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...desde janeiro de 2003

a história se repete


Meu neto Ian.

Meu filho Antonio foi à Índia para um retiro espiritual, parte de um processo que já vem ocorrendo há alguns anos de mudar de profissão, se tornar um “healer”, um terapeuta conectado com a espiritualidade.
Eu e a Iris, mãe dele ficamos um pouco preocupados, a estadia seria de dois meses, mas ele estava determinado e finalmente a viagem ocorreu, chegando ao “ashram” na cidade de Rishikesh no norte da Índia às margens do Ganges, quase no Tibet. Antonio enviou algumas poucas notícias, o tempo passou e nós nos despreocupamos.
Se aproximando a data de seu retorno eu soube através da Iris que meu neto Ian de oito anos havia caído de uma árvore na escola, no Vale do Capão, BA, quebrando o antebraço esquerdo! Para meu alivio a Iris completou o relato dizendo que a mãe Rubia havia deixado o irmão menor Noah com uma amiga e partiu de carro para a cidade de Seabra a cerca de 50 km de distância, onde o Ian foi atendido no hospital e passou por uma cirurgia para colocar um pino no antebraço. Fiquei mais calmo, mas imediatamente me lembrei de um acidente com o Antonio ocorrido 38 anos atrás…

A história aparentemente havia se repetido, vejam:

No verão europeu de 1986 eu estava num trem rumo à Bienal de Veneza, quando no meio do caminho parei em Genova e liguei para a minha mãe Martha do orelhão, só para dar um alô rotineiro. Ela atendeu o telefone já suspirando, e o diálogo foi mais ou menos assim:
-Oi Mãe, tudo bem??
-Ah… Fernando…….
-Que foi? Aconteceu alguma coisa??!!
-Ah…. Fernando…. o Antonio………
-Fala Mãe!!!! Fala logo!!! O que aconteceu?!!!!!!!
-Ele levou um tiro.
-Aonde???
-Na mão.
-Que mão??
-Direita.
-Como? Ele está bem??!!
-Foi um assalto, mas agora já está tudo bem.
-Tô voltando.
Depois de três dias, passando por Milão e New York, cheguei ao aeroporto em São Paulo e fui recepcionado pelo Antonio com 7 anos de idade, muito lépido e com o gesso no braço direito já assinado pelos amigos.
O que havia ocorrido? O Antonio estava no banco de trás do Volkswagen Variant da mãe, voltando da escola com o motorista quando um assalto ao posto de gasolina da esquina da R. João Cachoeira x R. Dr. Alceu de Campos Rodrigues, no Itaim ocorreu justamente quando eles passavam por lá, uma bala perdida entrou pelo vidro traseiro do carro e atingiu o antebraço direito do menino, fraturando o osso.
Por sorte o motorista teve presença de espírito, e assim que percebeu o que havia ocorrido, virou a esquina e entrou no Hospital São Luís, ali do lado, e o Antonio foi prontamente atendido, sem maiores consequências.

Ao receber a notícia da queda do Ian e da cirurgia no braço, o Antonio, agora com 44 anos de idade e a 14.000 km de distância, resolveu abreviar sua estadia na Índia e voltou ao Brasil, iniciando a viagem de volta percorrendo 250 km de taxi para Delhi, depois duas horas no avião até Mumbai, depois 9 horas até Paris, mais 12 horas até São Paulo onde chegou exausto, dormiu e embarcou para Salvador no dia seguinte, tomando finalmente um ônibus para Palmeiras, onde chegou 8 horas depois, reencontrando o Ian já com gesso no braço esquerdo e voltando para casa no Vale do Capão, na linda Chapada Diamantina.


Meu filho Antonio.

é isso, por fernando stickel [ 15:25 ]

2 comentários

Márcio Kawahara

abril 3rd, 2024 at 18:41

Coincidências da vida!

fernando stickel

abril 4th, 2024 at 7:37

Pois é Marcio, Jung explica!

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