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caderneta de lili

caderneta
O mês de Março de 1944 não foi bom para os cavalos da Fazenda Toriba, em Campos do Jordão.
Pelas anotações que minha avó Maria Elisa Arens Diederichsen (Lili) fazia em uma pequena caderneta, três animais sucumbiram trágicamente neste mês. Encontrei a caderneta hoje, fazendo arrumações em arquivos antigos.

-Tarzan (cavalo branco) foi encontrado na cerca no mato Yporanga com a barriga furada pelo arame farpado a 18/3/44 (já decomposto)

-Dourado que era caôlho morreu no precipício Winitou quebrando a nuca dia 26/3/44

-Violino morreu afogado na represa em frente ao Morro das Corujas.

Os locais descritos faziam parte das minhas andanças e brincadeiras de criança e adolescente, nas férias de Julho na Fazenda Toriba em Campos do Jordão.

Na página seguinte da caderneta surgem as medidas da porta da sala de jantar para o living de Toryba, altura 2.22 largura 2.60… e assim vai… so it goes…

é isso, por fernando stickel [ 16:39 ]

raid solidário

polana
Convidei meu amigo Alexandre Dórea Ribeiro para pilotar a Mercedes-Benz 280SL no passeio a Campos do Jordão do III Raid Solidário Alfa Romeo Clube / Ame Campos / Movimento Vivências / Haras Polana. Evento lindo, dia lindo, recepção perfeita, quase esqueci que meu braço continua na tipóia…
O evento se destinou à arrecadação de gêneros alimentícios, fraldas geriátricas, leite em pó para a Casa da Divina Providência de Campos do Jordão. Esta asilo mantem 90 idosos de longa permanência.

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Paulo Bilyk foi o anfitrião perfeito no almoço em seu lindo Haras Polana.

é isso, por fernando stickel [ 14:18 ]

excursão em campos do jordão

excursão campos
Saída de excursão em Campos do Jordão, provavelmente Julho 1960, da esq. para a direita de pé:
Klaus Foditsch (falecido) Mauricio Oliveira, Fernando Stickel, Zé, filho do caseiro, Marcelo Oliveira e Marcos Oliveira.
Agachados, Arnaldo Diederichsen, Bernardo Diederichsen e Joaquim Cunha Bueno Marques (falecido)

é isso, por fernando stickel [ 13:51 ]

rallye campos do jordão

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Meu filho Arthur como navegador e eu participamos do Rallye Campos do Jordão, 82º Raid do MG Club do Brasil, na sexta-feira 5/11 (noturno) e sábado 6/11/2014.

Mais uma vez a Mercedes-Benz 280 SL 1970 aguentou bem o tranco, incluindo chuva e frio!

A equipe funcionou perfeitamente, o que nos deu o terceiro lugar!!!

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Foto Vera Lambiasi

é isso, por fernando stickel [ 10:49 ]

rallye volare: primeiro lugar!

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Arthur meu filho e navegador, e eu piloto faturamos mais um “Primeiro Lugar” no 77º Raid MG Club do Brasil, rallye de Regularidade “Volare” do MG Club. O Volare realizou-se em 31 Agosto 2013, mas seu resultado só foi divulgado agora.

volare 4

volare
O rallye de regularidade MG Club do Brasil Challenge é composto de dois rallies, onde se somam os pontos, o Rallye Volare e o Rallye de Campos do Jordão, que teve também uma prova noturna na sexta-feira.
Na soma de três rallyes, sendo que o rallye noturno não conseguimos fazer, ficamos em 6º lugar!

é isso, por fernando stickel [ 9:01 ]

rallye campos do jordão

volare 3
A saída para o Rallye Campos do Jordão promovido pelo MG Club foi um verdadeiro inferno!!
Calor, poluição, motoboys infernizando com suas buzinas, foi difícil aguentar, mas em compensação a Mercedes-Benz 280 SL 1970 aguentou bem o tranco!
Arthur e eu pegamos a marginal Pinheiros/Tietê por volta das 15:30h, demoramos cerca de 3 horas até chegar à Rod. Ayrton Senna, que também estava lotada, resultado de tudo isso chegamos à Campos do Jordão às 20:30h, exaustos e atrasados para a largada do rallye noturno.
Como chovia, achei melhor não arriscar uma largada apressada para recuperar alguns pontos, e desistimos da prova.

é isso, por fernando stickel [ 7:11 ]

hotel montblanc


Consta que o Hotel Montblanc em Campos do Jordão fechou em 2004. Hoje apresenta visivel deterioração, parece um castelo mal assombrado…


O mato cresce, como estará por dentro?

Se bem me lembro, alguns destes mega-hotéis foram construidos na expectativa da liberação do jogo, que veio na esteira dos escandalos dos bingos, e com recursos de origem duvidosa…

é isso, por fernando stickel [ 17:47 ]

1000 milhas históricas brasileiras

carrera 2,7
O grande herói da participação na 3ª edição do rallye internacional 1000 Milhas Históricas Brasileiras 2013, foi o Porsche 911 Carrera 2,7 1975.
Promovido pelo MG Club, o rallye é regulamentado pela Fédération Internationale des Véhicules Anciens – FIVA.
Eu pilotei razoávelmente bem, meu navegador Miguel Barros Costa me auxiliou no mesmo diapasão, e o ponto alto da equipe foi a prova de regularidade na pista Velo Città, onde conquistamos o 4º lugar.
No resultado geral ficamos em 29º lugar, em 49 participantes.
Ao final de 5 dias de provas, de 18/6 a 23/6, percorremos 1883km. O carro comportou-se impecávelmente, seu único problema foi no regulador de voltagem, o que acabou por nos deixar com a bateria fraca e sem motor de arranque no penúltimo dia, algo fácilmente contornável empurrando-se o carro para pegar no tranco.

velocitta

campos do jordão
Este foi o cenário da largada final do rallye hoje cedo em Campos do Jordão.

é isso, por fernando stickel [ 20:14 ]

raid solidário


Raid Solidário promovido pelo Alfa Romeo Clube do Brasil.

Após um café da manhã no Shopping Iguatemi, nos dirigimos para a Casa da Divina Providência de Campos do Jordão. Este asilo mantem 90 idosos de longa permanência, e lá entregamos nossas doações de fraldas geriátricas, gêneros alimentícios, leite em pó, etc…

Em seguida seguimos para um almoço no Haras Polana.

é isso, por fernando stickel [ 13:14 ]

jimmy, pagoda & campos do jordão

pagoda renasce
Fizemos no domingo, no meio do carnaval um passeio “bate-e-volta” a Campos do Jordão, com a Mercedes-Benz 280 SL 1970.

A Pagoda completou durante a viagem 5.000 km desde que seu motor foi totalmente refeito.
O carro está muito bom em todos os aspectos, confiável, seguro, e o objetivo agora é a correção de pequenas imperfeições, como por exemplo ajuste fino na regulagem do motor e no alinhamento da direção.
Somente ao final de todas as correções mecânicas pretendo dar uma repassada geral na pintura, que necessita de pequenos retoques, e nos cromados.

Jimmy Hendrix se adaptou muito bem ao carro, e ficou muito atento ao reabastecimento no posto de gasolina.

é isso, por fernando stickel [ 9:02 ]

campos do jordão


Campos do Jordão

Meu avô Ernesto Diederichsen (1878-1949), industrial e empresário e minha avó Maria Elisa Arens Diederichsen (Lili) chegaram à cidade serrana de Campos do Jordão SP em 1936. Encantados com o cenário alpino, adquiriram grandes áreas de terra na região.
Construiram em área de cerca de 100 alqueires denominada “Fazenda Toriba” a “Casa Grande” destinada ao veraneio da família, inaugurada em 1941. Na sequência, associados ao genro Luiz Dumont Villares construíram o Hotel Toriba, inaugurado em 1943.

Até o comecinho dos anos 70 as famílias Stickel, Diederichsen e Villares passavam as férias de Julho na Casa Grande. A casa era imensa, tinha três alas, duas no térreo (Stickel e Diederichsen), e uma no piso superior (Villares). O quarto da Vovó Lili (1883-1973), a dona da casa, ficava em um “corner” da ala Stickel. Havia ainda a casa da portaria, no andar superior da casa do caseiro, o que significava no total cerca de 16 quartos e perto de 50 pessoas na casa na alta temporada de Julho, pois vários quartos eram guarnecidos de dois beliches. Logo na entrada, sobre o gramado, ficava um lindo chorão, ao seu lado o telhadinho do sino, seu toque chamava para as refeições.
No total, a Fazenda Toriba englobava duas portarias (Toriba e Umuarama), dois chalés, a Casa Grande, duas ou três casas de colonos, a garagem do trator, a casa do Fritz, o administrador, a cocheira ao lado do lago e a horta, cuidada pelo “Joãozinho da Horta”, que também era um artista “naif”, pintava sobre madeira. Inúmeras construções auxiliares se espalhavam pela área, caixas d’água, estufas, barragens, captação de águas e casa de bombas, etc…
Os dois chalés eram ocupados, um pela família Lenz Cesar, e o outro alugado à família Van Langendonck. A portaria de Umuarama era tradicionalmente alugada para a família Oliveira.

As crianças se auto-definiam em grupos pelas idades como “pequenos, 8-9″, “médios, 10-11″ e “grandes, 13-14″, nesta escala um ou dois anos de diferença faziam a separação dos grupos. O grupo dos pequenos adorava fazer cabana dentro de casa, prendiam colchas e lençóis trazidos pelas mães com pregadores no espaldar das cadeiras, e se instalavam confortavelmente sobre almofadas.
Eu, meu amigo Klaus, meu primo Bernardo e a os irmãos mais velhos da família Oliveira, Mauricio, Marcelo e Marcos eram os “grandes”, e esta turminha não se cansava de aprontar, tendo certa feita se dedicado a quebrar TODOS os vidros da cocheira! Quando os pais souberam da façanha aplicaram uma das maiores broncas de que tenho memória, e vários castigos…

A rotina diária incluia sair a cavalo logo cedo, passeios os mais diversos, até a hora do almoço, depois do almoço trabalhar nas “estradinhas”, construção coletiva de estradas, grutas, pontes, escavadas em um barranco perto da Casa Grande, depois “zonear” no Hotel Toriba, onde os netos de Dona Lili, minha avó, podiam fazer tudo, inclusive assaltar a confeitaria…
Á noite, banho, pijama, “robe-de-chambre” e chinelos de lã com sola lisa de couro, que nos incentivava a derrapar no piso de cerâmica vermelha, em seguida jantar e jogos perto da lareira. Os mais safados costumavam assaltar a despensa, recheada de latas de biscoito e leite condensado. O acesso sempre trancado era driblado por uma passagem secreta através da lavanderia…

Vez por outra visitávamos o Ibaté, casa do meu tio Luiz Dumont Villares, e o programa era sempre nadar na piscina gelada e o escorregador de alumínio!
A Casa Grande tinha um único telefone, alojado em uma cabine anexa ao lavabo, as ligações muito difíceis eram através da telefonista. Do lado de fora, o pavilhão do ping-pong, construido em “logs”. Na entrada, do lado direito do portão principal ficava uma área coberta que abrigava uma dúzia de cavalos.

Durante as férias de Julho os pais chegavam de São Paulo às sextas-feiras, para grande alegria de todos, carregados de revistas, guloseimas, etc… Nas manhãs de sábado e domingo meu tio Ernesto montava as caixas de som nas janelas da sala, direcionadas para o páteo externo, e tocava música clássica, Dave Brubeck e outras preciosidades. Ficava todo mundo por ali curtindo o som, lendo, tomando um sol ou simplesmente ouvindo o vento nas árvores.

orestes
Vez por outra a Casa Grande recebia a visita de Frei Orestes Girardi, baixinho, magérrimo e corcunda, o Frei era uma importante liderança local, sempre batalhando pelos pobres. Talvez tenha sido o meu primeiro contato com o Terceiro Setor…

O cavalo Winnetou da Vovó Lili morreu ao escorregar em uma grota ao lado da Casa Grande, ao resgatar o corpo do animal descobriu-se uma fonte de água pura e cristalina, que a partir deste momento passou a ser chamada de Fonte Winnetou, na qual Vovó Lili bebia água todos os dias!
Inevitavelmente, a cada mês de Julho, era construida uma cabana no meio do mato. Todos participavam, e carregavam martelos, pregos, serrote, machadinhas, facões, etc… Óbviamente um ou outro era vítima de tantos objetos perfuro-cortantes, e as diligentes mães tinham que se desdobrar como enfermeiras, e levar alguém para a cidade dar pontos…

No lago haviam dois ou três caiaques de lona, e sempre que eu me aventurava por aquelas bandas acabava por cair no lago e voltava molhado e enlameado para casa. Aliás, água, chuva, lama e sapos faziam parte integrante das férias, sair pelado na chuva era o máximo!
As aventuras com cavalo eram inúmeras, e os tombos também, ao meu primeiro cavalo dei o nome de Ferraz, o segundo foi o Carbono, tinha esse nome por sua cor gafite azulado, lindo! Os mais velhos faziam excursões a cavalo que duravam dois ou três dias, dormíamos em sleeping bags debaixo de um céu estúpidamente estrelado!

Um dos passeios recorrentes era a visita ao Matadouro Municipal, na serra velha, era o fascínio do horror, da morte, do sangue, a língua de fora e os olhos vidrados. Mas o pior eram os cheiros, porque ao lado existia um curtume, e aí é que a sinfonia sensorial pegava pesado!
As excursões à Pedra do Baú envolviam logística mais sofisticada, às vezes voltávamos pelo Acampamento Paiol Grande e São Bento do Sapucaí. Quem tinha medo ia só até o Bauzinho…

O capítulo dos automóveis era sério…
Com cerca de 13 anos eu queria guiar de qualquer jeito, e meu pai me ensinou a guiar em uma Rural Wyllis, com câmbio no chão. Nesta fase ele permitia que eu guiasse dentro dos limites da fazenda, o que significava intermináveis idas e vindas em uma pequena estrada de terra de cerca de 2 km.
Eu dirigia tudo o que me caisse nas mãos, principalmente uma camionete Ford 1951 cinza, caindo aos pedaços, um trator vermelho Case dos anos 40, de rodinhas juntas na frente, e o carro da minha avó Lili, um Ford Tudor V8 1955 branco.
À noite, eu e meu primo Bernardo sempre encontrávamos um jeito de roubar os carros, e aí saíamos para fora da fazenda, eu guiando o Ford Tudor e ele no Plymouth Belvedere 1959 do pai dele. Eram corridas entre Abernéssia e Capivari, sempre em alta velocidade, a mais de 100km/h. As avenidas eram totalmente desertas e geladas e eu lembro das luzes dos postes passando rápidamente contra o céu estrelado. Só não aconteceu um acidente nestas saídas noturnas porque a divina providência houve por bem nos poupar!

Muitas e muitas vezes todos se mobilizavam para ajudar no combate aos incêndios na mata, que eram comums na época de inverno. Muitos relacionamentos, namoros e até casamentos conteceram a partir das brincadeiras nas noites geladas, excursões ao Pico do Itapeva, festas em casas dos amigos, bailinhos no Hotel Toriba etc…

Bons tempos!!


A planta da casa.


Uma amiga me enviou estas fotos da casa construida por Floriano Pinheiro, publicadas na revista Acrópole Nº 72 de Abril 1944.

é isso, por fernando stickel [ 11:28 ]

pedra do baú

refugio
Descobri em uma antiga publicação da Villares este projeto para o Refúgio da Pedra do Baú. A cabana foi construida nos anos 40 como parte da implantação do Acampamento Paiol Grande em São Bento do Sapucaí, graças aos esforços, entre outros, do meu tio Luiz Dumont Villares, do meu pai Erico Stickel, Job Lane, Otavio Lotufo e Alfredo Velloso.
Eu ainda conheci a cabana de pé, e lá dormi na minha primeira escalada da Pedra em 1956. Logo depois ela foi vandalizada, hoje não sobra nada.

refugio-2

certificado-baú
Meu certificado de escalada do Baú foi assinado pelos meus primos Maria e Paulo Villares (com a observação “que escalou o Matterhorn…), e pelo meu pai, Erico Stickel. Eu tinha 7 anos e três meses de idade!

A HISTÓRIA DO PAIOL GRANDE
por Paulo Diederichsen Villares

Como nasceu a idéia?

Após o término da Segunda Guerra Mundial, lá pelos anos de 1946, meu pai, Luiz Dumont Villares, foi procurado por um grande amigo seu, o Dr Job Lane, que era dono do Hospital Samaritano em São Paulo. Disse ele à meu pai:

“Luiz eu conheci um americano lá nos Estados Unidos, que tem um Acampamento de Férias para jovens e perdeu seus dois filhos na Guerra. Em homenagem e lembrança de esses dois filhos, ele gostaria de tocar um acampamento de férias aqui no Brasil, semelhante ao dele, mas precisa de quem de apoio a ele. Você não gostaria de conhecê-lo? “

Assim foi que meu pai numa próxima ida sua para os Estados Unidos, convidou o Mr. Donald D. Kennedy para um jantar em Nova Iorque e o diálogo dos dois foi mais ou menos assim, segundo meu pai:

“Mr. Kennedy, o que é um acampamento de férias para jovens?“

Mr. Kennedy então explicou e explicou, contando o que ele e a mulher dele, Harriet, faziam, no chamado “Camp Kieve”, em Vermont. Era uma oportunidade para jovens meninos, entre onze e quinze anos de idade, aprenderem a desfrutar a natureza, a fazer amigos, através de muito esporte, num ambiente longe da cidade e longe das “saias das mães”.

Meu pai ficou muito impressionado e disse :

“Não temos nada parecido no Brasil”

Mr. Kennedy então respondeu:

“Porisso mesmo que eu tive a idéia de fazer algo semelhante ao que eu tenho aqui, em memória aos meus filhos que perdi na Guerra”

Meu pai voltou para o Brasil, chamou o Dr. Job Lane e ambos juntos resolveram procurar amigos que topassem a ideia de implantar o primeiro acampamento de férias do Brasil.

Não foi difícil reunir um punhado de amigos. O difícil foi realizar a tarefa no curto espaço de tempo que restava, pois o compromisso de meu pai com o Mr. Kennedy, foi o de ter um acampamento de férias pronto para funcionar no verão de 1947!!

Como foi escolhido o local?

Em 1943, no final da construção do Hotel Toriba, em Campos do Jordão, que meu pai fazia com meu avô, Ernesto Diederichsen, o famoso empreiteiro Floriano Pinheiro, que construía o Hotel, apresentou a ele o humilde pedreiro, Antonio Cortez que havia acabado de subir a Pedra do Báu, até então nunca escalada. Era plena Segunda Guerra, mas meu pai ficou tão entusiasmado, aos ter sido levado pelo Antonio, para também escalar a Pedra, que resolveu comprá-la, com idéia de fazer uma escada, e mais tarde, lá em cima, um abrigo, do tipo dos que existiam no Alpes da Suíça, País onde havia estudado.

Queria que “todo o mundo” pudesse escalar a Pedra, afim de desfrutar daquela empolgante natureza.

Foi assim que, anos depois, justamente quando meu pai resolveu levar para a frente a idéia do Mr. Kennedy, que o tal abrigo, em cima da Pedra do Baú estava sendo feito. E numa ida dele, para ver como andava a construção da casinha, em que eu também estava presente; lá de cima, me lembro do seguinte diálogo de meu pai com o Antonio Cortez, que não só havia colocado as escadas e os degraus, mas estava também construindo a casinha. Disse ele:

“Antonio, presta bem atenção. Eu vou explicar para você o que é um Acampamento de Férias para Jovens”

Respondeu o Antonio :

“Pois não Doutor, pode falar ! “

e meu pai, com muita paciência, explicou e explicou, tudo o que havia apreendido do Mr. Kennedy, terminou e perguntou :

“Antonio, você entendeu o que eu falei?“

respondeu o Antonio:

“Entendi sim, doutor”

meu pai então perguntou :

“Então me diga aonde posso fazer esse Acampamento?“

“Lá em baixo“

respondeu prontamente o Antonio Cortez, apontando, lá de cima do Baú, para o vale lá em baixo, onde hoje é o Acampamento Paiol Grande.

Meu pai voltou para São Paulo, reuniu seus amigos, e compraram as terras onde hoje está o Acampamento Paiol Grande.

Porque o nome Acampamento Paiol Grande?

Porque o Acampamento está no Vale do Paiol Grande. A Pedra do Baú está no meio de dois vales. Um chama-se Vale do Baú, fica no lado de campos e Jordão, e ou outro, Vale do Paiol Grande.

E daí?

Daí, após a compra do terreno, foi uma correria incrível!! O Acampamento tinha que ficar pronto em poucos meses! Não dava tempo de contratar um arquiteto. Então, meu pai, pegou os desenhistas do departamento de projetos da Elevadores Atlas, que projetavam as cabines dos elevadores, e juntos foram projetando os primeiros chalés de madeira.

Meu pai havia acabado de comprar seu primeiro avião, um Beechcraft Bonanza,e conseguiu com o Prefeito de São Bento do Sapucaí que fizesse um campinho de aviação na cidade, para assim ele poder sair na hora do almoço do Campo de Marte, onde guardava o seu avião e dar um pulo até o Paiol, afim de ver como andavam as obras. Nos domingos ele me convidava:

“Paulo, vamos dar um pulinho até São Bento, para ver como andam as obras do Acampamento?“

Eu tinha só dez aninhos de idade, mas lá ia de “co-pila”

Como foi a primeira temporada ?

Foi uma aventura total. A piscina não tinha ficado pronta. Era uma piscina de terra, mas muito divertida. Uma lama só ! O prédio do refeitório estava pronto, felizmente, então a gente tinha onde comer, mas o Ranchão, onde a gente iria fazer os eventos fechados, não estava. Faltavam as paredes laterais.

E aí o que aconteceu?

Deu um “pé de vento” e o teto do Ranchão desabou! Ficamos sem o Ranchão no primeiro ano.

E os chalés ?

Tudo bem, mas não tinham água quente. Aliás, assim foi por muito tempo, pois apesar das primeiras temporadas serem de dois meses, era verão, então o Mr. Kennedy entendia que não precisávamos de água quente. Só mais tarde, quando começaram as temporadas das moças, em Julho, com era inverno, então os chalés ganharam água quente.

Resumo da primeira temporada, não havia meio termo, alguns Paioleiros adoraram, mas outros, entre os “grandes”, que ficaram no chalé dos Ventos, detestaram a tal ponto que até FUGIRAM do Paiol.

Qual era a programação no primeiro ano?

Muito esporte, piscina de barro, lutas de Box, longas cavalgadas, banhos de rio de descoberta de cachoeiras, campeonatos de arco e flecha e é claro, muitas subidas na Pedra do Baú. Muitas porque eram dois meses!

Nas cavalgadas, sempre acampávamos em barracas e nunca sabíamos direito para onde estávamos indo, pois não haviam trilhas. Era só mato. À noite, é claro, sempre ouvíamos miados de onças. Não sabíamos que onça não mia e só “esturra” !!!

FOI UMA EXPERIÊNCIA INESQUECIVEL

São Paulo, 27 de Abril de 2012

é isso, por fernando stickel [ 14:49 ]

memórias profundas

Memórias profundas

Porão escuro da R. dos Franceses
Porão/oficina do Paulo Villares na R. Áustria
O quarto de ferramentas do meu avô Arthur Stickel no Guarujá
A garagem de barcos do meu avô Arthur Stickel no Guarujá
Os cheiros da casa grande em Campos do Jordão – a cerâmica vermelha
O quarto dos rádios do meu tio Ernesto Diederichsen na R. Gal. Mena Barreto
A copa de inox da casa do meu tio Ernesto Diederichsen, na R. Gal. Mena Barreto – o cheiro de banana batida com leite
Os caminhos secretos montados com caixotes
Ferrari vermelha à beira da estrada na Suíça
Cheiro de resina na floresta da Suíca

é isso, por fernando stickel [ 11:12 ]

rallye – resultados


Mario Sacconi e eu em Campos do Jordão.


Mesmo sem o hodômetro, que quebrou logo no início da prova, Mario Sacconi, meu navegador e eu ficamos em 12º lugar no Rallye de Campos do Jordão, 72º Raid do MG Club do Brasil com a fabulosa Mercedes-Benz 280SL 1970.


A máquina!

é isso, por fernando stickel [ 8:14 ]

rallye campos

Rallye Campos do Jordão do MG Club, completado com perfeição na Mercedes-Benz 280SL 1970. Mario Sacconi, meu navegador e eu contornamos a quebra do hodômetro e fomos até o final sem mais nenhum problema.
Percorrer sem sobressaltos cerca de 600 km, em um carro que acaba de sair de um processo de restauro que durou cerca de três anos, é um prazer indescritível. Escutar o barulho redondo do motor, que ainda está amaciando, os engates precisos do câmbio, os freios eficientes, o painel onde tudo funciona é a cereja do bolo!

é isso, por fernando stickel [ 12:47 ]

steve jobs

apple
Eu não o conheci pessoalmente, mas de alguma forma a vida de Steve Jobs e suas geniais criações esteve entralaçada com a minha, principalmente por duas vertentes:

1. O computador pessoal
Quando morei em New York, no período 1984-85, necessitei escrever meu currículo, e acabei por descolar um freelancer que escrevia em um PC primitivo com sistema DOS, tela preta e letras verdes; eu sentava ao lado dele em um apartamento da Sétima Avenida e ia corrigindo o que ele digitava, ao final da sessão imprimia-se o resultado em uma impressora matricial.
Fiz desta maneira várias versões, e na volta ao Brasil necessitei continuar o trabalho.
Por uma fantástica coincidência, conheci em Campos do Jordão o Bruno Mortara, amigo da minha ex-mulher Jade, e vi em cima da mesa na casa dele uma revista com o título “Desktop Publishing”, perguntei o que era aquilo, ele me explicou que com o computador Macintosh era possível criar uma publicação no estúdio, em cima de sua mesa de trabalho.
Achei o máximo, e comecei a trabalhar com o Bruno e seu computador Apple, fizemos inúmeros trabalhos desta maneira, anos mais tarde em 1997, orientado pelo Bruno, comprei meu primeiro Macintosh, me tornando um fiel usuário desde então. Entre 1997 e 99 produzi integralmente o meu livro “aqui tem coisa” em um Power Mac G3. Desnecessário dizer que o meu celular é um iPhone 4.

2. Jay Chiat
Conheci o Jay, fabulosa figura humana em 1983 em New York, e tive o privilégio de me tornar seu amigo. Em 1984 sua agência de publicidade, Chiat/Day, foi responsável por uma das mais famosas campanhas jamais feitas, o lançamento em rede nacional no Superbowl do filme “1984” que apresentou ao mundo o Macintosh da Apple.
Neste mesmo ano cheguei a New York, onde morei até Dezembro de 1985.
O contato com o Jay, ouvir suas histórias do mundo da publicidade, suas campanhas para a Apple, Porsche e Energyzer, frequentar sua casa na 34th Street, e conviver com seus amigos foi para mim uma experiência única, insubstituível. Através dele conheci o estúdio do arquiteto Frank O. Gehry, jantei com o ator Dennis Hopper, manuseei várias caixas do artista Joseph Cornell e guiei seu Porsche um dia inteiro em Los Angeles, além de passar duas temporadas seguidas na Côte D’Azur. Com ele aprendi também sobre o lado positivo do “American Way Of Life”, o empreendedorismo e a objetividade, a valorização do trabalho e de fazer as coisas direito, da criatividade e da inteligência.

As mortes de Jay Chiat em 2002 aos 70 anos de idade, vítima de câncer da próstata, e de Steve Jobs, aos 56, vítima de câncer do pâncreas, marcam para mim o fim de um ciclo, dois homens geniais que souberam como ninguém falar de modernidade, eficiência, beleza e inteligência, com muito humor e generosidade. O Jay eu conheci de perto, o Steve e seu legado fazem parte da minha vida…

é isso, por fernando stickel [ 15:43 ]

vale do baú


Vista da Pedra do Baú, que se localiza técnicamente no minicípio de São Bento do Sapucaí, mas é comumente localizada em Campos do jordão.
Na frente, a AnaChata, à direita o Vale do Baú.

é isso, por fernando stickel [ 12:17 ]

mamãe em campos

martha2
Minha mãe Martha, na santa paz de Campos do Jordão.

é isso, por fernando stickel [ 9:47 ]