Lembranças de Itapema, bairro de Vicente de Carvalho no Guarujá vieram à minha memória nestes dias de regata em Santos.
O Clube Internacional de Regatas fica em situação geográfica similar aos estaleiro que eu visitava com meu avô Arthur Stickel, ambos no canal de Santos, o clube mais perto da ponta da praia de Santos e do mar aberto, e o estaleiro mais perto do estuário e do porto, ambos em situação privilegiada para observar o movimento dos navios.
Era um dos programas que eu mais adorava fazer, acompanhar a construção do barco de pesca do meu avô. O transporte da casa na Praia do Guarujá até Itapema era sempre o mesmo, o Dodge 1946 “Fluid drive” preto, meu avô tinha uma barriga digamos assim, “sólida”, e ao entrar no carro o volume abdominal se encrencava com a direção, para facilitar a relação entre ambos, meu avô prendia uma flanela amarela na bermuda caqui, que servia para “azeitar” a relação barriga/direção.
Ao chegar próximo ao estaleiro, passávamos por ruas estreitas de terra, e as crianças que já conheciam aquele carro corriam ao lado gritando “Papai-Noel, Papai-Noel”!!!! pois meu avô tinha um cavanhaque branco, era gordo, portanto era o próprio…
No centro do estaleiro, rodeado de pedaços de madeira de todos os tipos ficava o barco em construção, a cada visita eu compreendia melhor como a coisa crescia, a estrutura principal da quilha, depois as cavernas, o berço do motor, o casco.
Finalmente as peças que mais me excitavam, a abertura da caixa de madeira que trouxe o motor diesel monocilíndrico diesel Skandia da Suécia, o enorme tanque de combustível de mais de 100 litros de diesel, o leme, as ferragens, a âncora…
Muitos anos depois o barco foi vendido para um amigo, Edu Prado, que reformou-o e colocou uma “cabine”.
1 Comentário
Roberto Campana
setembro 11th, 2011 at 15:06
Olá Fernando!;é ótimo/maravilhoso relembrar o
passado!,e ao mesmo tempo frustante,não sei se esse termo cabe aqui!ao saber que Tudo!.faz parte
do passado,que não retorna mais…,pelo menos em
nossa dimensão atual,na qual vivemos/estamos no
momento..;Esses “flashbacks” que temos às vezes,
tem um motivo,que desconhecemos aparentemente,mas
que alguns poucos sabem,ou pelo menos chegam perto
da verdade!Grande abraço.
Roberto Campana.
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