Em 18 Janeiro 1973 iniciei um caderno de anotações de folhas em branco, encadernado com espiral, formato 22,5 x 16 cm. Este seria o meu sétimo caderno de anotações, em ordem cronológica, desde que iniciei este tipo de registro, estimulado pelos meus professores da Escola Brasil: Baravelli, Fajardo, Nasser e Resende.
No entanto este caderno tornou-se um intercâmbio com o meu amigo Cassio Michalany (1949-2024) recém falecido. A combinação era simples, cada um de nós faria uma página, não havia limitação de tempo. E assim foi, até 6 abril 1973.
Algum tempo depois recomeçamos a brincadeira, desta vez em um caderno de folhas brancas e capa dura de 31x 22 cm, encomendado especialmente para a missão. O primeiro registro com data é do Cassio, de outubro 1976.
Mais uma vez a regra era única e simples: Uma página você, uma página eu.
O caderno ficava comigo durante um período, que podia ser de alguns dias até vários meses, e eu passava o caderno ao Cassio com alguma coisa escrita/desenhada/colada, em seguida ele fazia algo e me devolvia, e assim sucessivamente.
Nas cerca de 100 páginas deste “Livro de Artista” ficaram inclusive registrados (com arte!) momentos importantes de nossas vidas, exposições, nascimento dos meus filhos mais velhos, conquistas esportivas, etc…
E assim caminhamos até março 1980, quando o caderno se encerrou e Cassio abriu em 18/3/80 sua segunda exposição individual de pinturas na Galeria Luisa Strina, com convite feito por mim, a última página do livro.
2 comentários
Lisandra
novembro 25th, 2024 at 13:03
Que incrível, ao invés de fazer um registro único, fizeram compartilhado!
Uma linda cápsula do tempo, um relicário da relação, palpável como “desenterrar um tesouro”.
Imagino a emoção da pátina do tempo, do cheiro das tintas secas, do saber nas imperfeições a certeza da digital humana.
Enfim explode de vida…ainda que seu amigo não esteja mais por aqui (conforme relatos anteriores).
fernando stickel
novembro 26th, 2024 at 7:59
Isso mesmo Lisandra, uma cápsula do tempo!
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