feitas de terça-feira a sexta-feira, a partir das 14 horas no balcão de informações na entrada da exposição, para a aula do dia. O número de vagas por aula é 20. A taxa de CZ$ 100,00 por aula inclue o material. Idade mínima: 18 anos.


Fotos para divulgação do evento da fotógrafa Marisa Bicelli, tiradas no meu estúdio da R. Ribeirão Claro.


Certificado de participação assinado por Jorge Wilheim, Presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

é isso, por fernando stickel [ 7:57 ]

sala corpo

Em 1986 realizei uma exposição de parte dos meus trabalhos realizados em New York, na Sala Corpo, espaço de exposições do Grupo Corpo em Belo Horizonte, MG. Fiquei encantado com os mineiros, principalmente porque a minha anfitriã em Minas era a minha namorada mineira, Helena Bricio.
Fui muito bem recebido pela “trupe” Corpo, os irmãos Pederneiras, e a arquiteta, cenógrafa e figurinista Freusa Zechmeister…

é isso, por fernando stickel [ 15:05 ]

geração 80

A BELA ENFURECIDA

“Como vai você, geração 80?” Respondem 120 artistas de todo o Brasil, que ocuparão, com seus trabalhos, as paredes, portas, janelas, piscina, banheiros, espaços construídos e espaços vazios do imponente prédio da Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro, além das aléias, árvores, grutas e cantinhos malocados do Parque Lage. Muito mais, portanto, que uma exposição, “Geração 80” caracteriza-se como um evento, oportunidade primeira em que esses 120 jovens batalhadores resolveram se reunir e permitir que as pessoas conheçam, e se possível compreendam, a sua produção.

É evidente que, num evento como esse, estipular critérios de seleção é algo de delicado e
perigoso. Certamente vocês poderão argumentar que muitos não deveriam participar e que, por
outro lado, alguns nomes foram esquecidos. Tudo bem. Esses são movimentos normais no jogo da arte. O que acreditamos importante é que, durante todo o agradável (e por vezes alucinado) processo de realização da mostra, jamais os curadores, (Paulo Roberto Leal e Sandra Moger) entre os quais me incluo, tentaram impor caminhos, forçar a existência de movimentos ou grupinhos, comportamentos superados nos quais somente alguns poucos e velhos ‘espertos’ se beneficiam.

Gostem ou não, queiram ou não, está tudo aí. Todas as cores, todas as formas, quadrados, transparências, matéria, massa pintada, massa humana, suor, aviãozinho, geração serrote, transvanguardas, pós-modernos e pré-modernos, radicais e liberais, punks e panquecas, neo­expressionistas e neocaretas, velhos conhecidos, tímidos, agressivos, apaixonados, despreparados e ejaculadores precoces. Todos, enfim, iguais a qualquer um de vocês. Talvez um pouco mais alegres e mais corajosos, um pouco mais…Afinal, trata-se de uma nova geração, novas cabeças.
E, se hoje, ninguém alimenta mais o pedantismo de se entrar para a História e ser o tal, o que todos esperam é poder fazer alguma coisa, sem os exagerados pavores e pudores da
conceitualização. Trata-se de tirar a arte, donzela, de seu castelo, cobrir os seus lábios de batom bem vermelho e com ela rolar pela relva e pelo paralelepípedo, recriando momentos precisos nos quais trabalhos e prazer caminham sempre juntos.

Marcus de Lontra Costa

Artistas Integrantes de “Geração 80”

Adélia Oliveira
Adir Sodré
Alberto Camareiro
Alex Vallauri
Alexandre Dacosta
Ana Horta
Ana Maria Morais – Amom
Ana Maria Tavares
Ana Miguel
Ana Regina Aguiar
Analu Cunha
André Costa
Ângelo Marzano
Antônio Alexandre
Armando Matos
Augustus Almeida
Beatriz Milhazes
Beatriz Pimenta
Carlos Mascaranhas
Carlos Fiuza
Ciro Cercal Filho
Ciro Cozzolino
Claudio Alvarez
Claudio Duque
Cláudio Fonseca
Claudio Roberto
Cláudia Monteiro
Clara Cavendish
Cristina Bahiense
Cristina Canale
Cristina Salgado
Daeco
Daniel Senise
Denise Porto
Delson Uchoa
Eduardo Kac
Eduardo Moura
Elisabeth Jobim
Eneias Valle
Ester Grinspum
Esther Kitahara
Felipe Andery
Fernando Barata
Fernando Lopes
Fernando Lucchesi
Fernando Moura
Fernando Stickel
Francisco Cunha
Francisco Faria
Frida Baranek
Gastão Castro Neto
Gerardo
Gervane de Paula
Gonçalo Ivo
Grupo Rádio Novela
Hamilton Viana Galvão
Hellen Marcia Potter
Hilton Berredo
Inês de Araújo
Isaura Pena
Jadir Freire
Jayme Fernando
Jair Jacqmont
Jeanete Musatti
João Magalhães
João Modé
Joaquim Cunha Neto
Jorge Barrão
Jorge Duarte
Jorge Guinle
José Eduardo Garcia de Moraes
José Roberto Miccoli
Ju Barros
Judith Miller
Karin Lambrecht
Leda Catunda
Leonilson
Lídia Perla Sacharny
Livia Flores
Lúcia Beatriz
Luiz Antônio Norões
Luiz Cruz
Luiz Ernesto
Luiz Pizarro
Luiz Sérgio de Oliveira
Luiz Zerbini
Manoel Fernandes
Marcelo Lago
Marcos Lima
Marcus André
Mario Azevedo
Mariza Nicolay
Marta Dangelo
Maria Ignêz Lobo
Maurício Arraes
Maurício Bentes
Maurício Dias
Mauro Fuke
Monica Lessa
Monica Nador
Nelson Felix
Paulo Campinho
Paulo Henrique Amaral
Paulo Nobre
Paulo Paes
Patrícia Canetti
Ricardo Basbaum
Ricardo Sepúelveda
Rogéria de Ipanema
Roberto Tavares
Sandra Sartori
Sérgio Romagnolo
Sérgio Niculitcheff
Siomar Martins
Solange Oliveira
Suzana Queiroga
Tadeu Burgos
Terezinha Lozada
Umberto França
Valério Rodrigues
Vicente Kutka
Xico Chaves
Waldemar Zaidler e Carlos Matuck

é isso, por fernando stickel [ 14:51 ]