Na foto, Luis Paulo Baravelli e Davenire Giardino.
A propósito da exposição do Baravelli no Espaço Fundação Stickel, recebi do famoso crítico italiano, de Milão, Davenire Giardino a seguinte carta (expressa):
Caríssimo Fernando,
Oppure stanco del viaggio ( Italia eh proprio lontana) non potevo mai dimenticar il grande amicco Baravelli. Adesso la critica.
Bacci,
Davenire
Baravelli: Uma exposição a ser vista.
A quietude simplifica.
Baravelli está quieto. Volta ao traço básico, à essência, à figura sentada, ao alimento. Olha para dentro e neste olhar encontra a linha e a ordem. Na figura de fundo as linhas de um papel quadriculado, a base da ordem, da simetria. Na figura humana as proporções divinas. No recorte preciso a quebra da estrutura. Baravelli, um homem encapsulado nas formas perfeitas rompe a estrutura da mesmice.
Um salto lógico. Na gnose de Upanixade e nos diálogos de Misargatta Maharaj conhecer a Si Mesmo significa descobrir em nós aquilo que já é nosso. E descobrir ainda que não há real diferença entre o ser em mim e a totalidade universal. Já a gnose tibetana dá um passo ulterior, um não retorno: nadifica também o si mesmo. O zero é a matriz do tudo e do nada, luz e treva.
Tomemos um símbolo; o espelho. Esse nos reflete idênticos invertidas as partes. O que está à direita se transpõe à esquerda e vice e versa. De modo que quem nos olha somos nós, mas não os nós que um outro vê. Restituindo-nos a nossa imagem invertida no eixo frente e costas o espelho produz um efeito que pode até aludir a um sortilégio: olha-nos de fora, mas é como se nos examinássemos por dentro, a nossa própria visão não nos é indiferente, intriga-nos e perturba-nos mais que qualquer outra pessoa. É o olhar devolvido. Baravelli nos devolve esta visão. Ilusão ou arte?
Davenire Giardino
1 Comentário
Rose
outubro 20th, 2005 at 21:52
Belas palavras Giardino!
Te aguardo um dia ,em minha casa,para saborearmos as belas cerejas de Castelnuovo,Barga.
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