Sobre segurança no trânsito – Seis anos depois.
Respondi ao comentário da minha leitora Tania neste post de 2003 assim:
Tania, pelo seu e-mail dá para entender que você trabalha na CET – RJ.
Vou me estender um pouco mais na minha resposta, acredito que possa assim contribuir para a melhoria do nosso trânsito.
Sou um daqueles “moleques” que aos 13 anos de idade já era “tarado” para guiar carro, motocicleta, carrinho de rolemâ, qualquer coisa com rodas. Aprendi a guiar com meu pai em uma Rural Wyllis câmbio “seco”.
Sempre guiei bem, tirei a carta, e nestes anos todos (estou com 61 anos) me envolvi em meia dúzia de acidentes sem gravidade, o mais grave foi um capotamento na Rio-Bahia em 1969, sem o envolvimento de outro veículo.
Havia passado o carnaval em Salvador, com um amigo, e na volta eu guiava meu Fusca 68 na Rio-Bahia sob uma garoa fina, a cerca de 80 km/h, quando vi uma mancha lisa, brilhante no asfalto, logo à minha frente.?Não teve jeito, derrapei parra direita, corrigi, sambei pro outro lado, atingi o ombro da estrada e capotamos barranco abaixo.?Eu cortei o supercílio e o meu amigo, quando saiu do carro e subia o barranco, cortou o joelho.
Deste acidente ficou gravado na minha mente o “filme”, ou seja, a sequência exata de eventos que levaram ao acidente e finalmente os barulhos e o caos resultante.
Em todos os outros acidentes, quase sempre em baixa velocidade e em área urbana, o fator preponderante foi a distração, bater no carro da frente, acertar a coluna da garagem, etc… Houve também o fator ousadia, achar que dá para passar e dar aquela “ralada”…
Revendo os “filmes”, comecei a pensar no desgaste, tanto emocional quanto prático, financeiro, que cada um destes acidentes gera, o contato com o outro motorista, troca de cartões, acionar o seguro, a oficina, ficar sem o carro, etc… etc…
Já faz muitos anos que não me envolvo em nenhum tipo de acidente, ando forte na estrada, sei fazê-lo muito bem, mas não tomo riscos desnecessários. Fiz um curso de pilotagem, participo de rallyes de carros clássicos no Brasil e no exterior, sou ciclista e motociclista. No meu blog você pode verificar relatos de todas estas atividades.
Posso garantir que meu principal recurso para não me envolver mais em acidentes é “fazer o filme”.
Estou permanentemente projetando na minha mente o desenrolar das minhas ações no trânsito, e suas possíveis consequências, o que me propele a ficar atento, tirar o pé do acelerador, etc…é o medo daquele barulho da capotagem que ficou indelevelmente gravado na minha memória.