
Arthur, meu filho caçula me mostrou que o mundo mudou. Quando ele era pequeno, digamos 4 ou 5 anos de idade, tentei ensiná-lo a andar de bicicleta, sem sucesso.
Minha experiência com meus dois filhos mais velhos, Fernanda e Antonio de nada valeu, o Arthur não queria saber da bicicleta, assim como não queria saber da maioria dos esportes e atividades físicas, para minha frustração.
Seu talento desde cedo se voltou para a escrita (foi o primeiro da classe a escrever) e a leitura, e logo em seguida para os vídeo-games. Aprendeu inglês sozinho, a partir dos games…
Em 2007, quando ele tinha 12 anos voltamos a tocar na importância de saber andar de bicicleta, ainda mais em um planeta onde as questões ecológicas e de qualidade de vida entraram definitivamente no nosso dia-a-dia. Em 2006 ele foi à Suécia pelo CISV e viu um país altamente civilizado, com consciência ecológica, cheio de bicicletas, e o assunto foi ficando mais próximo.
Depois de muitas conversas ele acabou decidindo firmemente que queria aprender, e eu assumi com ele o compromisso de ensiná-lo a andar de bicicleta. Fomos ao Parque do Ibirapuera e alugamos uma bicicleta na medida dele no Maisena e fizemos três sessões de cerca de 1 hora cada, em três domingos sucessivos. Nos três dias acordamos cedo para estar no Parque do Ibirapuera na hora da abertura do aluguel das bikes, 9:30h. Não foi fácil, houveram momentos de tensão e quase desistência, até choro, mas juntos chegamos lá! No dia 1 Abril 2007 por volta das 11:00h Arthur andou de bicicleta!

Ele ficou exultante, e eu também. Missão cumprida!!
Se você parar de aprender, você para de viver.
Na sequência acompanhei com um misto de perplexidade, e curiosidade sua adolescência e seu amadurecimento sem o menor interesse pelos carros e pelas máquinas, em flagrante oposição ao pai… Quando completou 18 anos lhe ofereci um carro, como havia feito com os irmãos mais velhos, mas ele declinou.
Ele vive perfeitamente bem sem possuir um carro, anda a pé, de ônibus, metrô, bicicleta, Uber, carona, etc… Assim como ele uma enorme quantidade de jovens também desencanaram do ícone carro.
E, cá entre nós, está cada dia mais chato dirigir, seja nas cidades cheias de buracos e radares, seja nas rodovias com lombadas e mais radares…
Os bons tempos de guiar uma bela máquina sem pensar em multas ficaram definitivamente para trás.