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parna mantiqueira

mantiqueira
O resumo da audiência pública realizada ontem na ETEC – JOÃO GOMES ARAÚJO, RUA PROFESSOR em Pindamonhangaba (veja post abaixo) que durou das oito à meia-noite e teve muito bate-boca e gritaria, foi o seguinte:
-A turma de Brasília comprometeu-se a entregar em 15 dias documentos inteligíveis às prefeituras.
-As comunidades terão 60 dias para analisar estes documentos, e a partir daí serão marcadas novas audiências públicas.

Meus comentários:
1. Ficou muito clara a intenção do Governo Federal em enfiar goela abaixo das comunidades, rápidamente, este mega-projeto. (quiçá com objetivos de reforçar a imagem internacional de um Brasil responsável ecológicamente…)
2. A falta de clareza do material técnico não permitiu a identificação nítida de quem foi afetado pela proposta de criação da reserva.
3. É evidente a falta de detalhamento no projeto de como será EFETIVAMENTE protegida a reserva uma vez criada, pois é notória a falta de capacidade do governo em preservar aquilo que já está tombado e protegido.
4. É também falho o projeto na definição do que fazer com a população que terá que abandonar suas propriedades e suas atividades produtivas.
5. Não existe previsão orçamental para pagamento das desapropriações, ou seja, mais uma vez o Governo Federal prepara caridade com o chapéu alheio.
6. Apesar da importância do tema, e da enorme quantidade de famílias envolvidas, não houve interesse do Ministério do Meio Ambiente em divulgar o assunto, não vi até agora um único pio sobre ele na imprensa.
7. As audiências públicas são uma conquista democrática, porém correm sério risco de serem apenas pro-forma, para cumprir o ritual necessário à criação da reserva.

é isso, por fernando stickel [ 10:12 ]

8 comentários

Claudia Brunckhorst Thielemann

dezembro 9th, 2009 at 13:10

Fernando, estive lá – “goela abaixo” é um termo muito suave para o que querem fazer, com esse projeto sem estudos sócio-econômicos sobre o impacto sobre os atingidos direta ou indiretamente, falta de planejamento/previsão orçamental, falta de compromisso social, falta de consideração com a nossa inteligência. Acredito que o compromisso a que chegaram é razoável – mas como atualmente “os barbudinhos” acham que são os reis da cocada preta, e esse projeto envolve $$ e empregos públicos, além da imagem lá fora, pode ser, mesmo, que como Você diz, escutarão o povo só pro-forma, por estarem já, com as costas quentes, cientes de que não haverá mais nada a fazer – é o que está aí, é o que é, esperneiem, idiotas. É o que ouvimos aqui, de quem diz que sabia porque parece também ser um ser superior, mais bem dotado do que aqueles que trabalham e vivem da sua terra, preservando o meio ambiente bem melhor do que o Governo será capaz de fazer.

Débora Murgel

dezembro 9th, 2009 at 14:07

Concordo plenamente com o Fernando. Também estive na audiencia publica,e sai de lá com mais duvidas ainda. Sou proprietaria na referida area
A Fazenda Renópolis da qual eu e minhas 2 irmãs somos proprietárias está em nossa família há quase 100 anos. Maior do que seu valor financeiro é o amor que temos por aquelas terras; nosso sangue, nosso suor e nossa dedicação constante para a preservação da fauna e flora estão entranhadas em cada árvore e cada ser vivo ali existente. A pedreira de granito que embeleza nossa mata, poderia ter sido há anos explorada e dinamitada, se meu pai, tivesse se preocupado em ficar milionário, mas seu amor pelas terras e o desejo de preserva-la, sempre nos foi maior que qualquer lucro financeiro que pudéssemos ter. Estamos recuperando áreas que antes eram pastagens, visando o aumento da mata.

O grande sonho que possuo, bem como o de minha irmã é de transformarmos a fazenda em uma RPPN e criar um centro de recuperação e reintegração de animais silvestres, visto que a própria polícia florestal tem solicitado nossa ajuda neste sentido, infelizmente, por falta de recursos financeiros, ainda não podemos colocar em prática nosso sonho.
Agora vejam vocês, meus amigos, que cruel é o destino! ESTAMOS SENDO PUNIDOS POR PRESERVAR NOSSAS TERRAS!!!!
Por que o governo não toma as terras de pessoas que estão destruindo, degradando a natureza e não as recuperam????? Por é muito mais fácil, pegar de quem a vem preservando há anos!

Entendo que o correto seria termos ajuda do governo para continuarmos preservando, não vejo problema inclusive, num monitoramento das terras, para que as mesmas continuem sendo preservadas, talvez até, apoio de grandes empresas preocupadas com a preservação do meio ambiente, mas para isso, não é necessário, nos tirar de nossas terras, como se fossemos criminosos.
Creio que devemos fazer uma monção contra o parque nestes termos com o maior numero de assinaturas possivel, para que eles tenham a noção do numero de pessoas afetadas
Débora
contato@renopolis.com.br

Fernando Di Paolo

dezembro 9th, 2009 at 22:44

Olá
Possuo pequena propriedade em Marmelópolis.Quando descobri sobre o Parque,fui no site do ICMbio,e lá achei o detalhamento por município;vejam:

http://www.icmbio.gov.br/ChicoMendes/consultaPublica/downloads/Proposta_PARNA_Altos_da_Mantiqueira_01.pdf

Ali está claro quem será afetado de fato;são poucas propriedades,algumas bem grandes,sempre em locais já vedados ao uso há muito tempo pela legislação,tanto pela altitude,ou pela presença de nascentes,florestas,etc.
A Débora devo dizer que,a não ser que tenha sido notificada,a dita fazenda está fora da área do futuro parque.É só olhar.
Também não concordo que deva ser criado o tal parque.Mas a verdade é que ele vai afetar diretamente a pouca gente.O que vai acontecer é que a fiscalização vai aumentar muito;margens de rio,nascentes,etc,terão que ser respeitadas.E o povo não gosta disso.Em Marmelópolis somos os únicos,literalmente,a ter fossa nas casas.Lá, 90% do povo rural tem a casa na beira do rio,e o esgoto cai diretamente nele.Sem falar que mata ciliar lá não existe,a não ser em pouquíssimos pontos,inclusive no nosso sítio,onde antes não existia.
Acho que antes de criar o parque,deveriam era fazer cumprir a legislação vigente.O problema é que isso iria afetar a quase todos ali.Mas tem que ser feito.A preservação de espécies raras,ambientes únicos,e geração de água,neste mundo em aquecimento,é mais importante.Contra o parque,mas a favor da natureza!

Débora Murgel

dezembro 10th, 2009 at 10:39

Concordo com voce Fernando que os parques são necessarios e não sou contra eles, mas sim pela forma que ele esta sendo feito.Eu ferifiquei o mapa e 88% da minha propriedade esta dentro do parque no meu site voce pode conhecer um pouco mais a meu respeito e da fazenda http://www.renopolis.com.br
O maior problema é que depois de desapropriado os proprietarios NÂO rececebem a dita indenização oque acontece com dezenas de parque já criados, além disso como acontesse em diversos parques eles não tem pessoal suficiente nem equipamentos para protejer a area, começando a ação de palmiteiros, caçadores, fogo etc…Se esses proprietarios que estão a anos cuidando, preservando e recuperando sairem, o que vai acontecer?

Fernando Di Paolo

dezembro 10th, 2009 at 21:41

Mas Débora,vc foi notificada?se não foi,é porque está fora.Verifique as coordenadas.
E concordo com vc,eles querem apenas roubar a terra dos outros,e posar de ambientalistas.Note que a iniciativa principal é governo(desgoverno) de SP e Minas,ambos pré candidatos…O povo da cidade acha esse negócio de parque lindo.Como a Amazonia,todo mundo acha lindo e ninguém vai!

Lavinia Junqueira

dezembro 15th, 2009 at 19:19

Gente, primeiro eu quero parabenibilizar o Fernando, Debora e Ana. Este é o primeiro blog sensato que eu vejo discutindo este projeto maluquinho.
Segundo eu quero dizer que estou em uma situação muito parecida com a da Debora, acontece que o Parque pega 100% das minhas terras e as terras eram do meu trisavo, estamos aqui faz 150 anos. O projeto tambem pensa em desapropriar o meu hotel http://www.vistadamata.com.br
Eu não fui notificada, a não ser pelo prefeito e pelo site do ICMBIO. Estou protegendo estas terras por vontade do meu trisavo, custa caro, mas e o prazer e o sonho que eu tenho de vida cuidar disto aqui, envelhecer aqui e contar para os meus netos a historia da minha vo, do seu pai e do seu avo, sera que e pedir demais. Igualmente quero fazer RPPN, mas ate agora nao tinha o dinheiro (R$ 75 mil) e a fronteira e dificil de acessar, sendo que aqui chove 4 meses por ano.
Bom, vou ter que correr atras agora para tentar ficar fora do Parque.
Vejam, ha muita coisa por tras disso: agora as terras vao se valorizar pelo ativo ambiental que tem, e o governo quer se apropriar desse valor e nao nos pagar, criando o Parque antes da valorizacao da terra. Tambem o governo quer cobrar impostos da CEMIG, AES, Furnas, SABESP, etc., e nao quer passar os creditos ambientais para os atuais proprietarios, como por exemplo a cidade de Extrema vem fazendo e o governo poderia muito bem fazer.
Estive no Parque do Itatiaia e fiquei impressionada com a inversao da ordem que vige por la: os moradores e hoteleiros, que nao puderam sair de la pois nao foram ate hoje indenizados faz mais de 70 anos, sao considerados culpados ate prova em contrario, o que so se faz na justiça federal gastando tubos de dinheiro. Arrumar estrada, criar boi, por exemplo, sao atividades irregulares. O coitado do povo pobre que la mora so fica levando multa e inquerito, inquerito e multa, daqui ha pouco perde a propriedade para o governo. E isso que vai acontecer comigo aqui: terei que viver um inferno ate o resto de minha vida se quiser sair da terra onde estou faz mais de 150 anos de cabeca erguida.
Aqui tem a casa e a igreja do meu trisavo do Seculo XIX. Quem é que paga por isso … qual e o preço … para mim nao tem.
Bom, estou correndo atras do tempo agora com a RPPN e, Debora, recomendo a voce fazer o mesmo, pois o Parque vem, eu acho, cedo ou tarde, infelizmente …
Abs,
Lavinia

Alexander

março 12th, 2010 at 21:22

É lógico que esta idéia tem que ser melhor estudada para que não atinja os pequenos agricultores,sitiantes e antigos moradores da região,mas sim impeça o avanço de especuladores e pessoas que em nome do progresso para a região estão apenas degradando o que ainda resta.Desmatando para contruirem chalés e pousadas e poluindo as nascentes.
Na verdade estão de olho no lucro das belezas naturais existentes e será que esta destruição em nome do sub-emprego que estas pessoas oferecem aos moradores da região vale a pena?Até quando vamos nos acovardarmos e receber de braços abertos estes ditos-empresários?
MAS ALGUMA COISA TEM DE SER FEITA SIM PARA PRESERVAR ESTE LOCAL E UM PARQUE ECOLÓGICO É MUITO BEM VINDO!

Fernando Di Paolo

maio 12th, 2010 at 21:10

Bem, finalmente acabou esta iniciativa estapafúrdia.E veio pelo veto daquele que tantos falam mal…
Agora vamos ver.Aposto e ganho que agora vão falar que querem destruir a natureza,etc…
Adeus, Parque! Mas que as leis ambientais da APA sejam cumpridas a risca! Só isso basta, é muito melhor do que criar um parque de papel!

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