Cerca de 1974, recém formado, eu trabalhava no escritório do arquiteto Salvador Candia no centro de São Paulo.
Alguém me contou sobre o escritório do arquiteto Ennes Silveira de Mello no Morumbi, dando conta que era moderníssimo!
Eu fiquei curioso, achei um jeito de ir conhecer, cheguei no endereço no final da tarde pilotando minha BMW R60 ano 1969 preta, fui recebido por Edla, mulher do arquiteto, que me encaminhou ao escritório embaixo da piscina, com grandes portas de vidro “Blindex” abrindo para o jardim.
Conversei com o Ennes, pedi de sopetão uma vaga de trabalho, ele concordou e decidi mudar de trabalho.
De fato, a casa/escritório do Ennes era impactante para um recém formado em arquitetura, o máximo com suas enormes vigas de madeira laminada “Laminarco”, uma novidade na época, piscina quase dentro da casa, muito charmosa.
Na data combinada cheguei para começar a trabalhar, me foi indicada uma prancheta, ao fundo do espaço era o lavabo, bem enfiado no terreno em baixo da casa, construida em terreno com forte declive.
Ao usar o banheiro um forte cheiro de mofo me atacou, a umidade era alta. A toalha do banheiro cheirava mal, aguentei aquilo por uns dois ou três dias, e depois sumi dali!
Simplesmente fuji! Não conseguiria jamais explicar que uma toalha fedida me impedia de trabalhar em um escritório charmozérrimo.
Agora, quarenta e um anos depois, posso pedir desculpas ao Ennes por ter sumido sem avisar…
Certas memórias antigas precisam de um catalisador para aflorarem, vejam no post acima o fato que provocou a lembrança.
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