Meu irmão Roberto (Neco Stickel) escreve para nosso amigo Edu Prado, cujo falecido pai, Edu(zão) Prado alugava nos meses de Julho a nossa casa no Guarujá:
“Me lembro perfeitamente do seu pai na nossa casa no Guarujá atirando bumerangues na praia. Imagem inesquecível, e pensando hoje, extremamente perigosa, porque ele jogava ao lado de um monte de crianças e pegava de volta no meio das crianças. Acho que ele foi a única pessoa que eu vi na vida pegando de volta um bumerangue pesado, profissional. Não sei como ele fazia isto. Acho que vocês foram mais de uma vez para a nossa casa no Guarujá.
Os bumerangues ficavam pendurados na parede atrás da mesa do jantar. Voce sabe, lógico, do acidente do meu irmão com o bumerangue. Você não sabe que depois que o bumerangue acertou o supercílio dele, ele continuou girando e acertou o meu pé também. Fez um corte pequeno, mas cortou. Foi um drama total porque tivemos que acordar meu pai que tinha proibido o Fernando de brincar com o bumerangue.
Abraço,
Neco”
E eu completo:
A atração por aquele objeto de madeira, grande e pesado que devia ter cerca de 40 cm. de ponta a ponta, que meu pai contava que voltava para a sua mão após ser arremessado, não tinha limite.
Fui devidamente instruido, no primeiro dia das férias de verão, a NÃO TOCAR no bumerangue!
Desnecessário dizer que no dia seguinte, cedíssimo, lá fui eu para a praia, joguei o toço com força em direção ao mar, o troço subiu, subiu, subiu e começou a descer com incrível precisão na minha direção, me afastei andando para trás, mas fui atingido em cheio no supercílio, meu óculos voou longe, o sangue correu, e aí iniciou-se o drama: Contar ou não para meus pais, que dormiam.
O sangue era tanto que resolvemos acordá-los.
Me levaram ao Pronto Socorro, a anestesia não pegou, lembro com clareza de uma espécie de alicate onde o médico inseria a agulha para costurar, pois é um lugar muito duro. Só com o alicate é que a agulha atravessava, e foi tudo mais ou menos a frio…