aqui no aqui tem coisa encontram-se
coisas, coisas, coisas...
...desde janeiro de 2003

arte

jean shrimpton


Jean Shrimpton by Jeanloup Sieff

é isso, por fernando stickel [ 21:47 ]

diane arbus

arbus1
A fotógrafa Diane Arbus com 45 anos de idade em 1968. Em 1971 ela cometeu suicidio.

é isso, por fernando stickel [ 8:49 ]

blog de papel

ultimo-blog
Blog de papel…

Recebi hoje agradável surpresa pelo correio (sim, aquele troço que chega na tua casa em envelopes de papel).

Dentro do envelope o anunciado livro (sim, aquele troço retangular feito de papel e tinta) sobre a “blogosfera” do meu amigo Eduardo Lunardelli, dono do blog “Varal de Idéias” e vários outros blogs.

A obra responde por “o último blog e outras blogagens” assim mesmo em minúsculas, em edição do autor finamente impressa em papel polen.

Nós blogueiros, pioneiros e sobreviventes ao mesmo tempo, insistimos no nosso ofício, apesar da concorrência de Twitter, Facebook, Linkedin e outras cositas más, e o Eduardo conta um pouco sobre esta nossa insistência no ofício de blogueiro, são muitas histórias, que você pode saborear com o computador desligado, nesta delícia imortal, o LIVRO.
Aliás, o rapaz anda pródigo em produzir essas coisas em PAPEL, Setembro passado ganhei também dele um pequeno livro, POEMA [entre chaves].

Obrigado Eduardo!!!!!

é isso, por fernando stickel [ 18:03 ]

cooperativa

Meu amigo Gabriel Borba, com incrível presteza, postou esse comentário, altamente esclarecedor:

A Cooperativa teve uma primeira gestão com diretoria formada por Ubirajara Ribeiro, Carlos Fajardo e eu mesmo. Funcionava no meu ateliê, Al. Lorena e tinha como secretária a Ushe.
Os trabalhos de gravação foram feitos no ateliê do Ubirajara Ribeiro, no Pacaembu se não me engano, e as assembleias no ateliê do Fajardo, na rua Pamplona.
A segunda gestão teve o Maurício Fridman, o Boi e mais alguém na diretoria (é preciso investigar melhor esta composição pois já não me lembro bem, por exemplo, do papel do Boi). Foi esta gestão que decidiu pelo espaço expositivo na Rua Joaquim Floriano 666 (logotipo do Julio Plaza) e pela publicação do periódico ABC Color.
A foto me foi enviada há tempos pelo Granato e nela está a Selma Dafre com uma interrogação e a Yolanda Bessa com o nome incompleto. A lista de cooperados está longe de ser completa. Sara Goldman, Carmela Gross e Marcelo Nitsche eram cooperados pelo que me lembro e, de memória, sinto falta dos nomes de Gerti Saruê, Feo Zanforlin, Gilberto Salvador, Lizarraga, Rafael França, Tomoshigue Kusuno, Mario Gruber (frequentou assembleia, não sei se era cooperado) e muitos, mas muitos outros.
Eramos uns oitenta, pelo menos uns cinquenta. A ação mais relevante a meu ver foi o lançamento do album “Desenho Como Instrumento”, na Pinacoteca. E a ocorrência mais pirada foi conhecida como a “Guerra das Gravuras”, envolvendo umas galerias da cidade.
Mas muito cuidado: estou esticando minha memória e o que expus serve apena como roteiro para pesquisa mais apurada e isto deve ser mencionado ao usar este meu texto. Há documentaçao sobre tudo e as cópias que ficaram comigo foram emprestada para Adalice Araujo e Jair Mendes de Curitiba e nunca devolvidos. Estes fatos são históricos e é muito apropriado que sejam levantados finalmente.
GB.

cooperativa
Fundada em 1979 em São Paulo, a Cooperativa dos Artistas Plásticos de São Paulo teve um espaço de exposições na R. Joaquim Floriano, e pouco mais se sabe, pesquisando a internet.
Seus membros, salve imperfeições:

Arnaldo Pappalardo
Carmela Gross
Carlos Alberto Fajardo
Cassio Michalany
Dudi Maia Rosa
Eli Bueno
Gabriel Borba
Gabriel Zellmeister
Gilda Vogt
Guto Lacaz
Ivald Granato
João Xavier
José Carlos BOI Cezar Ferreira
Julio Plaza
Leila Ferraz
Luis Paulo Baravelli
Marcelo Nitsche
Marcio Perigo
Mario Fiore
Mauricio Fridman
Mauricio Nogueira Lima
Newton Mesquita
Regina Silveira
Regina Vater
Ricardo Amadeo
Sacilotto
Sara Goldman
Selma Dafre
Sergio Fingerman
Tomie Ohtake
Ubirajara Ribeiro
Waldir Sarubbi
Yolanda Bessa

A confirmar:

Alex Fleming
Carlos Lemos
Claudio Tozzi
Emanoel Araujo
Gerty Saruê
Gilberto Salvador
Graciano
Gregório Gruber
León Ferrari
Lizárraga
Lothar Charoux
Mario Gruber
Megumi Yuasa
Nakakubo
Odair Magalhães
Odiléia Toscano
Rebolo
Rafael França
Renina Katz
Romildo Paiva
Samuel Szpigel
Tuneu

é isso, por fernando stickel [ 11:10 ]

cooperativa

cooperativa-ana
Sobre a Cooperativa dos Artistas Plásticos de São Paulo.
Descobri também que o acervo digitalizado do Estadão tem muito material a respeito, mas é preciso se cadastrar, vou fazer o cadastro e voltarei ao assunto…

é isso, por fernando stickel [ 8:25 ]

automat & diane arbus

automat
Em 1970 fui a New York com 22 anos de idade, sériamente intoxicado pelo vírus da ARTE, que havia adquirido no contato com Luis Paulo Baravelli no Cursinho Universitário, e nas aulas de desenho de observação de Frederico Nasser.

Lá um grupo de amigos artistas se encontrou, Dudi Maia Rosa, Frederico Nasser, Augusto Livio Malzoni, Baby Maia Rosa e eu.

Visitávamos os museus e galerias, conversavamos “non stop”, fascinados com o poder da ARTE que exalava da megalópole, e muitas vezes frequentavamos o restaurante self service “Automat” da Horn & Hardart da Rua 57, muito barato e sem atendentes, comprava-se o prato que ficava exposto em vitrines automáticas, colocando moedas.
Eu ficava fascinado com aquele lugar, principalmente pelas pessoas malucas e esquisitas que por lá ficavam, pois não havia ninguém para enxotá-las. Era inverno, e lá dentro era aquecido.

diane
Estas memórias voltaram avassaladoras pela leitura da biografia da fotógrafa Diane Arbus, falecida em 1971 aos 48 anos, por Patricia Bosworth, que exatamente nos anos 60 frequentava o submundo de New York, incluindo aí o Automat da 57 Street… mencionado diversas vezes livro afora.

é isso, por fernando stickel [ 9:02 ]

livro vera martins

livro-vera
Fazer um livro é uma das coisas mais gostosas que conheço.
Já fiz vários, tanto de minha autoria quanto para terceiros. Com maior ou menor grau de participação, a excitação e o prazer de ver a coisa pronta é sempre igual.

O livro sobre o trabalho da artista plástica Vera Martins “Pintura por Desconstrução” é o projeto editorial mais ambicioso da Fundação Stickel até agora, iniciou-se como um simples registro do “Projeto Contrapartida”, foi evoluindo, incorporou vários textos, fotos, recebeu a colaboração de várias pessoas, sofreu inúmeras revisões do design gráfico, e ao final de longo processo de maturação acertamos parceria com a editora Terceiro Nome, o que acabou por fornecer ao livro um “acabamento editorial” que só uma editora ativa no mercado sabe proporcionar.

Com 108 páginas, bilíngue (português-inglês) foi impresso a 4 cores em 1500 exemplares.
Coordenação geral: Fernando Stickel / Fundação Stickel
Textos: Agnaldo Farias, Carlos Perrone, Jochen Dietrich, Vera Martins
Concepção e projeto gráfico: Iris Di Ciommo
Revisão: Cecilia Ramos
Versão para inglês: Patrick David Hall
Fotos das obras: Rômulo Fialdini
Fotos na alemanha: Jochen Dietrich
Editora Terceiro Nome: Mary Lou Paris

Escrevi a introdução do livro:

Alquimia Contemporânea

Ao conhecer Vera Martins você percebe que ela não se revela por inteiro, mas se constrói aos poucos. É necessário um tempo para se chegar à inteireza da artista.

Para melhor compreender a artista e sua obra, a Fundação Stickel colaborou com o Projeto Contrapartida de Vera, e agora oferece, nesta publicação, as ferramentas necessárias para se entender sua trajetória.

Vera trabalhou em várias frentes. Sua trajetória é interessantíssima e recentemente incluiu uma forma de “atletismo artístico”, o pleno uso do vigor físico na fatura artística… Vera, porém, não descuida de aspectos espirituais e místicos – pois, ao final das contas, onde está a alma da obra de arte? Essa talvez seja a pergunta principal que se coloca em seu trabalho.

Alquimistas (ainda os há hoje… ) e artistas plásticos trabalham de maneira similar, trancados em seus estúdios e laboratórios, destilando bem guardadas sabedorias, muitas vezes mantendo seu trabalho propositalmente escondido do mundo.

O curioso na Vera é que o resultado de seu trabalho caminha no sentido oposto ao dos alquimistas tradicionais, que agregavam em seu cadinho substâncias exóticas e preciosas, para delas depurar conhecimento, sabedoria e poder.

Vera, na solidão do estúdio, tomou um caminho avesso para obter a pedra filosofal.
Seu objetivo? Chegar ao elemento primordial da pintura, isolar e capturar sua alma, sua essência, despindo-se no processo de todas as substâncias, excessos e acessórios, físicos e mentais. Um caminho difícil e tortuoso, que se revela claro e luminoso ao final .

Quanto mais Vera Martins desconstrói sua obra, mais ela própria se constrói.

Fernando Stickel
Outubro de 2011

é isso, por fernando stickel [ 15:09 ]

ernesto bonato

rian
O Edifício Rian na Liberdade, centro de São Paulo, de leve inspiração “art-deco”, fica a um quarteirão do Forum João Mendes. Localizado na R. da Glória 279, sítio altamente improvável (segundo minha bússola…) para uma galeria de arte.
Fui atraido por este endereço porque lá abriu no último sábado na Galeria Mezanino a primeira exposição de pinturas de Ernesto Bonato, na minha opinião excelentes!
Conversei com o artista e descobri que ele é um dos fundadores do Atelier Piratininga, ond é professor, e que foi aluno do mestre gravurista Evandro Carlos Jardim.

rian2
Ao entrar no prédio, a sensação de um bunker militar russo da Guerra Fria…


A exposição.

é isso, por fernando stickel [ 13:41 ]

magy imoberdorf

Recuperando boas memórias do dia 4 fevereiro 2006:


O dia começou bem com este excelente artigo sobre a exposição de hoje, no Estadão:

Magy Imoberdorf cria obras com madeira e desenhos. A artista gráfica suíça exibe no Espaço Fundação Stickel da Fundação Stickel suas esculturas de parede em que valoriza o trabalho manual.

Camila Molina

A suíça Magy Imoberdorf recolhe madeiras e outros objetos nas caçambas das ruas de São Paulo ou de Nova York – e como ela diz, é incrível como se jogam no lixo materiais interessantes e que podem ser reaproveitados. Amigos também, ao saber de seu gosto, lhe fornecem pedaços de madeira que se transformam, depois, em esculturas de parede ao receber os desenhos da designer gráfica. “No Brasil há um certo medo do trabalho manual, ele é até desvalorizado. Na Suíça, onde nasci, sempre fizemos trabalhos manuais, desde a escola”, diz Magy, que exibe, a partir de hoje, na Fundação Stickel, uma série de 18 de suas novas criações.

Sobre pedaços de madeira encontrados a artista cola desenhos que representam retratos das pessoas à sua volta, animais e as flores de seu jardim. Em seu processo criativo, há um gosto por usar as mãos – Magy lixa o material, corta, trata com a encáustica, misturando verniz e cera de abelha. Algumas vezes, também, ela usa a madeira no estado em que foi achada – pode o material ter sofrido queimaduras ou cortes irregulares, pode um estrado se transformar no que seria a representação de um banco. Magy usa os defeitos e qualidades do material a seu favor e até cores ela vai descobrindo nos diferentes tipos de madeira que utiliza, um processo simples de apropriação de objetos reciclados – ela também incorpora chapas de metal e plástico.

Como diz a artista, que chegou ao Brasil em 1969, nessa série o desenho vem primeiro – desenhar é prática recorrente em sua vida, desde também a época de escola. “Como aqui há um problema grave de umidade e os desenhos mofam, comecei a procurar desenhar em materiais não perecíveis como pedras e discos e agora uso madeira”, conta Magy. Nessa série, que vem desenvolvendo há cinco anos, Magy primeiro realiza os desenhos em papel Kraft e depois os aplica à madeira, algumas vezes usando cera quente.

Suas esculturas de parede, ou relevos, são de grande porte – há obras que chegam a ter dois metros de altura. São cenas simples representadas: uma senhora tricotando ao lado de dois cachorros; um casal e um menino; uma fruteira sobre uma bandeja; folhagens. Mas vale dizer que alguns de seus últimos trabalhos caminham para a abstração. “Sempre trabalhei o figurativo, mas gosto de um tipo de figurativo contemporâneo, revisitado, misturado com a abstração”, diz. Nas obras deste tipo, Magy sobrepõe madeiras com diferentes recortes e cores e, dessa maneira, os relevos vão ficando cada vez mais espessos. Ela também faz questão de deixar aparente os parafusos indicando que função e estética estão juntos.

Durante o período de sua exposição, a partir do dia 6, Magy Imoberdorf vai participar de encontros promovidos pela Fundação Stickel com crianças e catadores de lixo para mostrar como o uso de materiais reciclados pode se transformar num agradável processo de criação de objetos.

(SERVIÇO)
Magy Imoberdof. Espaço Fundação Stickel. R. Ribeirão Claro, 37, V. Olímpia, 3849-8906. 14h/20h (fecha dom.). Grátis. Até 24/2. Abertura hoje, às 16h


Cenas da abertura da exposição de Magy no Espaço Fundação Stickel.

é isso, por fernando stickel [ 12:00 ]

avenida brasil


Avenida Brasil foi o máximo, me diverti muito. A performance de Adriana Esteves simplesmente chocante, impecáve!
Suelen, Adauto, Cadinho inesquecíveis!!!
Parabéns a todos!!!

é isso, por fernando stickel [ 9:10 ]

raquel welch


Raquel Welch

é isso, por fernando stickel [ 23:41 ]

lisette model

lisette
A fotógrafa Lisette Model (1901-1983) gostava de retratar extremos. Os muito ricos ou os muito pobres, feios e bonitos, etc… Diane Arbus tomou-a por sua mestre, amiga, conselheira.

é isso, por fernando stickel [ 22:39 ]

jimmy csi

jimmy-csi
Que tipo de memória visual tem um cão? Será possível “ler” a memória de um cão, ou de qualquer outro animal?
Hoje de manhã, passeando com Jimmy Hendrix no Viveiro Manequinho Lopes totalmente deserto, em um domingo cinza, frio, sem ninguém por perto, fiquei pensando nisso, e a questão assumiu a forma de uma fantasia, um conto, uma história fantástica. Várias versões são possíveis:
Ficção científica
Eu sou abduzido por alienígenas, e a única testemunha é o Jimmy. Simultâneamente pilotos de aviões em procedimento de pouso no Aeroporto de Congonhas detectam forte anomalia magnética, suas bússolas ficam loucas por alguns segundos, o fato é reportado.
Um cientista na USP pesquisa a retenção de imagens em animais. Jimmy é encontrado vagando sozinho, seu dono desaparecido. As histórias se cruzam…
CSI
Eu sou assassinado silenciosamente com uma pancada na cabeça por um louco que se esconde no meio do mato, mais uma vez a única testemunha é o Jimmy. O cadáver não oferece nenhuma pista aos investigadores do crime. Simultâneamente a polícia de algum lugarejo distante no Canadá investiga um acidente mortal com um urso pardo, onde as únicas testemunhas são o urso e o cão da vítima. Um zoólogo/veterinário que vem investigando a memória de animais se associa a um pesquisador em bio-engenharia para tentar “ver” o que o cão da vítima viu. Novamente as histórias se cruzam…
A história se transformará em um filme, dirigido naturalmente por David Lynch. A câmera passeará ao nível do chão, investigando em “Close-up” os olhos, ouvidos e narinas da testemunha, entrando a seguir em seu cérebro e suas sinapses…

é isso, por fernando stickel [ 10:59 ]

baravelli setentão


Meu mestre e amigo Luis Paulo Baravelli completa hoje 70 anos de idade!!! E continua sendo um menino brincalhão!
SETENTA!!!
Long live Baravelli!!

Conheça aqui sua obra completa.

é isso, por fernando stickel [ 21:53 ]

mini-livro

friedman
Olha só o tamanho deste mini-livro!

é isso, por fernando stickel [ 8:52 ]

da fiorella & stickel


Desenho de Dezembro 1989.
Lá no final dos anos 80 e começo dos 90 eu frequentava o delicioso restaurante de massas Da Fiorella, na Rua Bernardino de Campos no Brooklin Paulista.
A proprietária era minha amiga Mara Baldacci, e o restaurante era muito charmoso e decorado com centenas de desenhos, gravuras, vários deles de autoria dos amigos da casa.
A toalha da mesa era de papel, e invariavelmente eu desenhava alguma coisa.
A Mara acaba de me enviar imagens de alguns destes desenhos, que adorei rever!!
Obrigado Mara!!

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Desenho de 1993.

é isso, por fernando stickel [ 10:01 ]

rouxinol 51, o catálogo

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A capa do catálogo

Em 2005/06 a Fundação Stickel dedicava-se ao projeto de implantação, ao longo de três anos, de um “Centro de Pesquisas sobre a Escola Brasil: e a Arte Contemporânea Paulista”, sob coordenação da Profª Drª Claudia Valladão de Mattos, constituindo um espaço de referência sobre este tema, aberto ao público, com múltiplas atividades, inclusive banco de dados informatizado.
A Escola Brasil: fundada em 1970, pelos artistas Luiz Paulo Baravelli, Carlos Fajardo, Frederico Nasser e José Resende, funcionou como instituição de ensino entre 1970 e 1974 e opôs-se às formas pedagógicas tradicionais. Sua proposta de aprendizagem baseava-se na vivência e na atividade artística como experimentação, apoiando-se fortemente no modelo de formação recebido pelos seus fundadores na convivência com Wesley Duke Lee.
Procurando romper com as formas de ensino tradicionais, fundadas numa relação autoritária entre professor e aluno, os quatro artistas organizaram a Escola, não em torno de um currículo fixo e progressivo, mas em torno das personalidades de cada um dos fundadores. Os Ateliês tinham o nome de seus professores com a constante modificação do conteúdo de acordo com a orientação do professor.

Este trabalho de pesquisa resultou na exposição ROUXINOL 51 – UM OLHAR SOBRE A ESCOLA BRASIL: com a edição de um catálogo, com projeto gráfico de Iris Di Ciommo e texto da Profª Drª Claudia Valladão de Mattos, a seguir:

“Arte é muitas coisas”:
sobre a Escola Brasil: e o ensino da arte contemporânea

Prof. Dra. Claudia Valladão de Mattos

Rouxinol 51. Nesse endereço funcionou entre 1970 e 1974 a Escola Brasil:. Seus fundadores, os jovens artistas Baravelli, Fajardo, Nasser e Resende, possuíam uma história comum de aprendizagem com Wesley Duke Lee, alguma experiência como professor e o desejo de realizar uma revolução no ensino das artes. De acordo com Baravelli, a idéia inicial de fundar uma escola foi de José Resende e surgiu na época em que, após terem sido ‘diplomados’ por Wesley, os quatro passaram a compartilhar um mesmo ateliê: “Um dia ele falou: ‘Olha, vamos lá no bar pedir um chopp que eu preciso conversar uma coisa com vocês aí, quero fazer uma proposta.’ ‘Está bom, vamos lá’. ‘Vamos fazer uma escola.’ ‘Escola? Como? Quem? Como fazer uma escola?’ ‘Essa coisa que a gente está fazendo aqui, a gente pode expandir, aumentar e tal’”.
Pouco depois, a experiência de ateliê comum terminou, tendo cada um alugado seu próprio espaço, mas a idéia da escola permaneceu viva. Ainda de acordo com Baravelli, nos dois anos seguintes os quatro artistas passaram a fazer uma espécie de teste piloto do que poderia ser a escola, até finalmente decidirem de fato realizá-la: “tínhamos discussões contínuas tentando dar corpo ao que seria o nosso ensino, o que seria a Escola Brasil:”, lembra Fajardo.
Claro estava que o fundamento da escola deveria ser suas próprias experiências como artistas. Mas que experiência exatamente tinham esses quatro jovens no momento da fundação da Escola Brasil:? E por que tal experiência exigia um novo projeto pedagógico?

Devemos lembrar que os quatro artistas começaram suas carreiras durante um período especialmente significativo para a história da arte brasileira. A passagem dos anos 60 para os anos 70 foi marcada por grandes transformações políticas, econômicas e sociais que alteraram significativamente o cenário das artes em São Paulo. Foram os anos da ditadura e da articulação de novas formas de resistência e sobrevivência cultural, mas também os anos do‘milagre econômico’ que proporcionou as condições para o surgimento da cultura de massas, para o nascimento de um mercado de arte, propriamente dito, e para uma internacionalização da produção artística. Ampliaram-se, num espaço relativamente curto de tempo, os horizontes tradicionais da arte, e ela passou a se caracterizar fundamentalmente por uma intensa experimentação, tanto no que se refere aos materiais, quanto a conceitos.

O convívio com Wesley Duke Lee havia posto os quatro artistas, desde muito cedo, em contato direto com os debates sobre arte que se desenvolviam então em São Paulo. As atividades do Grupo Rex, organizadas em torno da figura irreverente de Wesley, das quais participaram ‘milagre econômico’ que proporcionou as condições para o surgimento da cultura de massas, para o nascimento de um mercado de arte, propriamente dito, e para uma internacionalização da produção artística. Ampliaram-se, num espaço relativamente Resende, Fajardo e Nasser, atualizavam o pensamento de Duchamp, questionando as formas geralmente aceitas de arte, denunciando a relação entre arte e mercado e propondo novos modelos de atuação para o artista. No final da década de 60 também se multiplicaram as oportunidades para dialogar com a produção artística internacional mais recente. Um dos espaços privilegiados para isso eram as Bienais. A Bienal de 1967 trouxe uma mostra da arte Pop, por exemplo, e em 1969 uma exposição de arte conceitual. O MAC-USP, sob a direção de Walter Zanini, também tornou-se fórum da nova arte no início dos anos 70, abrindo espaço para exposições de jovens artistas e valorizando uma produção conceitual.

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Fajardo e Baravelli

Os futuros fundadores da Escola Brasil: circulavam por estes espaços e discutiam os novos rumos da arte. Nesse contexto, surgiu uma questão central: se a arte deixou de ser definida através de seus meios artesanais tradicionais (pintura, escultura, desenho, gravura) para ampliar-se e tornar-se “muitas coisas”, para citar a definição de arte que mais tarde nortearia as atividades da Escola Brasil:, as formas tradicionais de ensino da arte também deveriam mudar. Sabemos que o ensino tradicional das “belas artes” organizara-se, ao longo de vários séculos de tradição, em torno dos gêneros tornou-se fórum da nova arte no início dos anos 70, abrindo espaço para exposições de jovens artistas e valorizando uma produção conceitual. Os futuros fundadores da Escola Brasil: circulavam por estes espaços e discutiam os novos rumos da arte. Nesse artísticos que definiam o campo da arte então. Assim, o aluno ingressando em uma instituição voltada para a formação de artistas passaria por diversos ateliês onde as técnicas tradicionais vinculadas a cada um dos gêneros da arte eram transmitidas. Este cânone acadêmico mantinha-se, paradoxalmente, ainda vivo na década de 70 (e, diga-se de passagem, continua sendo adotado por muitas instituições de ensino de arte hoje), mesmo sendo totalmente incoerente com o novo modelo ampliado de arte que estava sendo adotado por uma nova geração de artistas.

Encontrar uma nova proposta de ensino que estivesse em sintonia com os novos modelos teóricos contemporâneos que circunscreviam o campo das artes, tornou-se o desafio principal dos quatro artistas fundadores da Escola Brasil:. Esta tarefa realizou-se não sem muita discussão e experimentação no decorrer dos anos em que funcionou a Escola. Se a Escola Brasil: deu alguma contribuição significativa para o campo das artes em São Paulo, foi através da realização desse novo modelo pedagógico. Um modelo que poderíamos denominar de “didática do processo” (por razões que ficaram claras a seguir) e que se mostrou mais coerente e em sintonia com uma definição contemporânea de arte.

A apostila que definia os princípios e objetivos da Escola Brasil: abria com as seguintes palavras que deixavam claro as intenções de seus autores: “Brasil: não é uma escola de arte no sentido usual. Nas escolas de arte, em geral, o que interessa primeiro são as matérias, o aprendizado ‘teórico’. Elas estão preocupadas com os resultados imediatos e com a especialização, dando aos alunos um falso conhecimento artístico, fragmentando-o e reduzindo-o a modalidades acadêmicas de expressão. Em Brasil: o mais importante é o interesse do aluno e suas experiências. A ênfase está na experimentação constante, na investigação do processo criativo, no investigar durante o fazer, no conhecimento artístico como um todo.” Concluindo: “O processo de envolvimento do aluno durante o trabalho interessa mais do que o resultado final desse trabalho.”
Os princípios fundamentais expressos aqui valorizam o elemento conceitual (em sentido amplo) da arte, expresso através da idéia de processo. A arte deixou de ser definida através de seus materiais intrínsecos para tornar-se reflexão sobre a realidade, produzida por uma mente criativa e investigativa que lança mão, para tanto, de qualquer tipo de material para expressar-se.

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Créditos das imagens do catálogo

A estrutura do curso da Escola Brasil: espelhava esta concepção contemporânea de arte. Ao invés de organizar a Escola por ateliês ligados a diferentes meios: pintura, gravura, escultura, etc., Baravelli, Fajardo, Nasser e Resende optaram por distribuir as aulas em quatro ateliês, cada um vinculado a um deles. Nesses ateliês ocorriam atividades as mais diversas, visando estimular a criatividade e a capacidade discursiva do aluno. “A minha idéia era fazer perceber que a arte é uma linguagem que opera em todos os níveis”, recordaria Frederico Nasser em um depoimento para a revista Arte em São Paulo, em 1984.
Aprender a operar com essa linguagem seria o objetivo primeiro do curso. A apostila Brasil: descreve alguns dos exercícios idealizados para cada ateliê. Fajardo, por exemplo, propunha diferentes temas e pedia para que os alunos se manifestassem. Remontar um texto de James Joyce, criar uma topografia com massa de modelagem, ou trabalhar a partir do I-Ching, eram algumas das atividades propostas. Já o José Resende priorizava a questão da relação aluno/espaço, desenvolvendo atividades como caminhar pela escola com um rolo de barbante, ou realizar uma intervenção no espaço, acendendo e apagando as luzes. Tais investigações sobre o espaço ocorriam também fora da sala de aula, em exercícios denominados “atividades de percurso”, onde os alunos saíam para explorar a malha urbana da cidade de São Paulo.

O conceito ampliado de arte que embasava a pedagogia da Escola Brasil: permitiu ainda a ampliação do âmbito de formação do aluno. Aprender a operar de forma criativa com a linguagem das artes plásticas poderia não só ajudar na formação de um artista, mas também de outros agentes culturais, como galeristas, diretores de museus, etc.
A herança duchampiana que marcava o modelo de arte adotado pelo fundadores da Escola alertava para a impossibilidade de compreender a arte fora de seus circuitos e este princípio era levado a sério. Assim, a Escola Brasil: ajudou a formar alguns galeristas, como Luisa Strina e Regina Boni, designers e outros profissionais vinculados ao campo das artes que, como vimos, se expandia em São Paulo.

Um olhar retrospectivo sobre as atividades da Escola Brasil: nos anos de sua atuação talvez nos permita considerá-la como a primeira escola de arte verdadeiramente contemporânea em São Paulo. A presente exposição que traz uma série inédita de fotografias tiradas durante os anos de funcionamento da Escola, acompanhada de trabalhos dos alunos realizados na época, configura-se como uma tentativa de reconstruir o cotidiano da escola e com ele ressaltar a originalidade do projeto pedagógico desenvolvido ali.

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Placa da Av. Rouxinol em Moema, São Paulo, onde se localizava a Escola Brasil:

é isso, por fernando stickel [ 14:36 ]

eduardo lunardelli

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Na última sexta-feira recebi na Fundação Stickel o meu amigo Eduardo Lunardelli, e recebi de presente simpático opúsculo de suas poesias: Poema [ENTRE CHAVES]
Conversamos horas sobre o delicioso ofício de fazer livros, sobre os tempos de Escola Brasil:; as artes, os trabalhos da Fundação, enfim, colocando a conversa em dia durante longo almoço na Praça São Lourenço.
Eduardo lançará a seguir um livro sobre sua experiência como blogueiro, seu blog principal é o “Varal de Idéias”

é isso, por fernando stickel [ 13:39 ]