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homeopatia

garr
O meu relacionamento com a homeopatia foi interessante.
No final dos anos 70, entrei de cabeça em tratamento com um médico homeopata unicista, o que quer dizer mais ou menos que ele era um radical. Cheguei até a assistir palestras onde era ensinado como a Arnica pode salvar vidas!
Sua aparência era de um hippie sem nenhum estilo e seu consultório bem humilde, na R. Teodoro Sampaio, sobre sua mesa uma surrada bíblia do pai da homeopatia, Hahnemann. (1755-1843)
Vamos lá, em primeiro lugar o acerto:

Eu sofria de uma sinusite incurável, com permanentes dores e peso nos olhos e cabeça, algo bem desagradável.
Depois de horas na consulta, fazendo um milhão de perguntas sobre os meus hábitos de vida e características físicas, o médico (de cujo nome não me lembro) me explicou que iria me receitar dose única do MEU remédio, ou seja, o remédio é indicado para a pessoa, e não para a doença.
Me instruiu para dissolver o glóbulo – sim, um único glóbulo branco, menor que um grão de arroz, debaixo da língua.
Comprei o remédio na farmácia indicada por ele, que veio embalado em uma minúscula garrafinha de vidro, com uma rolha mais minúscula ainda.
Cuidadosamente escorreguei o glóbulo da garrafinha para minha boca, pois uma das instruções é que você não deve jamais tocar os remédios.
Cerca de meia hora depois da ingestão comecei a sentir que coisas se moviam dentro das minhas fossas nasais e seios da face, como se houvessem coisas se descolando, e logo depois de fato, eliminei grandes quantidades de catarro.
Acreditem se quiser, fiquei DEFINITIVAMENTE curado da sinusite!

Agora os fracassos:

1. Tive uma conjuntivite bastante forte nos dois olhos, ligava para o consultório do homeopata, a assistente fazia as perguntas de praxe:
– Como está a língua? Como está a sede? Está purgando?
– Tome isso, tome aquilo, o Doutor acha que está indo muito bem!
E a conjuntivite piorando, mal conseguia enxergar.
Liguei novamente, a resposta foi idêntica, a noite chegou, fui dormir, mas a essa altura a dor era terrível, os dois olhos pareciam cheios de areia, era um tal de lavar com água boricada a cada 5 minutos, e nada diminuia o meu sofrimento.
Passei a noite em claro, em agonia, logo cedo tentei o consultório, que não atendia, era impossível sair de casa porque a estas alturas não estava enxergando nada, liguei para a minha mãe que rápidamente chegou com um colírio, e logo em seguida meu sofrimento cessou.
Depois em consulta com o oculista ele me alertou que mais tempo de uma infecção assim grave pode gerar lesões definitivas nos olhos…

2. Era um feriado de semana santa, e eu com uma gripe que não sarava, novamente a rotina:
– Como está a língua? Como está a sede? Está purgando?
– Tome isso, tome aquilo, o Doutor acha que está indo muito bem!
E a gripe só piorando, finalmente perguntei para a assistente:
– Como que o doutor sabe se eu não estou com uma pneumonia?
E a assistente:
-Ah, pelos sintomas ele acha que não.
E eu tomando glóbulos e gotas e a gripe piorando, febre alta.
Na segunda-feira após o feriado fui ao meu antigo alopata clínico geral, ele me mandou ao consultório ao lado fazer uma chapa do pulmão, e o diagnóstico:
– Você está com uma enorme pneumonia!!! Dá-lhe doses cavalares de antibiótico e quase um mês de cama.

3. Minha filha Fernanda devia ter 3 ou 4 anos, e estava com dor de ouvido, novamente a rotina:
– Como está a língua? Como está a sede? Está purgando?
– Tome isso, tome aquilo, o Doutor acha que está indo muito bem!
O pus saía da orelhinha dela e o homeopata achando lindo de morrer!
Finalmente o tratamento alopático resolveu a questão, com a advertência:
-Não deixem jamais chegar a este ponto, pois existe alto risco de meningite!

Desnecessário dizer que desde então a homeopatia entra na minha vida e da minha família nas questões acessórias (Traumeel), jamais nas principais.
É certo também que o conceito homeopático de tratar o paciente e não a doença faz sentido, e bem ou mal eu o utilizo desde então.

é isso, por fernando stickel [ 17:59 ]

4 comentários

Ulisses Adirt

fevereiro 5th, 2010 at 13:02

Vi a indicação desse texto nos comentários blog do Milton Ribeiro. Na mesma postagem, havia a indicação de um vídeo q, queira ou não encaixa bem nas histórias: http://www.youtube.com/watch?v=gRxk-UuQUqc

Abraços.

fernando stickel

fevereiro 7th, 2010 at 10:40

Ulisses, excelente o vídeo, obrigado!

Fernando Tonon

fevereiro 10th, 2010 at 4:46

Olá Fernando,

Tudo bem?

Acompanho seu blog e tambem adoro carros.

Porém, não vamos nos consultar no oculista, e sim, encomendar lentes e óculos – consultas, somente com oftalmologistas.

😉

Abraços.

fernando stickel

fevereiro 13th, 2010 at 9:44

Xará, eu sou do tempo em que só existiam os “oculistas”, com consultório na R. Marconi, no centro da cidade de São Paulo. Oftalmologia é muita modernidade pro meu gosto…

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