ERNESTO DIEDERICHSEN – Um visionário
Meu avô Ernesto Diederichsen (1878-1949) e sua esposa Maria Elisa Arens Diederichsen (Lili)(1883-1973) chegaram à cidade serrana de Campos do Jordão, SP em 1936. Encantados com o cenário, compram grandes glebas de terra e iniciam a construção da residência de veraneio da família, concluída em 1941, na sequência empreendem em sociedade com o genro Luiz Dumont Villares o Hotel Toriba, concluído em 1943.
A vivência em Campos do Jordão os colocou em contato com a situação de pobreza e más condições de saúde em que viviam moradores e ocupantes dos sanatórios existentes na região. Sensibilizados com a situação, Ernesto e Lili iniciam um trabalho filantrópico assistencialista, e criam em 1946 o Grêmio Bernardo Diederichsen. Com gestão do Reverendo Oswaldo Alves o Grêmio atendia famílias e crianças carentes que chegavam à cidade para acompanhar o tratamento de tuberculose de parentes internados, incluindo distribuição de remédios, alimentos, agasalhos e realização de tratamentos médicos.
Após o falecimento de Ernesto, em 1949, as obras assistenciais foram assumidas por sua filha Martha Diederichsen Stickel junto ao seu marido Erico João Siriuba Stickel (1920-2004), meus pais. Em 1954 este trabalho assistencial se transformou, na Fundação Beneficente Martha e Erico Stickel, hoje Fundação Stickel.
Industrial e empresário, Ernesto estava à frente de seu tempo, pois tinha sua atenção voltada para o bem estar de todos os empregados de suas indústrias, criando muito antes que as leis o obrigassem, creche, ambulatório, gabinete médico, escola primária, cinema e biblioteca em suas empresas.
O Sítio das Figueiras ficava às margens da represa Billings e abrigava a casa de veraneio da família, inserida em meio a gigantescas figueiras, daí o nome do sítio. A estrutura de lazer da casa incluía quadras de esporte e um enorme escorregador, alguns barcos também ficavam disponíveis para brincadeiras aquáticas.
A cerca de 400 metros da casa ficava a Colônia de Férias dos funcionários do grupo empresarial Diederichsen, que incluía indústrias têxteis, comércio de café, adubos e forragens, óleos vegetais hotel e outras atividades. A Colônia de Férias era ampla, com acomodações para para os funcionários, salões de eventos, cozinha, restaurante, etc…
Anos mais tarde, o Sítio das Figueiras se transformou no SESC Interlagos.
Quando conheci a Argos Industrial nos anos 70 fiquei fascinado pela marca da empresa, criada pelo designer Alexandre Wollner (1928-2018),considerado o pai do design moderno no Brasil.
4 comentários
Lisandra
setembro 4th, 2023 at 10:25
Bom dia Fernando,
é sempre uma satisfação ver as informações de seu site, mas como sou jundiaiense, tenho especial prazer em ler as reminiscências referentes à minha cidade que você posta às vezes.
Informo que seu avô dá nome a uma rua aqui em Jundiaí…tem um link para a lei de denominação no final do meu comentário.
Com relação à creche da Argos, tenho ainda a acrescentar que durante minha infância (anos 70-80) era possível ver também que havia um bicicletário, coisa curiosa para a época…
Já sobre o Hotel Toriba, também íamos para Campos do Jordão nessa época e, embora não nos hospedássemos nele (ficávamos nos pensionatos das freiras “Casa Bethânia” ou “São José”), fazia parte do roteiro de férias passear no Toriba, no Vila Inglesa e no Leão da Montanha e todas essas influências estéticas ainda povoam minha mente……
Seguem links da prefeitura sobre a Creche da Argos nos últimos anos…que continua cumprindo seu papel na educação das crianças da cidade!
https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2015/11/18/creche-da-argos-comemora-70-anos-em-evento-marcado-por-emocao/
https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2019/11/21/emeb-recebe-certificado-programa-escola-do-bem/
https://www.conhecerparacuidar.com.br/patrimonios/centro-internacional-de-estudos-memorias-e-pesquisas-da-infancia/
https://sapl.jundiai.sp.leg.br/pysc/download_norma_pysc?cod_norma=814&texto_original=1
Obrigada!
fernando stickel
setembro 4th, 2023 at 22:57
Que máximo Lisandra! Obrigado!!!
vitoria yolanda
novembro 4th, 2024 at 11:24
Sou moradora da Rua Ernesto Diederichsen, o nome do seu avô é impronunciável nessa pacata vila do interior do estado, e fiquei curiosa para saber quem era esse homem?? A rua aqui acabou virando apenas “rua ernesto” na boca do povo, ninguém sabe falar ninguém sabe quem é (agora eu sei, um pouco), viva bem com sua herança e nós estamos sobrevivendo por aqui. um abraço.
fernando stickel
novembro 10th, 2024 at 23:26
Oi Vitoria, um pouco da história do meu avô você encontra aqui mesmo no blog! Obrigado pela visita!
Deixe seu comentário