Sou péssimo para escutar conversa da mesa vizinha, não sei disfarçar, acho que sou meio surdo, enfim, espionar não é o meu forte.
Hoje cedo, como faço pelo menos umas duas vezes por semana fui caminhar no Parque do Ibirapuera, e como tenho entrado pelo portão do Viveiro Manequinho Lopes encontro sempre um fulano sentado no mesmo banco, com jornais, lendo e falando sozinho.
Óbviamente fico constrangido de fotografá-lo, mas hoje não resisti, disfarcei, fiz uma panorâmica com o celular e incluí a figura no canto esquerdo da foto.
Em seguida, motivado pela curiosidade despertada pelo tipo estranho, comecei a prestar atenção nas conversas das pessoas que passavam por mim, ao vivo ou no celular.
Olha só os fragmentos de conversa que captei:
É remédio caseiro
Mas vocês chegaram bem?
Dobra as laterais
Ford Focus
Não quero mais
O CNJ comete erros homéricos!
Tiraram as placas
É a cobrar, né
Não, não
Você lembra que o seu pai parcelava?
Vai no parcama ou no chiqueparque
É aquela que fez duas, né?
É muito interessante. Os dois que conversavam sobre o CNJ, por exemplo, um já ia dizendo que tinha um cliente e… aí já não ouvi mais. Lembrei do filme The Conversation, com o Gene Hackman, direção do Coppola.
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