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iturralde

Tenho um amigo boliviano, colega de classe no Colégio Visconde de Porto Seguro, seu nome Manuel Ramiro Iturralde Jahnsen (Manuco), seu irmão mais velho Francisco Xavier Iturralde Jahnsen também estava no colégio. A família morava em Higienópolis na R. Alagoas 162, e nós nos frequentávamos.
Seus pais eram o arquiteto Alberto Iturralde Levy e Ethel Mary Jahnsen de Iturralde.
Recebi do Francisco a seguinte mensagem:

Prezado Fernando,

Muito obrigado por seus envios da Fundação Stickel. Ela realmente faz um trabalho de aplaudi-los sem parar. Aproveito também esta oportunidade para te enviar as minhas saudações, estendidas aos tuas irmãs e irmão a quem não vejo. Parece-me muito generoso de toda essa vida que levam, que a nossa querida e sempre lembrada Dona Marta está em seus 95 anos com boa saúde e aparência. Tenho uma irmã francesa dessa idade, também, mas com apenas um olho, um ouvido e tontura. Encontrei depois que meu querido pai RIP faleceu em 1975. O encontro foi em 2016, baseado em uma fotografia que deixou da minha irmã quando ela tinha 2 anos. Fui a Paris com minha esposa e a abracei com muito carinho, ela tinha 88 anos e se chamava Nathalie Solotowsky. Foi incrível vê-la e tocá-la. Levei-a para visitar o túmulo de meu avô paterno no Montparnasse Henry Levy Mey que morreu em 1941 em Paris, fugindo dos nazistas. Falo ao telefone com minha irmã por uma hora todos os domingos. Com o meu irmão Manuel Ramiro, Manuco, falo com ele ao telefone uma vez por mês, após a morte da minha querida mãe Mary Jahnsen RIP. O meu primo irmão Daniel Iturralde vae enviarte o seu projecto para uma fundação, NUNA, que funciona há vários anos, para que possam trocar opiniões. Um grande abraço para toda sua família e um especial para você.

é isso, por fernando stickel [ 14:43 ]

almoço no campo


Sair de São Paulo em uma terça-feira comum, para um delicioso almoço celebrando a vida com um encontro de colegas do Colégio Visconde de Porto Seguro, acompanhados de maridos, esposas, namoradas… é um privilégio!


Bia, Sandra, Ursula e Karin


A casa paradisíaca do nosso amigo Jorge fica na Fazenda Boa Vista, a 100km de São Paulo.


Escultura de Pablo Atchugarry.


De pé, Norbert, Jorge, Thomas e eu.
Sentadas, Karin, Bia, Ursula e Sandra.


Obrigado aos queridos anfitriões, Bia e Jorge, já estamos com vontade de mais!

é isso, por fernando stickel [ 18:28 ]

professores porto seguro


Os professores do Colégio Visconde de Porto Seguro, nos anos 50/60. Reconheço vários rostos, mas não os nomes. Dignos de nota:
Marcado com o número 1 – Albrecht Tabor, querido professor de biologia.
Marcado com o número 2 – Hamilcar Turelli, odiado Diretor da escola.

é isso, por fernando stickel [ 8:52 ]

erico consul honorário

Tenho um amigo boliviano, colega de classe no Colégio Visconde de Porto Seguro, seu nome Manuel Ramiro Iturralde Jahnsen (Manuco), seu irmão mais velho Francisco Xavier Iturralde Jahnsen também estava no colégio. A família morava em Higienópolis na R. Alagoas 162, e nós nos frequentávamos.

Seu pai era arquiteto, Alberto Iturralde Levy, sua mãe Ethel Mary Jahnsen de Iturralde.

Ao lado do prédio na R. Alagoas tinha uma casa abandonada, e nós vivíamos nos enfiando lá para brincar…

Recentemente o Manuco me enviou um documento muito interessante, a nomeação do meu pai, Erico João Siriuba Stickel como Consul Honorário da Bolivia em São Paulo, datada de 20 Janeiro 1965 e assinada pelo Gal. René Barrientos Ortuño, chefe da junta militar que estava no poder na época. Manuco me confirmou que a nomeação de meu pai se realizou através de sua mãe.


O edifício Santa Rita na R. Alagoas, boa arquitetura dos anos 50 e o vizinho, onde ficava a casa abandonada de tantas brincadeiras!

Como eu não me lembrava deste título, perguntei à minha mãe, que se lembra do convite, mas que meu pai não aceitou ser o Consul Honorário.


A família Iturralde Jahnsen, Manuco no colo da mãe e Francisco com o pai. Os dois mais velhos são meio-irmãos de um casamento anterior do pai.

é isso, por fernando stickel [ 9:31 ]

cruz de mérito

Mais uma descoberta na quarentena:

Transcrição do documento:
VERLEIHUNGSURKUNDE

IN ANERKENNUNG DER UM DIE BUNDESREPUBLIK DEUTSCHLAND ERWORBENEN BESONDEREN VERDIENSTE VERLEIHE ICH

HERRN Dr. ERICO J. SIRIUBA STICKEL

BRASILIEN

DAS VERDIENSTKREUZ

AM BANDE

DES VERDIENSTORDENS DER BUNDESREPUBLIK DEUTSCHLAND

BONN, DEN 13. JULI 1978

DER BUNDESPRÄSIDENT

Quem assina a comenda é o então Presidente da República Federal da Alemanha Walter Scheel.

Tradução:
CERTIFICADO DE CONDECORAÇÃO

EM RECONHECIMENTO PELOS SERVIÇOS RELEVANTES PRESTADOS À REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA, CONCEDO A

AO Sr. Dr. ERICO J. SIRIUBA STICKEL

BRASIL

A CRUZ DO MÉRITO

NA FAIXA

DA ORDEM DO MÉRITO DA REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA

BONN, EM 13 DE JULHO DE 1978

O PRESIDENTE FEDERAL

Meu pai Erico era um ser muito discreto, odiava o telefone e amava escrever uma carta ou bilhete.
Sua comunicação com as pessoas era boa, mas não falava muito sobre si próprio e nem (de maneira nenhuma!) contava algum tipo de vantagem, fiz isto ou fiz aquilo, tenho isso ou tenho aquilo, não era seu estilo.
Então não foi com muita surpresa (mas cheio de orgulho!) que descobri hoje que ele ganhou uma importante homenagem do Governo Alemão em 1978, algo que minha mãe Martha se lembra, houve um coquetel na casa do Cônsul, que morava também na R. dos Franceses, mas que não foi ventilado com os filhos, nem na época nem depois.
Talvez a comunidade alemã tenha tomado conhecimento, pois o evento foi noticiado no Kaese Blatt (papel de embrulhar queijo), o carinhoso apelido do jornal Deutsche Zeitung de 25/11/1978.

Tradução da carta em que o Cônsul Geral encaminha ao meu pai a comenda:

São Paulo, 22 Novembro 1978

Consulado Geral da Republica Federal da Alemanha

Caro Doutor Stickel!

O Senhor tem ativamente e de maneira abnegada se dedicado há muitos anos às questões sociais e culturais no âmbito da sociedade germano-brasileira.

O Senhor foi por muitos anos presidente da Associação de Escolas do Colégio Visconde de Porto Seguro. Proporcionou suporte eficaz ao Instituto Hans Staden e à Fundação Martius, duas instituições importantes no campo dos acordos bilaterais e das relações culturais.

O Senhor se encontra entre os relevantes apoiadores da Bienal de São Paulo.

Em 1955 o Senhor fundou com sua esposa em Campos do Jordão a “Fundação Beneficente Martha e Erico Stickel”, uma instituição de caridade, que entre outras atividades provia gratuitamente tratamento médico e odontológico para crianças carentes. Em 1974 o Senhor criou na Ilhabela, SP uma estação de assistência social.

Apreciação especial receberam suas generosas doações para a Associação Alemã de Ajuda em São Paulo, que se ocupa de idosos de origem alemã. Há 10 anos o Senhor doou a essa instituição uma casa, cujos inquilinos dela se beneficiam. Em 1977 também foi doada pelo Senhor, na mesma insttituição, uma nova e espaçosa casa de idosos com 13 apartamentos individuais e várias outras dependências.

Em homenagem a esses serviços, o Presidente da República Federal da Alemanha lhe concede a Cruz do Mérito da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha em 13 de julho de 1978.

É uma honra e um prazer entregar ao Senhor esta alta condecoração.

Assinatura do Cônsul Geral Hartmut Schulze-Boysen

Dois anos depois de receber a comenda, meus pais inauguraram mais uma importante obra filantrópica, as Aldeias Infantis SOS Rio Bonito em 8 Dezembro 1980, com a presença do criador das Aldeias, Hermann Gmeiner (1919-1986).

é isso, por fernando stickel [ 17:06 ]

de pessoas e suas influências


Frederico Nasser e eu, na festa de noivado com Maria Alice Kalil, 1970

Somos a soma de nós mesmos com tudo o mais e mais um pouco, tudo misturado. Adicione ao seu eu genético, à sua estrutura biológica original, os aprendizados e as circunstâncias, as encrencas e os lugares, os amores e as paixões, as amizades, as viagens, os livros que leu e naturalmente os muitos erros e os poucos acertos eventualmente cometidos e me terás. Vou tentar explicar. Ou não.
Deixemos que as minhas memórias falem por si, em sua lógica peculiar.

No colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, um único professor me deixou saudades, pelo seu brilho, personalidade e integridade: Albrecht Tabor, professor de biologia e cientista maluco… A mesma coisa aconteceu no Colégio Santa Cruz com Flavio Di Giorgi, professor de português e um sábio em geral. Me preparando para o vestibular de arquitetura no Cursinho Universitário em 1968, tive mestres como o artista plástico Luis Paulo Baravelli, que me capturou imediatamente com sua simpatia e a fascinante habilidade de desenhar, e o cineasta Francisco Ramalho Jr., professor de física.
Na mesma época, um amigo me falou de um curso de desenho do professor Frederico Nasser, em uma casinha de vila na Rua da Consolação, estúdio emprestado por Augusto Livio Malzoni. Procurei o Frederico e iniciamos nossas aulas.

Preciso abrir aqui um parêntese. Frederico Nasser teve uma importância gigantesca na minha vida e na minha opção pelas artes plásticas. Foi uma presença instigante, fascinante, generosa, surpreendente, carismática – um poderoso magneto que despertava conhecimento, provocava sede de saber e, de quebra, irradiava uma atração que amalgamou muitas pessoas em um grupo de amigos e amantes das artes que de uma maneira ou de outra gravitaram em torno dele e da Escola Brasil:. Amigos como Augusto Livio Malzoni, Sophia Silva Telles, Dudi Maia Rosa, Baby Maia Rosa, Gilda Vogt, Norma Telles, Lucila Assumpção, José Carlos BOI Cezar Ferreira, Leila Ferraz, Wesley Duke Lee, Maciej Babinski, Megumi Yuasa e muitos outros que aparecerão aqui e ali, ao longo das próximas linhas. Fecho aqui o parêntese.

Os alunos desenhavam em uma espécie de pátio, sob uma pérgula. Neste local, Frederico me apresentou Marcel Duchamp, através da “bíblia” The Complete Works of Marcel Duchamp, escrita por Arturo Schwarz e publicada pela Thames and Hudson em 1969, e assim selou meu destino, me conectando irremediavelmente às artes. Lá encontrei também o meu primo Marcelo Villares e fiquei conhecendo dona Rene, mãe do Dudi. Não sei como eu encontrava tempo para tudo isso, cursando simultaneamente o terceiro colegial, hoje o último ano do ensino médio. Foram tempos muito ricos e intensos!
Um dia precisei fazer um desenho grande e não tinha um lugar adequado. Meu amigo Rubens Mario se propôs a ajudar e disse que eu poderia usar a prancheta de um amigo dele, o arquiteto Eduardo Longo. Rubens Mario me garantiu que não haveria problema, que o Eduardo era “gente fina” e lá fui eu em uma tarde desenhar no apartamento do arquiteto na rua Bela Cintra. Fiquei maravilhado com o pequeno apartamento todo reformado, com o teto em ângulos, um biombo de metal e a porta do banheiro pintada de amarelo parecendo um submarino. Achei o máximo. Logo depois conheci o Eduardo pessoalmente e nos tornamos amigos desde então.
Pouco depois, passei no vestibular da FAUUSP e fui com meu colega Edo Rocha para a Bahia comemorar. Na volta de Salvador, capotamos o meu Fusca 68 bordô perto de Jequié, mas esta é uma outra história.

Em 1969, Frederico Nasser mudou seu espaço de aulas para um sobrado no Itaim, na rua Pedroso Alvarenga. Vários colegas recém-ingressados na FAUUSP desenhavam lá também, como o Edo Rocha e Cassio Michalany, Plinio de Toledo Piza, Leslie M. Gattegno e Claudio Furtado. Enquanto desenhávamos nus femininos dentro de casa, Frederico, muito focado, pintava coisas esquisitas no pátio externo…
No segundo semestre daquele ano, Frederico organizou em um domingo de manhã uma visita de seus alunos ao estúdio do mestre Wesley Duke Lee em Santo Amaro. Entrar naquele estúdio era um privilégio, fiquei totalmente fascinado. Com sua cultura e charme inigualáveis, Wesley falou sobre muitas coisas, mas sobretudo de tecnologia e da recém-ocorrida chegada do homem à Lua, no dia 20 de julho. Inesquecível.


Nas setas vermelhas eu e Maria Alice Kalil em Cabo Frio

E veio então o réveillon de 1970 em Cabo Frio, na casa do tio Bubi e da tia Lila, promovido pelo João e a Marília Vogt. O espírito da coisa era “EU VOU!”. Ninguém perguntou se tinha lugar ou convite, o negócio era simplesmente ir! (Os anfitriões não gostaram muito… mas no final deu tudo certo). Foram dias fantásticos, mais de 30 amigos e parentes, a casa explodindo, a pequena piscina abarrotada de gente!! Minha memória acusa a presença, entre outros, dos anfitriões Bubi e Lila e dos coanfitriões João e Marilia, claro, e de Baravelli e Sakae, de Zé Resende e Sophia, de Carlos Fajardo e Renata, mais o Frederico, Dudi, Gilda, Ricardo Alves Lima, Monica Vogt, Maria Alice Kalil.

Em janeiro de 1970 Frederico Nasser, Dudi, Augusto Livio e eu dividimos um gigantesco quarto no Wellington Hotel da 7ª Avenida em Nova York para um mês de imersão no universo das artes, com direito a tropeçar em Diane Arbus no restaurante Automat Horn & Hardardt na Rua 57 e visita à inesquecível exposição “New York Painting and Sculpture: 1940-1970” no Metropolitan Museum of Art, inaugurando o seu Departamento de Arte Contemporânea sob curadoria de Henry Geldzahler.


A Escola Brasil: na Av. Rouxinol 51

Pouco depois, na sequência do estúdio na Rua Pedroso Alvarenga, Frederico e os amigos e colegas das artes plásticas Baravelli, Fajardo e Zé Resende criaram o Centro de Experimentação Artística Brasil, na Avenida Rouxinol, em Moema. Conhecida como Escola Brasil:, eu fui um de seus alunos no ano de abertura.


Futebol dos “pernetas”na R. dos Franceses. De costas, Baravelli.

Foi também em 1970, na quadra multiuso nos fundos da casa dos meus pais, na Rua dos Franceses, que eu e o grupo de amigos da Escola Brasil: inventamos um jogo de futebol. O mais engraçado é que, se bem me lembro, nenhum dos participantes tinha muita intimidade com o esporte bretão – sempre fui um perna de pau, isso posso garantir! Além de mim e do Neco, meu irmão, jogavam Frederico, José Carlos BOI, Cassio, Fajardo, Leslie e Baravelli. Fora os “jogadores”, também estavam lá a Sakae, mulher do Baravelli, e o filho deles, o Zé.


Capa do catálogo de Frederico Nasser para a exposição BFNR, com dedicatória. Eu estou na foto de costas, em primeiro plano.

Em agosto do mesmo ano, os incansáveis Frederico, Baravelli, Fajardo e Zé Resende realizaram a poderosa exposição BFNR 1970 no MAM Rio de Janeiro, que viria no mês seguinte para o MACUSP, no prédio da Bienal em São Paulo – eu apareço na capa do catálogo do Frederico, de quem fiz alguns retratos para esta mesma edição. Fui ao Rio para a inauguração da exposição e me hospedei “comme il faut” no apartamento da vovó Zaíra, de frente para o mar no Posto 6, em Copacabana. Foram dias deliciosos com direito a um jantar no clássico Antonio’s.

Visitar o estúdio/oficina do Baravelli na Escola Brasil: era o máximo, assim como seus estúdios particulares, sempre fascinantes, muito bem resolvidos arquitetonicamente, amplos, limpos, organizados. (O mesmo fascínio e curiosidade acontecia também no novo estúdio do Fajardo, em um porão da Rua Pamplona, onde ele também dava aulas.)
Havia de tudo nos estúdios do Baravelli, até um pote com unhas cortadas… Foram muitos os espaços ao longo dos anos:
– Avenida Miruna, de 1967 a 1971;
– Rua Padre João Manoel, esquina com a Oscar Freire, de 1971 a 1974;
– Rua Pedroso Alvarenga, de 1974 a 1979;
– Rua João Cachoeira, de 1980 a 1984;
– Granja Viana, 1984 até hoje.
Pelo menos duas galerias saíram das hábeis mãos do Baravelli – a Galeria São Paulo, da Regina Boni, na Rua Estados Unidos, e a Galeria Luisa Strina, aberta em seu segundo estúdio particular, citado na lista ali em cima.
Com acesso pela Rua Padre João Manoel, uma escada levava à galeria na sobreloja. Passando por um pequeno espaço administrativo, chegava-se a um paralelepípedo de paredes brancas com o chão de tacos de madeira onde, logo à esquerda, o “escritório” da Luisa Strina era nada mais que uma mesinha com telefone e algumas cadeiras confortáveis. Sentada em seu canto, com as unhas impecavelmente esmaltadas de vermelho, ela recebia os amigos e os clientes, colecionadores, xeretas e desocupados em geral que lá ficavam papeando e, naturalmente, comprando!
Lá encontrei inúmeras vezes o meu contraparente Pituca Roviralta, um dos primeiros compradores do meu trabalho.


Frederico Nasser, Dudi Maia Rosa, Carlos Fajardo e José Carlos BOI Cezar ferreira

Em 1971 casei com Maria Alice Kalil e convidei o Frederico Nasser para ser meu padrinho. Durante alguns anos, Frederico frequentou assiduamente nosso apartamento na Rua Hans Nobiling. Éramos amigos íntimos, ele aparecia com presentes, uma bebida, um desenho do Evandro Carlos Jardim. No apartamento de cima, sempre havia umas festas e acabamos descobrindo que lá morava o mafioso Tommaso Buscetta!!
O casamento com a Alice terminou, mudei para um apartamento na Rua Tucumã, 141, e comecei a namorar a Iris Di Ciommo por volta de 1974.

No enorme apartamento na Avenida Angélica, de frente para a Praça Buenos Aires, onde morava com os pais, dona Rene e Lamartine, Dudi montou um pequeno atelier de gravura. Foi lá que ele me apresentou à técnica e eu fiz a primeira e única gravura da minha carreira ¬– me lembro bem até do dia – em 10 de agosto de 1972. Obrigado, Dudera!
Neste mesmo ano, Dudi e Gilda se casaram em uma linda festa na casa do João e Marília em Osasco.

Um dos integrantes da turma da Escola Brasil:, Xico Leão era um doce de pessoa, simpático, reservado, atencioso e, além de tudo, um excelente pintor. Marina, sua filha, muito jovem e delicada, caiu nas graças do professor Frederico Nasser. Quando o namoro evoluiu para o casamento, Frederico me convidou para ser seu padrinho. Felizes com a deferência, na quarta-feira 8 de dezembro 1976 Iris e eu embarcamos na minha VW Variant amarela para estarmos pontualmente, às oito e meia da noite, na casa dos pais da noiva, Xico e Zizá, na Rua Bolívia.
O casamento se deu em altíssimo astral. Nos divertimos muito, fiquei bêbado, conversei com todo mundo, foi uma farra! Lá pelas tantas, encontrei dona Maria Cecilia, minha professora do Kindergarten no Colégio Porto Seguro, e me apresentei a ela:
– D. Maria Cecilia, que prazer!!! A senhora está muito bem!!!
Ela me olhou de viés, sem entender direito, e eu prossegui rodopiando…
Iris e eu fomos os últimos a deixar a festa, comigo pilotando alegremente a Variant amarela como se fosse um Porsche. Lembro-me de que, no dia seguinte, repassando a façanha automobilística da madrugada, decidi comigo mesmo nunca mais cometer a tolice de pilotar embriagado.


Pinturas de Cassio Michalany, presente para a afilhada Fernanda.

Em 1977, nasceu minha filha Fernanda. Seu padrinho, o Cassio, a presenteou com uma tela de 15 x 15 cm, um ladrilho tecido e pintado a mão – em cada aniversário, ela ganharia mais um. Dois anos depois, nasceu o meu filho Antonio e convidei Frederico Nasser para ser seu padrinho, mas ele não pôde estar presente ao nascimento.
Na mesma época, Frederico planejava abrir uma livraria. Em uma conversa com Dudi no Guarujá , Claudinho Fernandes, que também flertava com a mesma ideia, ficou sabendo dos planos do amigo em comum e os dois acabaram se tornando sócios para abrir, em 1978, a Livraria Horizonte.
O imóvel selecionado na Rua Jesuíno Arruda, 806, quase esquina com a João Cachoeira, abrigava originalmente um açougue, mas Baravelli, o homem dos sete instrumentos, transformou o lugar em uma charmosa livraria de tijolinhos à vista. A Horizonte acabou virando ponto de encontro dos amigos artistas, sempre uma farra com sua enorme mesa central e poltronas confortáveis completando o ambiente acolhedor. No andar de cima, Frederico tocava sua editora Ex Libris. Naquela época, eu era sócio do Norberto (Lelé) Chamma na empresa de design gráfico und – assim mesmo, com minúscula – e produzimos alguns itens gráficos para a livraria.
Cerca de dois anos depois, Frederico desmanchou a sociedade com Claudinho e montou uma nova livraria a poucos metros da Horizonte, na Rua João Cachoeira, 267 – a Universo. Também com projeto do Baravelli, a execução da obra ficou a cargo do Roberto “faz tudo”, com o chão de tijolo aparente, cortado a 45 graus, dois mezaninos e janelas ilegalmente abertas para a lateral do prédio.
A Universo tinha como vizinhos a CLICK Molduras, de Odila de Oliveira Lee, mulher de William Bowman Lee, pais de Wesley; o estúdio da vez de Baravelli, na sobreloja; e o escritório de paisagismo de Toledo Piza, Cabral e Ishii, arquitetos associados, na edícula.
Algum tempo depois, a livraria fechou as portas ao público, trabalhando somente com visitas agendadas, agora especializada em livros raros. Lá, Frederico continuou a operar a Editora Ex Libris, lançando em 1987 o notável O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo, edição fac-símile do diário coletivo da garçonnière de Oswald de Andrade.
No estúdio em cima da Universo, Baravelli trabalhava à noite. Os amigos mais próximos se davam o direito de chegar, tocar a campainha, subir as escadas e ficar lá perturbando o artista. Por vezes, para frear o ímpeto da turma, ele colocava um bilhete na campainha: ESTOU TRABALHANDO – CAMPAINHA DESLIGADA.

Foi neste espaço que, certo dia, Baravelli confidenciou aos amigos:
– Estou com uma grana, não sei se faço uma revista de arte ou compro um Camaro…
A opção foi fazer a revista Arte em São Paulo. Muito pragmaticamente, ele fez uma lista dos itens necessários e comprou:
_ Impressora;
_ Prensa de hot stamping para as capas;
_ Encadernadora espiral;
_ Estoque de papel para impressão;
_ Estoque de cartão para as capas.
Em seguida contratou Lisette Lagnado e Marion Strecker Gomes, duas jovens estudantes de jornalismo, para tocarem a revista. O primeiro número saiu em 1981, com um texto meu sobre Cassio Michalany. O último saiu em 1985.

Entrando nos anos 1980, minha vida virou de ponta cabeça. Tomei a decisão de ser artista plástico em tempo integral, saí do escritório de design gráfico und e me separei da Iris, mudando para o apartamento da Rua dos Pinheiros.
Foi um ano estressante, trabalhoso, caótico!

A esta altura, começava a se quebrar o encanto dos anos 1970, criativos e loucos, com os contatos entre aquela grande turma de amigos se espaçando, as amizades se esgarçando, os filhos nascendo e crescendo, cada um cuidando de sua vida. Foi nessa época que Frederico Nasser iniciou um misterioso processo de se fechar para o mundo. Pouco a pouco, foi evitando o contato social com os amigos e a família, se isolando mais e mais, sem responder nem mesmo aos telefonemas. Ninguém entendia o que estava acontecendo.
Muitos anos depois, andando de carro pelo Itaim, o avistei caminhando na calçada oposta. Parei o carro e corri para ele de mão estendida, feliz com o encontro! Frederico me ignorou solenemente e passou reto… Fiquei ali incrédulo, parado com a mão estendida, observando ele se afastar totalmente alheio à minha presença…
Que Frederico Nasser era aquele?!!
Seu coração falharia definitivamente no início de 2020, aos 75 anos de idade. É sempre muito triste e difícil aceitar a perda de um amigo. O luto e a tristeza que senti naquele momento, na verdade, já vinha sentindo e trabalhando durante quase 40 anos…

Fernando Stickel,
9 de julho de 2020

Uma conjunção muito especial de fatores propiciou a sistematização destas memórias, focadas nos anos 1970, um pouco antes e um pouco depois. Em fevereiro de 2020, faleceu meu grande amigo Frederico Nasser. Em seguida, a pandemia do coronavírus e a quarentena redefiniriam o mundo como o conhecíamos.
Foi neste contexto que me voltei a arquivos fechados há muitos anos, repassando textos e a memorabilia do período para atualizar minhas memórias ¬– e este blog.
Um documento em particular atuou como poderoso catalisador de lembranças, o convite de casamento do Frederico e Marina. Foi fundamental a ajuda dos amigos em várias conversas para ajustar algumas datas, locais e nomes.
Deixo aqui um agradecimento especial para Sandra Pierzchalski, Plinio de Toledo Piza Filho, Claudio Furtado, Iris Di Ciommo, Claudio Fernandes, Mauro Lopes, Monica Vogt Marques, Luis Paulo Baravelli, Cassio Michalany e José Resende.

Fernando Stickel,
10 de outubro de 2021

Revisão do texto: Tato Coutinho

é isso, por fernando stickel [ 10:37 ]

lar sírio


Visitei o Lar Sírio no bairro do Tatuapé em São Paulo, a convite do meu colega do Colégio Visconde de Porto Seguro, Ryad Adib Bonduki.

A instituição de 95 anos de idade ocupa uma área de 25.000 m2, e tem por missão a promoção da cidadania e o enfrentamento das desigualdades, através de trabalhos assistenciais que visem amparar crianças e adolescentes em estado de vulnerabilidade e risco social.

Percebi na minha rápida visita um trabalho comprometido em ambiente absolutamente limpo e bem cuidado, com todos os equipamentos e generosos espaços necessários para a realização de atendimento de altíssimo nível!

A instituição atende 3.000 crianças, adolescentes e suas famílias todos os meses e fica na R. Serra de Bragança 186. Parabéns aos instituidores e mantenedores desta belíssima instituição!


Ryad Adib Bonduki


Meus guias da visita foram extremamente simpáticos e prestativos, sabiam tudo! Seus rostos não foram mostrados por solicitação da instituição.

é isso, por fernando stickel [ 14:08 ]

stickel e turelli


Meu pai Erico Stickel e o diretor do Colégio Visconde de Porto Seguro, Amilcar Turelli. Os outros não sei quem são.

é isso, por fernando stickel [ 14:50 ]

porto seguro


Confraternização da turma de 1968 do Colégio Visconde de Porto Seguro, 50 anos de formados no Colegial!

é isso, por fernando stickel [ 14:44 ]

4ª série do ginásio

porto seguro 1963
Colégio Visconde de Porto Seguro, quarta série do ginásio, 1963. Eu sou o primeiro à esquerda, na fila de cima.
É engraçado como todos com 15 anos parecem mais velhos… ou não?

A lista de colegas abaixo compilei de diversas fontes, e incluem todas as turmas das quais participei, pois fui repetente no 1º e no 2º Científico. Recebi também listas do site dos Ex-alunos do colégio. Agradeço colaborações e aperfeiçoamentos.

Adrienne Rosenberg
Afonso de Escragnolle Taunay Neto
Alejandro Kopetzky Herzenberg
Alexander Baron von Korff
Alfredo Gehre
Alfredo Reclusa Ilse
Alice Elke Faust
Alvaro Thomas Renaux Niemeyer
André Willi
Andrea Mojen
Anna Maria De Cenzo Verginelli
Annegret Kraus
Ana Cristina Reis
Ana Mirian Rhinow
Angela Hartmann
Archie Anthony Brandt Searby
Antonio Carlos Fernandes Lima
Antonio Flavio dos Santos Clemente
Armando Luiz Marconi Pereira
Astarté Mennucci Giesbrecht
Barbara Elfriede Winter
Barbara Luise Wacker
Bernhard Brunckhorst
Carl Alexander Gerhard Brech
Carlos Alberto De Vecchi
Carlos Frederico (Fritz) Jordan
Carlos Günther Konen
Carlos Helmut Japp
Cedric Rauert de Freitas
Celso Antonio Vieira de Camargo
Celso Rodolfo de Rogatis Lieberg
Cesar Augusto de Souza e Silva
Christian Frutig
Christiano Dietrich von Schaaffhausen
Claudia Brunckhorst
Claudio Réa
Clarissa Lilian Hauer
Cornelis Duvekot
Daniel Egon Schmidt
Daniel Fresnot
Dino Vannuci Chiappori
Ditha Bongertz
Dorit Staudacher
Edgar Bromberg Richter
Edith Marie Rencz
Eduardo Cardoso Cesana
Elizabeth Wanda Lux
Elizabeth Uhl
Elsmarie Weier
Elze Pantel
Enzo Luis Nico Jr.
Eric Afonso Klotz
Erica Krohn Jany
Eugenio Carlos Goffi
Eugenio Naschold
Eurídice Ratolla Fiorentini
Euridice Fiszbeyn
Evaldo Billerbeck Junior
Ewaldo Alfredo Currlin
Fernando Diederichsen Stickel
Fernando Perracini
Ferry Eugen de Faria Pacheco Rosenstock
Francisco Xavier Iturralde Jahnsen
Frank Hamilton
Gabrielle Renée Treumann
Gastão Rachou Neto
Gerd Henrique Stoeber
Gerda Luise Bender
Glauco Antonio Arias
Glacy Zweig
Gotho Riedel
Gudrun Eikmeier
Gunda Recke
Gunter Wrede
Hannelore Charlotte Ida Naumann
Hannelore Erica Ludwig
Hans Michael Bleidorn
Heinz Konrad
Helena Machado de Campos
Helena Straus
Helga Edith Lux
Helio Dias Pinto Bergwerk
Henrik Kreuger
Hermann Peter Schneider
Hildegard Hermine Mause
Horacio Luiz Alves Pereira
Hubert Raymond John Noel Morgan
Hugo Mac Nevin Egger Moellwald
Ilona Dorothéa Kaiser Neumaier
Ingo Plöger
Ingrid Dormien
Ingrid Gehre
Ingrid Luise Schreen
Irene Ester Kovacevich
Irene Heidenreich
Iris Groman
Irmgard Ana Jaschke
Jane Sandra Monica Eisenhauer
João Baptista Silva Ferraz
João Franke
Johanna Wilhelmina Smit
Jonah Paulett Thau
Jorge Frederico Magnus Landmann
José Thiago Pontes Filho
José Joaquim Gonçalves Pontes
Karin Michaelis
Karin Roderbourg
Karin Sönksen
Karl Heinz Heise
Karl Hinrich Dobberkau Kurmeier
Klaus Carlos Bernauer
Klaus Bruno Tiedemann
Klaus Friedrich Foditsch
Layse Helena Jacy Monteiro
Luis Antonio da Silva Telles
Luiz Antonio Cartolano
Luiz Carlos Pilon Motono
Manuel Lucio Turelli
Manuel Ramiro Iturralde Jahnsen
Marco Aurelio Pinto de Assis
Maria Angela Nogueira Nico
Maria Elena Boeckel dos Santos
Maria Isabel Schneider
Maria Izabel Leal Almeida Pinheiro
Maria Lucia Guida
Maria Magdalena Turák
Mário Müller Carioba
Máximo Eduardo Carrara de Sambuy
Micaela Beatrice Vogel
Milton Alexander Miehe
Monica Elisabeth Renaux Niemeyer
Monika M. E. Engel
Nicolau Kouzmin-Korovaeff
Odilon Ferreira de Almeida Filho
Paul Grenville Robinson
Peter Ahlgrimm
Peter Biekarck
Peter Klügling
Ralf Zietemann
Raul Marcelo Tichauer
Reinhold Poller
Renate Brichta
Roberto Singer
Rodolfo Bürgi
Rodolfo Hermano Borghoff
Roland Bange
Ronald Schwarz
Ronald Sussmann
Ronaldo Ary Hartmann
Rosa Maria de Almeida Prado
Roswita Gertraud Radius
Rudolf Zander
Ruth Gertrud Schwenkow
Ruth Ursula Liebrecht
Ryad Adib Bonduki
Sergio Aredes Piedade Gonçalves
Siegrid Rabenhorst
Sonia Valentina Rodrigues Sousa
Sylvia Brigitte Roosen-Runge
Sylvio Roberto Faria
Thomas Buckup
Udo Abele
Ulrich Bruhn
Ursula Kamphausen
Ursula Reinhard
Vera de Souza Maciel Baranowsky
Vera Lucia Alves Brandão
Verena Norma Egli
Veronica Selma Schwarz
Victor Germano Pereira
Victoria Hildegard Kühn
Viktoria Tkotz
Walter Paul Raedler
Walter Vassel
Werner Alfred Gemperli
Wolf-Marko Hans Friedrich Salder

é isso, por fernando stickel [ 9:23 ]

willy kenzler

willy
Com cerca de 16 anos de idade eu sofria de disturbios gastro-intestinais, tinha muita azia e vivia tomando Sal de Frutas…
Meus pais me levaram ao Instituto de Gastroenterologia (Hospital IGESP) do Dr. José Fernandes Pontes na R. Silvia, e lá, depois de consultas, exames, etc… me foi sugerido participar de uma terapia em grupo com o Dr. Wilhelm Kenzler.

Assim fiz, participei de longas e tediosas sessões, o terapeuta pouco ou nada falava, devolvia as questões ao grupo: “O que vocês acham?”

O curioso é que neste grupo conheci duas pessoas que me foram muito importantes naquele momento, Ricardo Hannud, de quem me tornei amigo, e Maria Alice Kalil, com quem namorei e depois me casei.

Por acidente, encontrei o perfil do Dr. Willy no site dos ex-alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, e me lembrei que meu pai Erico Stickel me contou certa feita que tinha patrocinado os estudos do Dr. Willy na Alemanha.

Do site dos Ex-alunos – Destaques
Wilhelm Kenzler (setembro/2013)
 
Descrever a vida de Wilhelm (Willy) Kenzler (1933-2012) com palavras não é tarefa simples.  Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo em 1957, Willy segue para a Alemanha, onde faz o seu Doutorado em Gastroenterologia na Universidade de Erlangen. Ainda na Alemanha, entra em contato com a Medicina Psicossomática, o que muda o seu rumo acadêmico: ele passa a dedicar-se à Psicanálise. Como médico no Brasil, encontra a Antroposofia e torna-se membro fundador da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica. Fundou o programa inédito de ensino da Medicina na Faculdade de Medicina Santo Amaro, atual UNISA, incluindo assuntos da Psicologia Médica nos seis anos do currículo, sempre com o olhar para a humanização da Medicina. Ali atuou por 38 anos! Mas, além de médico, psicoterapeuta e professor universitário, Willy é também um amante da arte: produz inúmeros poemas, pinturas e esculturas.

Durante toda sua vida, Willy Kenzler atribuiu muito de seu sucesso profissional e social ao legado recebido do Colégio Visconde de Porto Seguro. Em 2006, expressou a sua gratidão e o seu carinho pela Instituição em um depoimento publicado no Anuário daquele ano:

“Entrei no Colégio (Deutsche Schule) em 1939, ele ficava na Praça Roosevelt. Nessa época, havia uma escola popular, bem mais barata. Era talvez um embrião do que é hoje a Escola da Comunidade, mas era direcionada à colônia de imigrantes alemães.

Meu pai tinha uma oficina chamada Oficina Eletromecânica Alemã e morávamos atrás dela, em uma espécie de cortiço. Éramos muito pobres, por isso fui estudar nessa escola mais barata.

Com a Guerra, o colégio popular foi fechado e fui estudar com os alunos mais ricos. Foi um choque. Meus colegas iam de Cadillac, e o meu me levava de motoneta. Fiquei no Colégio, pois era ótimo aluno, os professores tinham orgulho de mim. Meu pai morreu quando eu tinha 15 anos e ganhei uma bolsa integral no Porto, para concluir os meus estudos. Entrei em Medicina na USP. Depois de formado, fiz pós-graduação na Europa. Quando voltei, Dr. Turelli, meu tutor paternal, me convidou para ser médico do Porto, então trabalhei no Colégio por um tempo. Sempre tive uma forte ligação com a Escola.

Ainda estudante, fui uma espécie de diretor de natação. Fomos campeões muitas vezes. Quando eu estava no 2º ano do Ensino Médio (antigo 2º colegial), levei uma turma para competir com um clube de Marília, no interior do estado. Fomos recebidos pelo prefeito, que me entregou a bandeira da cidade, pois eu era o representante do Porto… aos 16 anos! Que confiança! Virei adulto.

Quando saí do Colégio, fundei a Associação dos Ex-alunos.  Promovíamos bailes, conferências, concertos.

Graças ao Porto Seguro, eu cresci e saí da classe operária. Mudou minha vida profundamente, tanto cultural como economicamente. Dei um salto evolutivo. Sou conselheiro vitalício da Fundação Visconde de Porto Seguro, com orgulho e gratidão. Sou médico, terapeuta e professor universitário graças à oportunidade e apoio do meu Porto Seguro.”

é isso, por fernando stickel [ 16:33 ]

preciosidades…

porto seguro visita a mercedes
Esta foto é da visita do 5º ano “C” do Colégio Visconde de Porto Seguro à fábrica da Mercedes Benz do Brasil em São Bernardo do Campo em 25 Novembro 1959.
Eu estou de óculos, agachado, com 11 anos de idade a grande dúvida era usar calça curta ou comprida!!!
Lembro-me com enorme prazer das máquinas usinando peças, toda a parafernália industrial em operação.

é isso, por fernando stickel [ 15:56 ]

armas de fogo

45Luger

A respeito de armas, tenho duas histórias trágicas da minha adolescência, a primeira é sobre o suicídio do meu amigo Luis Antonio da Silva Telles.
Ele era mais velho que nós, seus colegas de classe no Colégio Visconde de Porto Seguro, que tínhamos na média 15 anos. Ele havia repetido várias vezes e estava na mesma classe, apesar de já ter dezoito anos, carteira de motorista e carro.
Certas férias de Julho, provavelmente em 1963, estávamos na quarta-série do ginásio e fui com a família para Campos do Jordão, como de costume, e ao voltar a São Paulo liguei para o meu amigo, o diálogo que se seguiu, acho que foi com a irmã dele, foi mais ou menos assim:
-Alô! O Luis Antonio está?
-Não…
-Ele saiu?
-Não… Você não soube?…
-O que?
-Ele sofreu um acidente…
-O que?
-Ele morreu.
Chocado, não consegui falar mais nada, e desliguei. Mais tarde, comentando com outros amigos e na escola eu soube que ele havia se suicidado com um tiro, de uma pistola Luger que ele já havia mostrado para nós, estava deprimido com o atraso na escola, pelo menos esta foi a versão que circulou.

A segunda história ocorreu na mesma época, perto da casa do meu amigo Klaus Foditsch, provavelmente na R. Visconde de Castro, na casa de conhecidos de bairro. Houve uma tentativa de suicídio, e nós fomos correndo à casa desta pessoa, chegamos logo depois do ocorrido e o ferido já havia sido removido, entramos na casa e pudemos ver a cápsula deflagrada e o sangue. Imagens indeléveis.

é isso, por fernando stickel [ 11:55 ]

porto seguro

porto11
Meu colega de infância Manuel Ramiro Iturralde Jahnsen (Manuco), boliviano, mora hoje em La Paz, me envia esta foto do segundo ano primário do Colégio Visconde de Porto Seguro, 1956.
Eu, de óculos, ele e a professora Maria Cecília estamos marcados com seta.
Por volta de 1974 fui a um casamento e encontrei D. Maria Cecília, já meio alto, cumprimentei-a e disse:
– D. Maria Cecília, como a senhora está bem!!!

é isso, por fernando stickel [ 16:29 ]

harald brunckhorst

harald-algodao
É engraçado como certas pessoas voltam de maneiras surpreendentes.
Como nunca tive e não tenho qualquer conexão com o universo agrícola, foi uma surpresa receber do meu colega do Colégio Visconde de Porto Seguro, Harald Brunckhorst esta foto dele em sua plantação de algodão em Uberlândia.
Faz pelo menos uns 45 anos que a gente não se vê! Olha só a frase dele no e-mail:

Estou vivo, em Uberlândia, e com uma família feliz.

É, dá para perceber!

é isso, por fernando stickel [ 16:20 ]

professor tabor

tabor.jpg
Na foto uma cena da minha infância/adolescência: De guarda pó o querido professor de biologia Albrecht Tabor, e na extrema direita o temido diretor do Colégio Visconde de Porto Seguro, Hamilcar Turelli.
A senhora do meio, me informam meus queridos comentaristas, é a professora de ginástica Elisabeth Kraus Debus.
O Prof. Tabor era uma figura interessantíssima, um verdadeiro cientista à moda antiga, nas férias viajava para lugares exóticos como Galápagos, trazia inúmeros espécimes vegetais e animais e mostrava para a classe. Morreu em circunstancias nebulosas em uma dessas viagens.

Invariavelmente, nas aulas de biologia do primeiro científico acontecia a expulsão de um ou todos os bagunceiros do “fundão”, às vezes, preventivamente, antes da aula começar o Prof.Tabor gritava:
– Stickel prá fora! (eu)
– Clemente prá fora! (Flavio dos Santos Clemente)
– Lima prá fora! (Antonio Carlos Fernandes Lima)
– Pinto prá fora! (Marco Aurelio Pinto de Assis)

Memórias deliciosas, grande Professor Tabor!!


Ele deve estar dizendo: Vejam estes líquenes!!!!!!!

é isso, por fernando stickel [ 12:17 ]

estudos

mapa1.jpg
Minha turma original de primário e ginásio do Colégio Visconde de Porto Seguro formou-se no colegial em 1966.
Após pegar segunda época e repetir o primeiro científico, fui colega por um ano da turma que se formou em 1967, caí novamente na segunda época, passei raspando e logo no início do segundo colegial fugi do científico para o clássico, pois o meu tormento era a matemática, e começaram a falar de um troço esquisitíssimo, uma tal de raiz quadrada de menos um…
No meio do ano não aguentando mais o Porto Seguro, convenci meus pais e mudei para o clássico do Colégio Santa Cruz, lá, conversando com orientadores, etc… me convenceram que meu caminho seria de fato pelo científico, e repeti novamente de ano, refazendo o segundo colegial no científico.
Juntamente com o terceiro científico encavalei o Cursinho Universitário, prestei o vestibular para arquitetura no Mackenzie e fiquei na lista de espera, em seguida foi o vestibular da FAUUSP, e entrei direto.
Ufa!!!!!
Agora me dou conta porque o ano da revolução, 1968, passou em branco para mim. Eu estudava de manhã, à tarde e à noite. Simplesmente não deu tempo…

Mês que vem comemoraremos em um almoço os 40 anos de formatura da turma de 1968 do Colégio Santa Cruz.

é isso, por fernando stickel [ 8:37 ]

jk rodou

jkfnm.jpg
Em 1966, mudei no meio do ano do Colégio Visconde de Porto Seguro, para o Colégio Santa Cruz, e passei a ir de ônibus para o colégio que fica na R. Orobó, Alto de Pinheiros (usava a famigerada linha 69, com poucos, barulhentos e quentes ônibus FNM da CMTC) e depois de tirar a carta, em 1967, com o carro que estivesse disponível na casa.
Certo dia, levando meu irmão Roberto comigo no Alfa-Romeo JK FNM 2000, eu vinha “pilotando” pela Av. Pedroso de Morais e entrei forte demais na Praça Panamericana, que naquela época nada mais era que um enorme círculo coberto de mato, a avenida não cortava a praça como hoje.
Rodei, e a força da curva à direita me arrancou da posição do motorista (o banco era inteiriço, não havia cinto de segurança) e me jogou sobre o coitado do meu irmão, que lembra da visão da direção do JK rodando para lá e para cá, comigo em cima dele, enquanto o carro, sozinho, rodava no asfalto até parar.
Por sorte não vinha ninguém atrás, o carro nem na guia bateu, eu simplesmente voltei ao meu lugar e completamos a viagem ao colégio.

Como observa meu amigo Zé Rodrigo, naquela época nossos anjos da guarda ofereciam um limite no cheque especial muito grande…


Encontrei no museu CARDE um JK na cor do nosso…

é isso, por fernando stickel [ 10:25 ]