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bienal do vazio


O PROTESTO DAS ARTES – 07/12/2008

AONDE HOUVER UM ARTISTA, NÃO EXISTIRÁ UM VAZIO!
Texto -Ana Maria Lisbôa Mortari

A iluminada manhã de primavera brindou os paulistanos que visitaram o Parque do Ibirapuera neste primeiro sábado de dezembro.
Apesar de nossa querida São Paulo haver se transformado numa das maiores metrópoles do mundo, a beleza e extensão deste parque, que alguns de nós viu nascer durante as comemorações do quarto centenário desta cidade, nos faz pensar que aqui só existem flores e belos jardins…
Mas, nem sempre tudo são flores…
Foi o que pudemos constatar neste ano com as ocorrências que antecederam e precederam a inauguração desta malfadada “28ª Bienal do vazio!”
Sim, o titulo é com letra minúscula porque vazio é nada.
– O que será que isso quer dizer? Onde está o vazio? Que vazio é esse?
– Vazio para mim e apoiada pelo Aurélio, significa:
“Que não contém nada, ou só contem ar; desocupado; despovoado; desabitado; frívolo, fútil; pessoa vazia; falto ou destituído de inteligência; cabeça vazia; pensamentos vazios;”
Portanto nenhum destes significados pode ser encaixado como símbolo ou título de uma Bienal de Arte.
Achei tudo isso tão grotesco, que pela primeira vez não fui ao evento, pois não tenho tempo a perder para ver o nada, executado por pessoas vazias, de cabeças e pensamentos vazios.
OH! Por favor, não desejo magoar ninguém em especial porque, essas frases são do Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, da Academia Brasileira de Letras e Filologia…
Com esse espírito fui convidada por um grupo de artistas liderado por Antonio Peticov, para uma manifestação puramente intelectual em frente ‘a Bienal, hoje ás 10:00 hs, onde estava sendo organizada uma grande festa carnavalesca para o encerramento do “Circo do Vazio”, logo mais tarde.
Nós artistas plásticos estivemos lá.
A curadoria e a presidência da Bienal, embora convidadas não compareceram à nossa pacifica manifestação contra a desrespeitosa citação de “Vazio na Arte”, apoiada pela Uol, VIVASP, Blog do Mario Lopomo, Grupo São Paulo Minha Cidade, Radio Eldorado, GNT, Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, Agencia de Notícias da Internet, entre outras, mas, nós entendemos… Afinal tratava-se de uma manifestação intelectual, de intelectuais, estudiosos e profissionais da arte paulista.
Num momento em que lamentamos profundamente o fechamento de grandes e honradas galerias, a ausência de competentes marchands que desistiram ou saíram do mercado, dos grandes colecionadores e apreciadores que apoiavam os artistas em suas exposições e leilões de arte, dos clientes de arte que a crise os afastou do mercado que tanto apreciam e conhecem… É lamentável assistirmos alguém que ocupa uma posição de comando num espaço público que pertence ao povo como é o saguão da Bienal e outros do Ibirapuera, dedicar uma Bienal – outra aberração visto bienal significar dois anos – com todo aquele espaço homenageando o que carregam em suas cabeças: NADA!
Tantos artistas sem conseguirem locais para expor suas obras, ou sem capacidade financeira para custear exposição em galerias, para assistirmos a essa “Apoteose do NADA”?
É um assinante ‘a classe artística.
É um desrespeito a nós como profissionais da arte.
Alias, acredito que esse tipo de presidência e curadoria deveria ter pessoas do meio artístico, para garantir a sensibilidade e a criatividade para organizar Bienais como já existiram no passado, e não acontecer mais outra em homenagem ao NADA, onde para acontecer algo, precisaram mandar prender alguém que incomodado quis colocar algo lá dentro…
Como diria Lair Ribeiro o filósofo das massas: “O pior incompetente é aquele que não tem competência para perceber o quanto é incompetente!”
Por essas e outras que após mais de 35 anos de carreira, de lecionar, de exposições nacionais e internacionais, de inúmeras premiações e comendas, de haver pintado entre outros trabalhos um altar mor de 42 metros quadrados, uma Via Sacra em Minas Gerais, um cenário, vários painéis e inúmeros quadros, me sinto desanimada frente ‘a carreira, ao mercado atual, despojada de forças para pintar com o ímpeto e a criatividade que pulsam dentro de mim, ao ver pessoas em posições chave, nada fazerem para levarem a arte, a cultura e o conhecimento para a sociedade brasileira.
Disse, digo e não canso de repetir: “A Arte nunca foi vazia. Nem na época da guerra mundial ela deixou de existir, mas se transformou num registro das ocorrências como em todos os tempos da história mundial”.
Assim termino meu texto com o título: “AONDE HOUVER UM ARTISTA, NÃO EXISTIRÁ UM VAZIO”!

O artigo completo pode ser visto aqui.

é isso, por fernando stickel [ 11:45 ]

3 comentários

fernando zanforlin

dezembro 10th, 2008 at 10:38

Legal a iniciativa da artista de se manifestar….
Mas, ficar e estar desanimada, com essa porcariazinha, então garota, a senhora é fraca, junte-se a eles, assim não precisará fazer mais nada , o nada já foi e está feito. Se quiser vender seus equipamentos de artista, por um preço bom eu compro.. Eu estou firme.
?ßs?

Josiane

janeiro 8th, 2009 at 0:30

Entrei na internet hoje, já muito cansada, com o intuito de ler alguma crítica sobre o vazio na Bienal, pois já fazia muito tempo que gostaria de saber o que os artistas pensaram à respeito.
A primeira crítica que li foi a sua, não minto, não era o que eu esperava, porém lhe compreendi.
Realmente o encontro com o vazio é angustiante, aceitar que somos, por condição de existência, seres possuidores de um vazio abismal realmente não é fácil de aceitar, queremos é claro preenche-lo de alguma forma, com alguma forma, com alguma cor, alguma, alguma, alguma….mas o fato é que não existe aquilo que nos complete por inteiro, sempre haverá um vazio, um nada, uma fenda, uma falta que nos impulsionará a desejar, a desejar criar outra e outra forma, cor, arte…enfim…apenas na morte (e digo isso enquanto não conhecedora dos mistérios existentes após a morte)é cessado o vazio, uma vez que o próprio vazio já não existe mais, findou-se no próprio vácuo do universo…nos buracos negros quem sabe!
O vazio portanto não é especificamente arte mesmo, pode ser qualquer coisa!

Josiane

janeiro 8th, 2009 at 0:32

O vazio portanto não é especificadamente arte mesmo, pode ser qualquer coisa, até arte!

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