Lembro-me perfeitamente bem, aos seis anos de idade, da inauguração do Parque do Ibirapuera em 1954, como parte das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo.
Neste cenário inquestionávelmente belo, que incluia a escultura símbolo, desaparecida há décadas, está surgindo uma coisa nova, horrorosa, fora de escala, agressiva.
Provávelmente foi ao executar o projeto deste monstrengo, chamado de auditório que Oscar Niemeyer lançou as bases da luxação do seu braço ocorrida esta semana.
Mão pesada, neste caso. O teatro que dona Martaxa tanto insistiu em fazer, comprando briga com o Ministério Público e etc… aí está, quase pronto, monstruoso. Gosto e admiro muitas obras do Niemeyer, mas daí a virar esta unanimidade nacional e só porque leva a ssinatura do O. N. ser considerada uma obra de arte vai enorme distância. Desculpe, mestre.
Fica a melancólica certeza de que a Prefeitura é sempre a primeira a cortar árvores e desrespeitar os cidadãos, das mais variadas maneiras, neste caso enfeiando desnecessáriamente a cidade.
2 comentários
Ana Maria
agosto 11th, 2004 at 18:46
Concordo com você. Não sou nenhuma especialista em arquitetura, mas, a meu ver, Niemeyer desenha prédios para livros de arte, e não para as pessoas que o utilizam. Basta ver o Memorial da América Latina, na Barra Funda: cinza, árido, sem uma única árvore para contar história. Não creio que cinza fosse a cor de que São Paulo mais precisava, a ponto de ser usada em 78.000 m2. Criou um espaço que repele e não incentiva a convivência, em uma cidade tão carente de espaços públicos. Se estiver errada, que me corrijam os conhecedores do assunto.
maria
agosto 12th, 2004 at 12:59
Pela primeira vez, concordo muitíssimo com você, com cada palavra.
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