Emprestei este post inteirinho do meu amigo Aly:
Foto de Aldrabano de Caraballo: Rapariga de Glúteos Protuberantes, São Paulo, 2007
O EUFEMISMO
O emprego do eufemismo caracteriza certas camadas sociais. A um homem da plebe que comete um furto, as gazetas não hesitam em exprobar ao ladrão, ao gatuno, o roubo que praticou ; mas se um homem de alta sociedade cometeu o mesmo, o mesmo crime, então os redatores adoçam servilmente a frase e escrevem: desvio de fundos, fraude, alcance, etc.
O povo observou perfeitamente esta injustiça e fez sobre ela um provérbio admirável: “Quem rouba um pão, é ladrão; quem rouba um milhão, é barão”.
Um homem do povo não se embriaga; isso é próprio da gente fina; o plebeu embebeda-se, e, empregando termos da gíria popular, toma a carraspana, o pifão, o pileque, fica grosso, colhe a trompa (gíria galega), etc. Se num salão aristocrático se ouvissem estes nomes, as senhoras corariam de indignação; se numa viela de Alfama, em Lisboa, alguém pronunciasse o vocábulo embriagar, era apupado e escarnecido – caso verdadeiramente o entendessem.
O conselheiro Acácio, a famosa caricatura de Eça de Queirós, conhecia bem o valor do eufemismo e empregava-o constantemente. Diz dele o escritor:
“Nunca usava palavras triviais; não dizia vomitar, fazia um gesto indicativo e empregava restituir”.
Até os ladrões entre si usam o eufemismo, como aquele ratoneiro duma novela de Castelao, que suavizou o termo roubar em apanhar:
“Certa noite de caminho propuxo Barrote que fossem apanhar uas galinhas”.
– Os dous de sempre, 1ª edição, p. 60.
Pode portanto dizer-se que há na linguagem uma dissimulação, uma espécie de hipocrisia – o reflexo de todas as atenuações, transigências e desigualdades que a vida social, como está constituída, nos impõe.
M. Rodrigues Lapa in Estilística da Língua Portuguesa.
São Paulo: Martins Fontes, 1982. (excerto)
“Quando a alma fala, já não fala a alma.” Friedrich Schiller,
por aly.
3 comentários
abbondio
novembro 27th, 2008 at 16:55
Grandes Aly e protuberância !
gugala
novembro 27th, 2008 at 20:23
Vai bebericar no glúteo!
E o cara ainda chama-se
Abano de Carvalho, isso sim é eufeminismo!
ahahah
fonthor
novembro 29th, 2008 at 9:21
Que beleza!!!!!!
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