Estevão Kiss, o primeiro à esquerda é avô da minha amiga Sonia Kiss, ao lado dele o meu avô Ernesto Diederichsen. O prédio ao fundo é a creche da Argos Industrial SA em Jundiaí SP.
A maior indústria de Jundiaí SP até por volta de 1930 era a tecelagem Argos Industrial, produtora de tecidos de algodão e lã, fundada em 1913 pelos imigrantes italianos Aleardo Borin e Luiz Trevisioli, com o nome de Sociedade Industrial Jundiaiense, mas cujo controle foi adquirido, logo depois, por Ernesto Diederichsen, que era o gerente no Brasil da multinacional teuto-santista Theodor Wille & Cia.
Localizada na Avenida Dr. Cavalcanti, a Argos Industrial foi administrada pelo engenheiro têxtil húngaro Estevão Kiss de 1930 a 1947. Contando com vendedores em todo Brasil, a Argos conquistou o mercado têxtil ano após ano. Produzia gabardines de primeira linha e o famoso verde-oliva para vestir o Exército.
O maior destaque da empresa era o avanço em benefícios sociais e respeito aos seus funcionários. Além da associação de empregados, a empresa mantinha uma cooperativa, loja, grupo escolar, creche, escola de fiação e tecelagem, curso pré-vocacional para os filhos dos funcionários, refeitório, cinema, parque infantil, capela e uma pequena biblioteca.
As obras da creche, a primeira do município, foram iniciadas em 1943, por iniciativa de Estevão Kiss, e concluídas no dia 17 de novembro de 1945. Inicialmente, atendia 40 crianças em período integral, que recebiam café da manhã, instruções primárias, moral, cívica e religiosa, assistência médica e dentária, e ainda brincavam sob a orientação das professoras.
Além de suas instalações, a creche contava com uma capela. Com pé direito de cerca de nove metros de altura, é dedicada a Stephanus (Santo Estevão). O altar possui mármore carrara com detalhes coloridos. Na parte superior das paredes, há afrescos datados de 1945 e restaurados em julho de 1959 por Amadeu Accioly, e o piso é do tipo hidráulico pintado artesanalmente.
No início da década de 80, a empresa sofreu crises internas e acabou falindo em 1984. Com a falência, a Argos fechou as portas e demitiu os funcionários, pondo fim num império industrial que marcou seus anos de glória. A creche também sofreu o abandono após a falência. O tempo passou e a Argos se transformou em ruínas.
No entanto, em 1989 a Administração Municipal, ainda na gestão do prefeito Walmor Barbosa Martins, comprou o prédio com verba destinada à educação. Nesse mesmo período, foi decretado o tombamento provisório do imóvel pelo Condephaat. Hoje, o local abriga o Complexo Argos, e a creche passou a ser gerida pela Prefeitura.
Maquete preparada pelo Centro Internacional de Estudos, Memórias e Pesquisas da Infância de Jundiaí SP.
1 Comentário
Eduardo Amaral Gurgel Kiss
setembro 3rd, 2023 at 14:33
Bela iniciativa do Sr. Walmor, de preservar a história e promover a educação no município. Parabéns a todos os envolvidos.
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