Meu texto de apresentação do livro:
“A Fundação Stickel tem grande prazer de atender mais uma vez ao chamamento público do CAU/SP – Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, e assim elaborar juntamente com o autor Eduardo Ferroni e a Editora Monolito, a publicação do livro “Salvador Candia, arquiteto”.
A colaboração da Fundação tem um significado especial, pois seu instituidor, meu pai, Erico João Siriuba Stickel, era muito amigo do Salvador e seus irmãos, Rubens e Filomena (Minuta), com quem também convivi.
Jovem estudante de arquitetura tive o privilégio de trabalhar no escritório do Salvador, inicialmente como estagiário, e na sequência, já formado, como arquiteto.
A experiência foi muito rica, pois o contato com o mestre era próximo, e o aprendizado facilitado pelo braço direito do Salvador, o arquiteto Yasuhiro Aida, que preenchia com gosto as lacunas.
Participei de projetos residenciais e comerciais e recebi com muito gosto a missão de desenhar a fachada do Edifício Barão de Iguatemi, que, modéstia à parte, ficou linda!
Nascido em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Salvador era na verdade um italiano enraizado em São Paulo, detentor de cultura enciclopédica e um guarda-roupa europeu. De gostos sofisticados, aprendi com ele, no universo mundano, a apreciar bons charutos.
No período em que trabalhei, o escritório localizava-se no Edifício Filizola, projeto de Franz Heep, em frente à Praça Dom José Gaspar, em cujos arredores vivia-se a a rotina diária e onde se localizavam a Biblioteca Mario de Andrade e a Galeria Metrópole, projeto do Salvador em parceria com Giancarlo Gasperini, recém concluído na época.
A convivência diária no escritório, com toda a equipe, cimentou meu aprendizado da arquitetura, o pouco que sei foi lá que aprendi. Obrigado Salvador!”
Sandra Pierzchalski, do Conselho Curador da Fundação Stickel, discursa no lançamento do livro na sede do CAU/SP em São Paulo.
Nascido em Campo Grande, no Mato Grosso, Salvador Candia mudou-se com a família para São Paulo em 1933, onde formou-se arquiteto no Mackenzie em 1948.
Na faculdade, articulou – juntamente com Carlos Millan e Jorge Wilheim – a criação da revista Pilotis. Em 1947, faz uma viagem aos Estados Unidos, onde conhece, entre outros, Bernard Rudofsky e Philip Johnson, e entra em contado com a obra de Mies van der Rohe.
Em 1948, integra o grupo de ativistas culturais que funda o Museu de Arte Moderna de São Paulo, participando, posteriormente, da organização das Bienais de Arte organizadas pelo Museu. Após colaborar nos escritórios de Rino Levi, Oswaldo Bratke e Vilanova Artigas, inicia sua trajetória vencendo concurso da Estação Ferroviária de Pampulha, com parceria com Plinio Croce e Roberto Aflalo.
Entre as décadas de 1950 e 1980 Candia realizou uma série de edifícios de escritórios e apartamentos em São Paulo, sendo considerado o mais mieseano dos arquitetos brasileiros. Em sua produção, destacam-se o edifício João Ramalho (1954) – também com Croce e Aflalo, premiado na 4a Bienal de São Paulo –, o conjunto Ana Rosa (1957), o edifício Metropolitano (1960), com Gian Carlo Gasperini, o edifício Villares (1961), os edifícios Santa Cândida e Santa Francisca (1963), o edifício Joelma (1968) e Nações Unibanco (1964). Foi professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, dirigindo a instituição entre 1967 e 1969.