Na foto, da esq. para a direita, Davenire, Baravelli e Magy no Espaço Fundação Stickel.
O crítico e curador italiano de Milão, Davenire Giardino, tem prestigiado todas as iniciativas culturais da Fundação Stickel, contribuindo com seu texto fino e sagaz, eis o que recebi dele em velocidade relâmpago, pois deve ter passado a noite em claro escrevendo:
Carissimo Fernando,
Congratulazione per questo nuovo show. Ho fatto una visita in un atimo de minuto e quanto sensibilità! La notte di verano a Sao Paulo era bellissima.
Adesso la critica. Auguri!
Suor, braço e sensibilidade.O trabalho com o braço, o suor fazem parte do processo criativo de Magy.
Uma atividade que exuda após anos e anos de estudo, visitando tudo, todos , com o olhar critico e curioso se informando e apreendendo. Exuda e se processa no catar, no recortar, no lixar, no montar, em passar a cera, em desenhar, olhar em torno . Depois de anos trabalhando para o mercado de consumo, Magy volta ao traço básico, à essência, ao alimento. Olha para dentro e neste olhar encontra o marceneiro, o desenhista, o soldador, o catador de lixo e a artista que dormia. As linhas de um menino e seu cachorro, um banco de jardim, um retrato. Na figura humana as proporções divinas. No recorte preciso, sua personalidade suiça. Magy encapsulada nas informações perfeitas rompe a estrutura da mesmice.
Um salto lógico. Na gnose de Upanixade e nos diálogos de Misargatta Maharaj conhecer a Si Mesmo significa descobrir em nós aquilo que já é nosso. E descobrir ainda que não há real diferença entre o ser em mim e a totalidade universal. Já a gnose budista dá um passo ulterior, um não retorno: nadifica também o si mesmo. O zero é a matriz do tudo e do nada, luz e treva.
Tomemos um símbolo; o espelho. Esse nos reflete idênticos invertidas as partes. O que está à direita se transpõe à esquerda e vice e versa. De modo que quem nos olha somos nós, mas não os nós que um outro vê. Restituindo-nos a nossa imagem invertida no eixo frente e costas o espelho produz um efeito que pode até aludir a um sortilégio: olha-nos de fora, mas é como se nos examinássemos por dentro, a nossa própria visão não nos é indiferente, intriga-nos e perturba-nos mais que qualquer outra pessoa. É o olhar devolvido. Magy nos devolve sua visão. Magy transformada.
Davenire Giardino
1 Comentário
Magy Imoberdorf
fevereiro 5th, 2006 at 10:51
Para Davenire Giardino,
que lindo , fiquei emocionada e achei tão bem escrit. Faz muito tempo não leio textos assim na imprensa, estariam as pessoas erradas na imprensa?. Davenire tem tantos talentos que eu só fico admirando.
Um abraço
Magy
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