
Na esquina das ruas José Maria Lisboa com Capitão Pinto Ferreira fica o “Edifício Poema”, simpático predinho de 6 andares, construído em 1954, ano do Quarto Centenário de São Paulo.
No segundo andar moravam meus avós paternos, Arthur e Erna. Vez por outra meus pais iam visitá-los comigo e meus irmãos. Nós os netos nos sentávamos educadamente na mesa para um lanche de biscoitos ou bolo com suco. Em uma das portas da garagem que dava para a rua morava o Dodge “Fluid Drive” 1946 do meu avô.
Quando meu avô faleceu em 1967, fui ao apartamento, ele estava deitado na cama, vestido para o funeral, com aquele pano amarrado na cabeça segurando a mandíbula. Fiquei chocado, acho que foi a primeira vez na vida que vi um cadáver, eu tinha 19 anos.
Me impressionou a ausência de sua monumental barriga, meu avô foi “forte” a vida toda, e lá estava ele magro e morto.
Acho que nunca mais voltei ao apartamento, pouco tempo depois minha avó faleceu.