Como capotei (e desvirei) um veleiro no canal de São Sebastião.
Lá nos anos 80 saí em um Hobie-Cat da praia do Curral na Ilhabela, SP cerca de 16:00h, velejando sozinho e vestindo apenas uma sunga.
O dia estava semi-nublado com sol intermitente e vento moderado, e fui avançando para o centro do canal onde o vento é mais forte.
De fato o vento aumentou, estava muito gostoso velejar… no meio de uma orçada uma rajada mais forte fez o barco capotar, o mastro apontado para o fundo do mar, a pior maneira de capotar.
Aí comecei a fazer a manobra conhecida para desvirar um Hobie Cat, que é fixar um cabo em um dos flutuadores, subir no flutuador oposto e puxar, fazendo uma alavanca usando o peso do corpo. Na teoria é perfeito, só que o vento havia aumentado muito, o sol sumiu por completo e eu comecei a ficar com frio.
Uma, duas, três, dez tentativas e nada. Meus músculos começaram a não reagir mais, eu tremia muito, a forte correnteza me levava rapidamente na direção de um enorme petroleiro ancorado no meio do canal, o medo me fez continuar nas tentativas de desvirar o veleiro.
Finalmente, quase exausto consegui desvirar o barco, já quase em cima do petroleiro, que imenso e preto me ameaçava na tarde que escurecia. Consegui escapar do monstro, fiz o bordo e tentei voltar para a Praia do Curral. A estas alturas a correnteza fortíssima já havia me levado pelo menos uns dez km em direção ao Norte da Ilha, e mesmo velejando a todo pano, ainda assim eu ia para trás, perdendo terreno, cada vez mais distante da praia do Curral.
Tomei a decisão, embiquei em direção à terra firme e parei na Praia do Pinto, com as últimas forças baixei a vela e puxei o barco para fora do alcance das ondas.
Enregelado e tremendo muito subi os degraus para a casa do meu tio Ernesto George Diederichsen, no promontório entre a Praia do Pinto e Ponta Azeda, e voltei à civilização. No dia seguinte voltei para buscar o Hobie Cat.
Sobrou da experiência a importante lição: NUNCA DESAFIE O MAR!!!!! Não saia sem roupa adequada e equipamento de segurança, o tempo pode virar, você é um nada na natureza…
Divirta-se com responsabilidade, o medo que passei nesta aventura me serve de alerta até hoje.
3 comentários
abbondio
novembro 8th, 2009 at 21:54
Tsc, tsc…Faltou um detalhe fundamental: Soltar o cabo da vela da catraca, antes de realizar a operação, (O que custa um mergulho extra) pois com a vela solta o vento mais forte, não atrapalha tanto a ação, hehe! Ajudei muitos desavisados, inclusive alguns com seus de 16 pés, o que já fica um pouco mais complicado, mas na calma, totalmente praticável!
Csrlos
abril 30th, 2021 at 22:56
Em que ano foi isso amigo? RS
fernando stickel
abril 30th, 2021 at 23:02
Carlos, provavelmente primeira metade dos anos oitenta…
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