aqui no aqui tem coisa encontram-se
coisas, coisas, coisas...
...desde janeiro de 2003

Posts tagueados ‘bela vista’

elegância e discrição

Minhas memórias de Ferrari são muito antigas e muito vívidas!

Na memória mais antiga eu deveria ter uns 4 anos de idade e viajava com meus pais de carro pela Itália ou Suíça, a estrada em meio a uma floresta, de repente em uma clareira aparece aquela maravilha vermelha estacionada em frente a um pequeno bar ou restaurante, quiçá uma Ferrari 340 Mexico… Imagem indelével.

Interlagos


Com 16 ou17 anos de idade eu era tarado por motocicletas e automóveis, assíduo leitor da revista Quatro Rodas e frequentava a pista de Interlagos nas Mil Milhas, 500 Km, etc…
Morava na Rua dos Franceses na Bela Vista, o bairro abrigava, além de uma enorme colônia italiana, várias oficinas mecânicas. Perto da minha casa morava, na Rua dos Ingleses, o Domingos Papaleo (1937-2015), que corria de Ferrari, provavelmente uma 500 Testa Rossa vermelha de 1956.
Do meu quarto eu ouvia cheio de prazer e excitação as aceleradas da Ferrari nos testes que ele fazia no imenso quarteirão formado pela R. dos Franceses, Joaquim Eugênio de Lima, Alm. Marques Leão e R. Cons. Carrão. Certo dia tomei coragem, fui até a casa dele, toquei a campainha e pedi pra ele me levar a dar uma volta, e não é que o italiano me mandou entrar na macchina e lá fomos nós dar a volta no quarteirão, com aquele som maravilhoso preenchendo todos os meus sentidos!!! Jamais esquecerei!!!

Mais recentemente, já vivendo na Vila Olímpia, algumas experiências com Ferraris, mas de outro tipo… Novos ricos mais afoitos, se exibem nos fins de semana ou feriados aqui na Vila Olímpia / Vila Nova Conceição.
Aceleram e fazem bastante barulho nas avenidas Helio Pelegrino e Nova Faria Lima. São várias, vermelhas, pretas, amarelas, brancas.

Ora, o cara que tem grana para comprar uma Ferrari, vai ficar brincando aqui na cidade, nas ruas esburacadas, cheias de lombada e radar? Se exibindo em torno do quarteirão? Atormentando os vizinhos com o lindo ronco da macchina?
E olhe que sou um amante das máquinas e motores, em particular da Ferrari…

Elegância e discrição andam em falta por aqui..

Meu irmão Neco ilustrou a paixão:

é isso, por fernando stickel [ 20:39 ]

pólvora


Minha fase de brincar com fogo durou um ou dois anos, eu devia ter 13 ou 14 anos, e terminou com uma explosão.

Meus amigos me ensinaram a produzir pólvora em casa, com clorato de potássio (KClO3) e açúcar. Para acelerar a reação adiciona-se fósforo (P) vermelho, mas muito cuidado no preparo, qualquer atrito pode fazer a mistura explodir.

No início foram as bombinhas de São João, que nós desmontávamos e fazíamos de várias pequenas uma grandona, mas dava muito trabalho. Depois a coisa evoluiu para a produção “industrial”, queima lenta da pólvora para os foguetes, e queima rápida para as bombas.

A explosão final se deu na hora do jantar, no meu quarto na R. dos Franceses na Bela Vista. Enquanto minha mãe chamava para a mesa no andar de baixo, eu coloquei a mistura de clorato de potássio e açúcar no almofariz de bronze, não mais que uma colher de sopa, misturei bem, e me preparei para adicionar o fósforo vermelho, que é uma substância higroscópica e forma grânulos.

Lembrei da dica dos meus amigos que qualquer atrito pode provocar explosão, mirei bem um grânulo grande com o pilão, afastei meu rosto, e com o braço estendido bati.

Uma luz intensa, um estampido seco, tontura e um zumbido infernal nos ouvidos, sobrepujando todos os outros sons.

Levantei da mesa e mal consegui andar, tanta era a fumaça branca, abri as janelas do quarto, a fumaça começou a sair, abri a porta do quarto e saí envolto em volutas de fumaça, no hall do andar de baixo a família inteira olhava para cima assustada, sem coragem de subir as escadas… A explosão foi ouvida em toda a vizinhança, as pessoas sairam à rua perguntando o que havia acontecido, foi um fuzuê…

O saldo da brincadeira foram os meu dedos da mão direita incrustrados com resíduos da explosão, o zumbido que durou cerca de um mês para sumir, e a cúpula do abat-jour que se encolheu com o calor, sem falar na bronca que levei dos meus pais…

Na escala de coisas perigosas que fiz na minha adolescência (e sobrevivi…) só as brincadeiras com a Winchester 44 do meu avô superaram a pólvora, mas esta é uma outra história…

é isso, por fernando stickel [ 10:00 ]

sonhei que pilotava

MV_Agusta_750S_02_cropped
Sonhei que pilotava uma potente motocicleta MV Agusta pelas ruas do Bexiga, meu bairro da infância e adolescência. Rua Santo Antônio, viaduto Martinho Prado, Rua Augusta, Praça Roosevelt.
Em seguida fui ao MG Club, cuja sede no sonho era em um palacete do século XIX no centro da cidade, com amplos salões decorados em ouro e verde, que se abriam para páteos e jardins.
Em um dos salões estavam concentrados vários carros, alguns em cima de cavaletes, incluindo um brilhante caminhão de bombeiros dos anos 30 pintado de verde claro.

Interessante as relações de palavras que aparecem neste sonho: MV – MG; Augusta – Agusta

é isso, por fernando stickel [ 8:20 ]

art-deco na bela vista

deco
Belo exemplo de arquitetura “art-deco” sobreviveu na Rua dos Franceses, Bela Vista.

é isso, por fernando stickel [ 7:53 ]

bixiga

bixiga2
Hoje na R. Cons. Ramalho, no bairro onde nasci, o tradicional Bixiga (Bela Vista).

é isso, por fernando stickel [ 19:28 ]

rua dos franceses

franceses-aero
A casa da minha infancia, na Rua dos Franceses 324, Bela Vista, em foto aérea de Junho 1973.

franceses-google
A mesma casa hoje, com terreno menor e um vizinho nos fundos, cuja entrada é pela rua sem saída Ulisses Paranhos.

é isso, por fernando stickel [ 10:39 ]

hospital art-deco


Sanatório Esperança S/A. Inaugurado em 1938, na R. dos Ingleses, Bela Vista, atualmente com o nome de Hospital Infantil Menino Jesus.
Admirei este prédio art-deco toda a minha infância e adolescência, pois minha casa ficava a um quarteirão de distância, na R. dos Franceses.
Hoje está desfigurado por inúmeras reformas e ampliações.

é isso, por fernando stickel [ 16:25 ]

apartamento na r. rocha

rocha1

Em 1966, poucos meses antes de completar 18 anos, comecei a namorar a Alice. Nós não tínhamos, como todos os jovens daquela época, um lugar só nosso para namorar e relaxar.
Na casa dos meus pais ou dos sogros era impossível namorar, os tempos eram outros… o recurso eram as viagens ou o carro, nas famosas “corridas de submarino”.
Depois de algum tempo cansamos de namorar na rua e decidimos alugar um apartamento só nosso, encontramos uma kitinete para alugar na Rua Rocha, na Bela Vista (Bixiga), o prédio tinha muitas unidades por andar…

Pintei a porta de entrada de vermelho brilhante, como em Londres, instalei um carpete de sisal cinza claro e pintei as paredes de branco, ficou lindo! Compramos cama, mesa, cadeiras, fogãozinho, tudo funcionava e passávamos deliciosos fins-de-semana brincando de casinha, cozinhando macarrão. Eu levei materiais de desenho e ficava produzindo minhas artes, a Alice dedicava-se à leitura.
Apenas alguns amigos íntimos sabiam da existência do nosso “ninho” e algumas vezes emprestávamos o apartamento para os mais necessitados…

Casamos em Maio 1971, passamos a lua-de-mel foi em Londres, na volta fomos morar na casa dos meus sogros, José e Josephina. A casa era muito grande, um apartamento foi separado para nós, quarto, saleta e banheiro.

A convivência diária com meus sogros me ensinou muitas coisas sobre uma cultura bem diferente da casa dos meus pais, como sempre fui curioso fui aprendendo um pouco de árabe, pois o casal só conversava entre eles em árabe, curtindo muito a culinária libanesa, na qual D. Josephina era mestre, a maneira de receber convidados, as festas, etc… Eu era jovem e ingênuo, na minha maneira simples consegui me relacionar muito bem com meus sogros, gostava muito deles!

Morávamos já há algum tempo na casa da R. Martiniano de Carvalho 1049 quando Alice e eu tivemos em uma mesma noite o mesmo sonho. Foi algo inusitado, muito forte e significativo, pois a mensagem do sonho era claríssima: Saiam daí, comecem sua vida de casados na sua casa!

Poucas semanas após o aviso já havíamos mudado para o Edifício Hugo Eduardo, na R. Hans Nobiling, atrás do Clube Pinheiros.


Edifício Hugo Eduardo.

é isso, por fernando stickel [ 18:14 ]

bixiga

bixiga
Visão do Bixiga (Bela Vista) da janela do apartamento do Fabio Moreira Leite.

fabio
Página de caderno de anotações do artista.

é isso, por fernando stickel [ 15:14 ]

faleceu fabio moreira leite

fabio
(Fábio Moreira Leite, fotografado em abril de 2008, por Mário Leite)

Reproduzo abaixo post do blog do jornalista Paulo Moreira Leite. Leiam o post até o final e entenderão o por que desta reprodução:

“O artista plástico Fábio Moreira Leite morreu sexta-feira, 6/3/2009, em São Paulo, meses antes de completar 58 anos.
Fábio fazia desenhos, pinturas e gravuras desde os 14 anos de idade. Deu aulas em escolas da rede publica de São Paulo e também em estabelecimentos privados, fez trabalhos em escritórios de arquitetura. Entrou e saiu de diversas faculdades, algumas vezes com diploma, outras, não, mas nunca pensou em fazer outra coisa na vida além de artes plásticas.
Já gostava de frequentar a museus e exposições quando os garotos de sua idade iam para os campos de futebol e festinhas.
Participou de exposições coletivas e fez amostras individuais. Andou por vários estilos e escolas, além de criar soluções proprias em seu trabalho.
Sua obra foi lembrada recentemente numa antologia sobre a década de 70, realizada no Instituto Tomie Othake. Sem nunca ter alcançado sucesso comercial, produziu um conjunto de trabalhos notáveis pela coerência e pelo rigor. Costumava ser apreciado por quem se dava ao trabalho de conhecer o que fazia.
No universo de grandes mutações culturais que marcou as últimas décadas, ele pode se definido como um artista incapaz de negociar idéias ou convicções.
Nos últimos anos, ele residia num pequeno apartamento na região do Bixiga, em São Paulo, bairro que costumava frequentar em passeios à pé.
Em sua casa, os pincéis, telas, latas de tinta e todo material de trabalho tinham prioridade absoluta sobre seus confortos de morador.
Fábio era meu irmão mais velho. No início de 2008 descobriu um cancer no pâncreas e enfrentou a doença até a última sexta-feira, armado da principal característica que possuiu para viver –  coragem.”

Visitei na semana passada, a pedido da família, o apartamento/estúdio do Fabio (1951-2009), encontrei uma enorme produção de desenhos, cadernos de anotações pessoais, pinturas, objetos, livros, enfim, uma vida inteira de trabalho de um artista falecido precocemente.
A família se pergunta o que fazer com este enorme acervo, e me pediu ajuda.
Comecei por fotografar o apartamento:

fabio2

fabio3

Pedi autorização da família para divulgar as fotos, com o objetivo de apresentar o drama e procurar uma solução para o problema: O que fazer com o enorme e interessantíssimo acervo deixado pelo Fábio?

cad
Dezenas e dezenas de cadernos manuscritos, desenhados, com colagens, enchem as prateleiras, dividindo espaço com uma vasta biblioteca de arte, filosofia, religiões, etc…

é isso, por fernando stickel [ 20:01 ]

fabio moreira leite

808
Visitei hoje, a pedido da família, o apartamento/estúdio do falecido artista Fabio Moreira Leite (1951 – 2009).
Encontrei uma enorme produção de desenhos, cadernos de anotações pessoais, pinturas, objetos, livros, enfim, uma vida inteira de trabalho de um artista falecido precocemente.

é isso, por fernando stickel [ 17:42 ]

herr von nostitz

franceses
R. dos Franceses, Bela Vista, fotografada em direção à esquina da Al. Joaquim Eugênio de Lima. A foto veio daqui. A primeira seta indica a casa onde morei, a segunda a localização aproximada da Praça dos Franceses.

Quando eu era criança e morava na R. dos Franceses, havia um vizinho da rua que era amigo dos meus pais, e que de vez em quando aparecia em casa, era o diplomata alemão Gottfried von Nostitz-Drzewiecki (1902-1976) que serviu como Cônsul da Alemanha em São Paulo de 1957 a 1964.
Herr von Nostitz (ele era chamado assim pelos meus pais) tinha cachorros ferozes, acho que eram pastores alemães, que latiam violentamente todas as vezes que eu passava a pé em frente à casa dele, e de noite eu tinha pesadelos com os cães.
Muitos anos mais tarde a casa dele foi demolida para que se construisse a Praça dos Franceses.

Fiz uma pesquisa rápida no Google, e aparentemente, von Nostitz esteve envolvido na resistência alemã a Hitler, possivelmente parte do atentado orquestrado por von Stauffenberg.

Veja a fonte da Praça dos Franceses em ação clicando aqui.

é isso, por fernando stickel [ 20:46 ]

bela vista

bixiga
Durante toda a minha infância, adolescência e até casar com 22 anos, este foi o meu bairro, a Bela Vista (Bixiga). O Cursinho Universitário, na R. São Vicente, que frequentei em 1968 estava a menos de um quarteirão das casas da foto, na R. Santo Antonio.

é isso, por fernando stickel [ 16:04 ]

manuel miguez

Recebi em Novembro do ano passado um comentário em um post do Sr. Manuel Miguez, relatando seu contato com meu pai, Erico Stickel, e lamentando seu falecimento:

Conheci o Dr. Erico, o João e a sua secretária, era uma pessoa que era, por demais humilde, que era querido por todos que o conheciam e que para todos tinha sempre uma palavra amável. Lembro-me do Abaporu ao lado de sua mesa, lembro-me da alegria que me deu ao comprar-me uma máquina de escrever.
Sinto-me menor sabendo de sua “passagem”.

Perguntei a ele por e-mail que máquina de escrever era, e o Miguez me respondeu:

Meu caro:
Foi uma máquina de escrever Olivetti Linea 98, manual, que seu pai comprou e eu entreguei na casa em que eles moravam na Rua dos Franceses, sendo que fui recebido pelo “japonês” que já havia se aposentado e havia chorado pensando que deixaria o trabalho, que já não era mais querido na casa.
Creio que o escritório era na Rua São Francisco, mas, eu, atualmente, moro na Espanha, e, devido ao tempo passado (seriam 28 anos) não estou muito certo, sei que era na rua que vai diretamente à passarela que cruza a Praça da Bandeira.
O mais importante que eu quero lhe dizer é que, com o seu pai, e com os dois funcionários com que ele ficou, eu tinha uma guarida naqueles dias em que as nuvens negras passam pela sua vida, que ali sempre havia coisas bonitas pra se dizer, sempre me ensinava alguma coisa.
Eu NUNCA podia imaginar a sapiência, e o bom gosto, da escolha de seu pai, para ser, segundo me informaram “um dos maiores possuidores de arte brasiliana”.
O que posso lhe dizer é que sabedor que sou de seu trabalho na Vila Brasilândia, fico muito contente, porque a minha casa, em São Paulo, é em Itaberaba, e sei das dificuldades daquela gente.
Muito obrigado pela resposta.
Eu sei que seu natal nao deve ser muito alegre pela “coincidência”, o meu também (juro) será um dia pra se lembrar.
Obrigado
Miguez

é isso, por fernando stickel [ 12:01 ]

baleia fonte


Na R. dos Franceses na Bela Vista está encalhada há décadas esta baleia pré-histórica, a poucas dezenas de metros da casa onde nasci e minha mãe morou até 3 anos atrás. Seu autor é o escultor Domenico Calabrone.
Todos os meus filhos, quando pequenos, se interessavam pelo monstro, pincipalmente quando “fazia xixi”, pois o monstro é também, nas horas vagas, uma fonte.

é isso, por fernando stickel [ 17:43 ]

rua dos franceses


Este é o banheiro da minha infância e adolescência, fica na desativada casa da família na Rua dos Franceses, Bela Vista (ou Bixiga).

é isso, por fernando stickel [ 10:12 ]

erna e arthur stickel


Meus avós paternos, Erna e Arthur Stickel em frente à lareira da casa da R. dos Franceses, na comemoração de suas bodas de ouro em 1966.

Engraçado um detalhe impensável nos dias de hoje, na mesa de centro, um copo com cigarros. Como ninguém na casa fumava, imagino que o costume da época era oferecer cigarros…

é isso, por fernando stickel [ 16:19 ]

esvaziar, organizar


Enquanto a casa da família na R. dos Franceses se esvazia lentamente, a biblioteca se organiza, também lentamente.

é isso, por fernando stickel [ 17:28 ]