A família Ramenzoni era vizinha de frente da casa dos meus pais na Rua dos Franceses, bairro da Bela Vista.
Os filhos, Lamberto, Dante, Virgilio e Lucia são todos mais velhos do que eu, de vez em quando eles me convidavam a entrar e aí eu me deliciava em universos novos, como as armas de fogo ou os carros e lanchas potentes. Lembro-me bem de uma pick-up com motor de Corvette…
No início dos anos sessenta, adolescente, eu ia de ônibus às aulas de dança da Madame Poços Leitão e na volta para casa, cerca de 23:00h fisgava umas cenas do namoro da Lucia Ramenzoni com o Paulo Francini, no portão. Achava aquilo muito excitante!
Hoje a Lucia continua minha vizinha de bairro na Vila Olímpia, com estúdio na R. Fiandeiras.
13 de outubro de 2003
é isso, por fernando stickel [ 14:40 ]
12 de outubro de 2003
Fomos ao teatro ver “Vestir o pai”, com Karin Rodrigues dirigida por Paulo Autran. Hilário, excelente!
Saindo, fomos jantar no La Tartine, vizinho do Mestiço e muito gostoso, sempre com lugar, ao contrário do Mestiço, sempre lotado.
Nas mesas ao lado desenrolam-se conversas que nos chamam a atenção.
Ele alto, forte, 45 anos, grisalho nas têmporas, cara de serial killer, prolixo, voz alta e pausada, ela, mignon, gostosinha, parda, sorriso semi-cretino nos lábios, excelente ouvinte.
Atrás de nós outro casal curioso, ele jovem gatão gringo de mãos bonitas e costas largas, na segunda caipirinha tripla, ela mulata esguia, cabelos anelados, insinuosa e sorridente, no segundo balde de dry-martini.
Depois conto mais, anotamos tudo…Estas histórias poderão se chamar “Amor aos pedaços” ou “O tarado de Itanhaém”…
é isso, por fernando stickel [ 2:53 ]
11 de outubro de 2003
O poder de atração de São Paulo: O que será?
As minhas visitas de sábado ao moldureiro tem sido muito interessantes, e muitas delas, como hoje, com chuva.
Na ida, ainda intoxicado pela beleza de Buenos Aires, me perguntava o que nos fascina em São Paulo, e fui fotografando trechos banais da cidade, para depois tentar achar alguma pista do magnetismo paulistano.
Após os assuntos moldurísticos parei no Centro Universitário Maria Antonia, e aí visitando a exposição do artista argentino Marcelo Brodsky, me veio a idéia de fotografar lugares hoje banais, mas que já carregaram, e de certa forma ainda carregam parte significativa de nossa história.
Por exemplo, nesta hoje inofensiva calçada defronte à sede do 2º Exército no Ibirapuera quase fui preso em 1969. Voltava eu tranquilo para casa em meu fusquinha, lá pelas 11 da noite e entrei na área do exército a uns 60 km/h sem me dar conta do perigo que corria.
Quando percebi, um batalhão de milicos avançava na minha direção, armas e lanternas em riste, me obrigando a parar. Me retiraram do carro, me revistaram, revistaram o carro minuciosamente, e enquanto isso faziam piadinhas a meu respeito, me provocando, eu, gelado, com as mãos em cima do carro nem olhava para os lados. Depois de uma aflita meia hora me liberaram.
Nesta esquina da R. Tutóia, um amigo meu que serviu na PE, lotado no DOI CODI ficou inúmeras vezes nesta guarita, enquanto lá dentro ocorreram coisas que hoje sabemos, mas que ele até hoje se recusa, compreensivelmente, a comentar.
é isso, por fernando stickel [ 14:02 ]
10 de outubro de 2003
Descobertos novos anjos, todos os nomes terminam com o sufixo “el”, que significa Deus.
Samuel: Anjo protetor da poupança.
Motel: Anjo protetor dos amantes.
Sarapatel: Anjo protetor do Engov e dos anti-ácidos em geral.
Abravanel: Anjo que protege quem topa tudo por dinheiro. Só aparece aos domingos.
Aluguel: Anjo mau. Impede a pessoa de conseguir sua casa própria.
Chanel: Anjo protetor dos costureiros, perfumistas e estilistas.
Pastel: Anjo protetor dos endocrinologistas.
Tonel: Anjo protetor dos alcoólatras anônimos e bêbados em geral.
Babel: Anjo protetor das escolas de línguas.
Manuel: Anjo de português.
Papel: Anjo protetor daqueles com desarranjo intestinal.
Anatel: Anjo que como qualquer outro órgão do governo não serve para nada.
Pinel: Anjo travesso. Estimula loucos em geral.
Papai Noel: Anjo gastão, protetor dos comerciantes. Só aparece no fim de ano.
Gel: Anjo protetor dos cabeleireiros.
é isso, por fernando stickel [ 23:34 ]
10 de outubro de 2003
Sexta-feira, 23h, chove em São Paulo.
A zorra total em que se transforma a Vila Olímpia nos fins de semana está um pouco reduzida, graças à chuva.
Abriu mais uma casa noturna aqui na R. Nova Cidade, grande, feia, mal acabada, iluminada em tons de roxo, um exército de valets para o infernal parking, e descaso total para com os vizinhos.
É a total falta de CIVILIDADE, EDUCAÇÃO, RESPEITO. Que pena que o tal do progresso tenha que trazer consigo, ao menos nestes locais do quinto mundo, esta gentalha que buzina de madrugada, mija na tua porta, grita, compra e consome drogas, quebra garrafas e com infernal regularidade se destrói nos postes e uns contra os outros.
é isso, por fernando stickel [ 23:17 ]
10 de outubro de 2003
é isso, por fernando stickel [ 15:04 ]
10 de outubro de 2003
Graciliano Ramos, em entrevista concedida em 1948, sobre o ofício do escritor:
“Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício.
Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.”
é isso, por fernando stickel [ 13:04 ]
9 de outubro de 2003
Recebi esta deliciosa mensagem de aniversário:
Fernando,
Que seu novo ano seja assim, bem ensolarado!
Tereza
é isso, por fernando stickel [ 10:26 ]
2 de outubro de 2003
Estúdio, quarta-feira à tarde.
é isso, por fernando stickel [ 0:47 ]
2 de outubro de 2003
Quarta-feira é dia do meu filho Arthur jantar e dormir comigo, só que hoje ele foi, feliz da vida, para o acampamento da escola. Mesmo assim acendi o abat-jour de foguete que ele adora.
é isso, por fernando stickel [ 0:15 ]
30 de setembro de 2003
A gente vê cada uma…
Tomando café na padaria da esquina, ao meu lado de pé no balcão um cara de pelo menos 120 kg.
Pede uma calabreza com queijo, ao chegar o sanduiche ele o abre e começa a catar e retirar as gordurinhas com a ponta do garfo, após a limpeza ele manda tudo com uma cocacola. Saúde é isso!
é isso, por fernando stickel [ 19:13 ]
29 de setembro de 2003
Andei curtindo uns LPs antigos, sim, as queridas bolachas.
Basta lavá-los com água e sabão neutro, secar com uma toalha macia, e se o LP não sofreu muitos desaforos vida afora, o som é perfeito.
Agora, tem umas coisas chatas de doer, os entendidos de música clássica que me corrijam, mas a sinfonia de Mahler que escutei hoje à tarde, pelamordedeus…
é isso, por fernando stickel [ 19:56 ]
27 de setembro de 2003
Exposição do Guto Lacaz, 30 de Setembro às 20:00 h, na Val de Almeida Junior, R. Artur de Azevedo 613.
Copiado do Dudi:
Essa ilustração do Guto me lembrou uma aula em que o Fajardo, explicando a arte para os alunos, pegou uma caixa de fósforo, tirou um palito e disse – esse é o artista, a caixa com os palitos dentro é o público e riscou o fósforo na lixa que seria o trabalho. O palito incendiou, e ele revelando , falou – a arte é assim!
é isso, por fernando stickel [ 21:12 ]
27 de setembro de 2003
Nosso amigo Danilo Amarar voltou à “capitar” e agora foca sua aguçada visão sobre nossas coisas. Seu último post, O MST e a Semente da Ignorância, é leitura obrigatória.
é isso, por fernando stickel [ 0:06 ]
26 de setembro de 2003
Consegui hoje, depois de muito adiar, organizar, fazer back-up, queimar Cds, enfim, colocar em ordem cerca de 3600 fotos, a grande maioria tirada com a nova câmera Sony digital de Fevereiro para cá.
Não quis simplesmente jogar fora, pela simples razão que gosto delas, são importantes, muitas trazem um fortíssimo componente emocional/sentimental, como é o caso das fotos do meu pai no hospital, pós cirurgia, as eternas fotos dos filhos, que amo perdidamente, ou ainda as fotos do processo de trabalho.