(Fábio Moreira Leite, fotografado em abril de 2008, por Mário Leite)
Reproduzo abaixo post do blog do jornalista Paulo Moreira Leite. Leiam o post até o final e entenderão o por que desta reprodução:
“O artista plástico Fábio Moreira Leite morreu sexta-feira, 6/3/2009, em São Paulo, meses antes de completar 58 anos.
Fábio fazia desenhos, pinturas e gravuras desde os 14 anos de idade. Deu aulas em escolas da rede publica de São Paulo e também em estabelecimentos privados, fez trabalhos em escritórios de arquitetura. Entrou e saiu de diversas faculdades, algumas vezes com diploma, outras, não, mas nunca pensou em fazer outra coisa na vida além de artes plásticas.
Já gostava de frequentar a museus e exposições quando os garotos de sua idade iam para os campos de futebol e festinhas.
Participou de exposições coletivas e fez amostras individuais. Andou por vários estilos e escolas, além de criar soluções proprias em seu trabalho.
Sua obra foi lembrada recentemente numa antologia sobre a década de 70, realizada no Instituto Tomie Othake. Sem nunca ter alcançado sucesso comercial, produziu um conjunto de trabalhos notáveis pela coerência e pelo rigor. Costumava ser apreciado por quem se dava ao trabalho de conhecer o que fazia.
No universo de grandes mutações culturais que marcou as últimas décadas, ele pode se definido como um artista incapaz de negociar idéias ou convicções.
Nos últimos anos, ele residia num pequeno apartamento na região do Bixiga, em São Paulo, bairro que costumava frequentar em passeios à pé.
Em sua casa, os pincéis, telas, latas de tinta e todo material de trabalho tinham prioridade absoluta sobre seus confortos de morador.
Fábio era meu irmão mais velho. No início de 2008 descobriu um cancer no pâncreas e enfrentou a doença até a última sexta-feira, armado da principal característica que possuiu para viver – coragem.”
Visitei na semana passada, a pedido da família, o apartamento/estúdio do Fabio (1951-2009), encontrei uma enorme produção de desenhos, cadernos de anotações pessoais, pinturas, objetos, livros, enfim, uma vida inteira de trabalho de um artista falecido precocemente.
A família se pergunta o que fazer com este enorme acervo, e me pediu ajuda.
Comecei por fotografar o apartamento:
Pedi autorização da família para divulgar as fotos, com o objetivo de apresentar o drama e procurar uma solução para o problema: O que fazer com o enorme e interessantíssimo acervo deixado pelo Fábio?
Dezenas e dezenas de cadernos manuscritos, desenhados, com colagens, enchem as prateleiras, dividindo espaço com uma vasta biblioteca de arte, filosofia, religiões, etc…
11 comentários
madoka
maio 3rd, 2010 at 22:36
estará em boas mãos. muito interessante e recheada de histórias e artes a casa do artista. dá pra se ver que era uma mente em ´ebulição ´. Adoro cadernos manuscritos com desenhos e colagens, com certeza não pode virar cinzas esse acervo todo.
por outro lado, faz a gente repensar na vida da gente mesmo. tudo vira pó, um nada, porque os que vão ficar vão jogar tudo ou não?
abraço
madoka
fernando stickel
maio 4th, 2010 at 8:46
Aí é que está, Madoka, tudo virará pó, mas quando??!!
Iara
maio 5th, 2010 at 8:34
Acho uma grande perda para a sociedade se esse material não for conservado e acessível a pesquisadores e estudiosos da arte. Não sei se a família pensa em vender ou doar para uma universidade pública ou museu, mas talvez seja uma forma de imortalizar o artista.
fernando stickel
maio 5th, 2010 at 10:14
Iara, com certeza! Falou com o Rodrigo Naves?
Te
maio 7th, 2010 at 10:29
Tudo deveria ser revisado e preservado ,mas feito de uma tal maneira q o publico pudesse usufruir desse acervo.
fernando stickel
maio 8th, 2010 at 9:49
Te, com certeza. Alguma idéia?
beth carmona
maio 9th, 2010 at 15:10
Fabio foi casado com minha irma Yara e com ele nasceu a Rita, filha deles e uma sobrinha querida.Atraves dela sempre acompanhamos de certa forma sua vida e obra.Mesmo assim ao tomar contato com as obras que estao no ap fiquei super impressionada com a qualidade e a quantidade da produçao do Fabio. Vale a pena o empenho e a mobilização para que este acervo possa ser estudado e exposto a todos. E muito rico e variado.Sera que a USP nao teria interesse ?Vamos tentar?
Yara Carmona
maio 9th, 2010 at 18:01
Sou mãe de Rita, filha única de Fábio. Eu, Rita e Paulo Moreira Leite, estivemos juntos no apê em um sábado chuvoso no final de abril. A intenção era a de desocupar o imóvel. O que fazer com um acervo tão vasto, vigoroso, e criativo…são livros, pinturas, desenhos, cadernos de artista, além de livros de Filosofia, Matemática, Arte, Psicanálise. Parecia uma tarefa impossível…Procurei por Fernando Stickel na semana passada, por sugestão de Nelson Screnci, artista amigo de Fábio. No mesmo dia em que nos conhecemos,eu e Fernando fomos ao apartamento onde Fabio morou e trabalhou nos ultimos anos. Beth minha irmã sugeriu a USP. Fernando já havia falado no IEB. Na semana q. vem visito o apê da 9de Julho com Edith Derdik, artista q. também conheceu Fábio e viu Rita crescer. Caminhos, sugestões…a porta está aberta
Te
maio 10th, 2010 at 12:41
Infelizmente eu estou no outo lado do mundo e não conheço nada, mas talvez alguma fundação, biblioteca, univ ou escola de arte se interesse.Se nada disso resultar faz um mega leilão porq às vezes as familias não querem o “lixo” dos artistas, a sua tralha, mas para outro art. ele è precioso!Sinto muito não poder ajudà-lo…
fernando stickel
maio 11th, 2010 at 9:18
Beth, Yara, Te, vamos divulgando, cutucando, ampliando e criando o caminho, uma hora a caminhada toma o rumo correto.
Valmir de Souza
janeiro 23rd, 2018 at 18:49
Car@s, nos anos 1990, estive com Fábio Moreira Leite em vários momentos. Só agora soube de seu falecimento. Uma perda inestimável. Visitei com ele o apto. da 9 de julho. Fiquei muito impressionado com as obras dele. Qual foi o encaminhamento em relação ao acervo do Fábio?
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